Nova variante da Covid e queda da imunidade: saiba por que reforço da vacina bivalente é recomendado

Idosos e pessoas imunocomprometidos acima de 12 anos que tenham recebido a última dose da vacina há mais de 6 meses devem receber uma nova aplicação da bivalente

Escrito por Thatiany Nascimento ,
vacina em tubo  injeção
Legenda: A recomendação do Ministério da Saúde vem no momento em que alguns fatores demandam atenção da pasta, tais como: a identificação da variante BA.2.86 no Brasil e as sublinhagens
Foto: José Leomar

O aumento expressivo de casos de Covid-19 no Ceará, registrado a partir da segunda quinzena de novembro, com a detecção da circulação da sublinhagem JN.1 da variante BA.2.86. do vírus SARS-CoV-2, além de gerar uma nova campanha de vacinação no Estado, fez também o Ministério da Saúde orientar, em um nota técnica publicada na terça-feira (5), a aplicação no país inteiro da 2ª dose de reforço da vacina bivalente - desenvolvida para proteger contra a variante Ômicron - para idosos e pessoas imunocomprometidos acima de 12 anos que tenham recebido a última dose da vacina há mais de 6 meses. Mas, por que é preciso reforçar essa imunização nesse público específico?

A recomendação do Ministério da Saúde vem no momento em que alguns fatores demandam atenção da pasta, tais como: a identificação da variante BA.2.86 no Brasil e as sublinhagens, a partir de 21 de novembro de 2023, em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Ceará; e um possível início de crescimento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por covid-19 na faixa etária de 65 anos ou mais no Ceará, no Espírito Santo e em Pernambuco.

vacina em tubo  injeção
Legenda: A recomendação do Ministério da Saúde vem no momento em que alguns fatores demandam atenção da pasta, tais como: a identificação da variante BA.2.86 no Brasil e as sublinhagens
Foto: José Leomar

Esses são elementos que impulsionam a decisão, mas ainda existe outro motivo para a recomendação do reforço neste momento para essa população: a queda da imunidade contra a doença depois de alguns meses. O secretário executivo de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), o médico epidemiologisa Antonio Silva Lima Neto (Tanta), explica que a modificação no esquema vacinal leva em conta essa “probabilidade de decaída natural da imunidade, nessa faixa etária, após seis meses do primeiro impulso com esse tipo de vacina”. 

“Por essa razão, associado ao um aumento de casos por novas variantes, o Ministério achou que fazer esse reforço seria importante para essa faixa etária, que normalmente, tem um risco maior de eventual complicação”, acrescenta. 

Tanta disse também que a orientação do Ministério da Saúde chega no momento em que o Ceará, na semana passada, isolou pela 1ª vez no Brasil em larga escala a JN.1, uma subvariante que tem crescido em diversos países. 

“No início de novembro mudou o padrão. Estávamos com uma transmissão em baixa. Tinha dias que a gente praticamente não tinha nem positividade. Nosso sequenciamento genômico, que é quinzenal, para monitoramento de novas variantes, que a gente chama de vigilância genômica, muitas vezes nem tinha amostra suficiente. Mas a partir de novembro a gente começou a perceber um crescimento inicialmente lentificado e depois muito veloz”. 

Quem deve tomar a dose de reforço da bivalente: 

  • Idosos; 

  • Transplantados;

  • Pessoas vivendo com HIV;

  • Portadores de doença renal crônica em hemodiálise e;

  • Pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses.

Mas vale destacar que para tomar a dose de reforço da bivalente no atual momento é preciso ter recebido a última dose da bivalente há mais de 6 meses.

As vacinas estão disponíveis nas unidades básicas de saúde de cada cidade. Em Fortaleza, há disponibilidade da bivalente nos 118 postos de saúde. 

Impactos na assistência

A recomendação do Ministério da Saúde faz referência a uma recente publicação Organização Mundial da Saúde (OMS), de 21 de novembro de 2023, na qual a variante BA.2.86 e suas sublinhagens (incluindo JN.1 encontrada no Ceará) é classificada como variante de interesse (VOI), considerando o número elevado de mutações identificadas na proteína Spike. No documento a OMS diz que o número de casos identificados com essa variante tem aumentado lentamente em 47 países em todo o mundo. 

Segundo as evidências disponíveis, a OMS diz que o risco para a saúde pública global representado pela BA.2.86 é atualmente avaliado como baixo. Mas, embora tenha crescimento lento em outros países, no Brasil, especificamente no Ceará, informa o Ministério da Saúde “observa-se um aumento expressivo de casos de covid-19”.

Mas, felizmente, ressalta Tanta, até o momento, não há uma repercussão assistencial, ou seja, não há intensificação de internação e óbitos causadas pela Covid. “Desse ponto de vista, é muito diferente de ondas epidêmicas anteriores, que a gente já tem uma população que tem uma imunidade induzida pela vacina bastante razoável, mas que de fato, por se tratar de uma nova variante é momento de estimular a vacinação.  

Outro ponto destacado é a vacinação infantil. Segundo Tanta, há um apelo aos pais para realizarem a imunização. “Se você tem um segmento que é muito mais protegido do que outro, evidentemente, os casos vão se concentrar nessa faixa etária. E, de fato, temos 70% da população infantil, de 1 a 4 anos completamente descoberta de vacina contra a Covid”. 

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