Fóssil de dinossauro cearense será repatriado da Alemanha para o Brasil
O Ubirajara jubatus foi encontrado na Bacia Sedimentar do Araripe, no Sul do Ceará, em 1995
Após uma longa disputa sobre os direitos de propriedade do Ubirajara jubatus, o fóssil de dinossauro será repatriado da Alemanha para o Brasil. A espécie de terópode encontrado na Bacia Sedimentar do Araripe, no Sul do Ceará, está no Museu Alemão de História Natural de Karlsruhe (SMNK) desde 1995.
Segundo o jornal alemão Neueste Nachrichten noticiou nesta terça-feira (19), o Conselho de Ministros de Baden-Württemberg aprovou a proposta da Ministra da Ciência, Theresia Bauer, e como resultado, o Museu de História Natural de Karlsruhe devolverá o fóssil de dinossauro ao Brasil.
O Conselho avaliou que as circunstâncias da exportação e importação do fóssil não são claras e existem dúvidas quanto à legalidade da aquisição e importação. "O Ubirajara deve, portanto, voltar para onde está devido à sua grande importância e às questionáveis circunstâncias de sua aquisição para o Brasil", disse a ministra.
De acordo com o diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, da Universidade Regional do Cariri (Urca), Allysson Pinheiro, a devolução foi definida após mais de um ano de tratativas com pesquisadores e autoridades alemães.
"Na semana passada tínhamos recebido resposta da nossa solicitação afirmando já estar nas tratativas para saber os melhores caminhos para a devolução. Já no fim de semana, saiu a informação de que a representante do Estado onde fica museu que o Ubirajara está depositado irá anunciar essa repatriação", disse.
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Segundo o paleontólogo, que também é professor da Urca, ainda não se sabe quando o fóssil chegará ao País. Havia uma grande expectativa de que o dinossauro ficasse no museu caririense, uma vez que foi escavado na região. O jornal alemão, no entanto, cita que o fóssil será apresentado no Museu Nacional do Rio de Janeiro (UFRJ).
"A nossa vontade é que volte para o Araripe, de onde ele saiu, e esse foi o nosso pedido. Disseram que entendem e aceitam, mas vamos aguardar o anúncio oficial. O mais importante é que o patrimônio nacional esteja no Brasil. Não há disputa interna entre as instituições brasileiras", ressaltou.
Relembre o caso
O fóssil do Ubirajara jubatus foi encontrado em uma pedreira, entre os municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri, na Formação Crato, e levado para a Alemanha em 1995. Ele viveu no período Cretáceo, há cerca de 110 milhões de anos.
Após a descoberta ser publicada por pesquisadores ingleses e alemães em dezembro de 2020, a polêmica em torno do fóssil se intensificou. A saída dele do País foi questionada pela comunidade científica brasileira, que apontava para uma possível exportação ilegal.
Na ocasião, uma autorização apresentada pelo museu alemão não descreveu o material coletado, considerado motivo de preocupação da Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP). O Ministério Público Federal (MPF) chegou a instaurar um procedimento para investigar a saída do fóssil do País.
Características
O Ubirajara jubatus faz parte da subordem de dinossauros Theropoda, tendo como parente próximo o dinossauro jurássico Compsognathus, encontrado na Europa.
O dinossauro tinha o tamanho aproximado de uma galinha, uma crina ao longo do torço e um par de “fitas”, estruturas rígidas, que não se assemelham a escamas, penas ou pelos, mas que poderiam ser únicas deste animal.
Estas estruturas incluem monofilamentos delgados associados à base do pescoço, aumentando em comprimento ao longo da região torácica dorsal, onde formam uma juba, bem como um par de estruturas alongadas em forma de fita, provavelmente emergindo do ombro. “(Estas características) até agora desconhecidas em qualquer outro dinossauro”, aponta o estudo.