Médicos denunciam infestação de pulgas e carrapatos na UPA do Canindezinho

Profissionais apresentam urticárias e alergias, além de pacientes serem prejudicados por conta do ambiente infestado

Escrito por Carol Melo e Matheus Facundo ,
Lesões e alergias em peles de profissionais da UPA Canindezinho após infestação de pulgas
Legenda: Funcionários da unidade de saúde estão apresentando lesões após a infestação
Foto: Arquivo pessoal

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Canindezinho, em Fortaleza, tem sofrido com uma infestação de pulgas e carrapatos que estão causando alergias e urticárias em médicos, enfermeiros e profissionais que trabalham no local. Segundo o relato de uma médica, o problema aconteceu pela primeira vez há cerca de três anos, e se repetiu algumas vezes. 

Na semana passada, os profissionais começaram a notar novamente pulgas na sala de repouso, e receberam relatos que os percevejos chegaram a consultórios, copa e até na área de espera de pacientes, local onde também foram encontrados carrapatos. 

O que diz a administração?

Em nota nesta terça-feira (29), o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), responsável pela administração da UPA do Canindezinho, informa que as dedetizações de rotina no local "eram suficientes". 

"No entanto, há alguns espaços de difícil acesso à pulverização de substâncias para o extermínio dos percevejos, devido às obras que ainda estão em andamento. A unidade vai continuar agindo e acompanhando até a resolução completa do problema.

Segundo o ISGHM, "outras ações vêm sendo executadas a fim de solucionar o problema, como novas pulverizações, o fechamento de todas as frechas e orifícios internos que podem servir como acesso aos vetores, o recolhimento de reciclados metálicos na área externa oriundos de obra, bem como a limpeza geral de mobiliários internos". 

Relato de profissionais

O Diário do Nordeste conversou nesta terça-feira (29) com funcionários que relataram, inclusive, que um paciente nesta semana chegou a receber medicação em uma cadeira de plástico, pois no estofado da unidade havia um carrapato. As profissionais não serão identificadas. 

"A UPA está toda infestada, inclusive dormitório, banheiros, a recepção, os pacientes... Está todo mundo sendo picado por aquelas pulgas e carrapatos. Inclusive, hoje, uma colega nossa estava atendendo um paciente e ele estava com um carrapato pregadinho nele e com pulga subindo nele", comenta uma médica. 

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Conforme outra médica, algumas dedetizações estão sendo feitas desde a semana passada, mas ela pondera que não é suficiente "setorizar" o procedimento, pois a infestação está em "praticamente" toda a unidade de saúde: "Tem risco da gente da gente trazer para casa a pulga. É além da insalubridade, isso". 

Na última quinta-feira (24), o Sindicato dos Médicos do Ceará emitiu uma nota para cobrar dedetização eficiente e monitoramento contínuo na UPA do Canindezinho. "O Sindicato encaminhou ofício em caráter de urgência à Secretaria da Saúde do Ceará (SESA) e ao Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) requerendo a adoção de medidas imediatas no controle da situação, bem como uma dedetização eficiente e monitoramento contínuo". 

O Sindicato compartilhou que por conta da situação, médicos chegaram a repousar no chão da antiga farmácia da UPA, por conta da presença de pulgas nas acomodações. Esse caso foi confirmado por uma médica em entrevista à reportagem. 

Risco de doenças 

O relato de uma funcionária expõe ainda que esses insetos representam risco de transmissão de doenças: "Há risco para nós e para os pacientes". 

"Tem que vir alguém responsável aqui para fazer o controle ambiental para poder realmente eliminar a praga, mas a gente não vê isso acontecendo", indica. 

Algumas pessoas chegaram a passar mal também pela exposição aos inseticidas que estão sendo usados. "Eu por exemplo, tive uma crise alérgica [ao chegar na UPA], o nariz e o olho coçando muito, muito espirro. E eu praticamente não sou alérgica, só tenho uma crise como essa apenas quando estou gripada". 

"Outros colegas meus estão passando com muita urticária, principalmente os que dão plantão noturno. Eles estão muito feridos, tendo que usar remédio para alergia e, às vezes, sem melhora, porque estão todo tempo sendo expostos", diz o relato. 

 

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