Fortaleza e Caucaia estão entre as 25 cidades com piores índices de saneamento básico do Brasil

Ranking é elaborado pelo Instituto Trata Brasil a partir dos indicadores das 100 maiores cidades brasileiras

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Saneamento
Legenda: Acesso a água e rede de esgoto são determinantes para a saúde da população
Foto: Camila Lima

Ter água potável, rede de esgoto e coleta de lixo regular são direitos básicos e determinantes para a qualidade de vida da população. Em Fortaleza e Caucaia, porém, o acesso tem sido insuficiente: elas estão entre as 25 cidades do Brasil com pior índice de saneamento básico.

O ranking considera os 100 maiores municípios brasileiros em termos de população. Caucaia aparece em 81º, ficando, assim, entre os 20 índices mais baixos de acesso a saneamento. Fortaleza se posiciona um pouco acima, em 77º lugar, mas ainda figura entre as 25 notas mais baixas.

Os resultados constam no Ranking do Saneamento Básico de 2023, elaborado pelo Instituto Trata Brasil a partir de dados Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2021.

O estudo é divulgado anualmente, e considera os índices de atendimento de água e esgoto nas grandes cidades. Na capital cearense, por exemplo, 1 a cada 4 pessoas não tem acesso regular a água, e 44% da população não é atendida por rede de esgoto. 

Em Caucaia, os índices são ainda mais baixos: o atendimento urbano de água alcança menos de 70% da população, sendo o 7º pior acesso do Brasil; e a rede de esgoto chega a pouco mais de 36% das pessoas.

Questionada sobre a situação dos índices de saneamento de Fortaleza e de Caucaia,  a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) respondeu, em nota, que os dados mencionados no ranking do Saneamento do Trata Brasil têm um atraso de 2 anos e não representam os índices atuais de cobertura nas duas cidades. 

Segundo a Cagece, em 2023, "o percentual de esgotamento sanitário na Capital encontra-se em 67%. O abastecimento de água está em 99,6%".  Já em Caucaia, diz a nota, "o índice de cobertura de esgotamento sanitário alcança 48,4% e o de abastecimento 97,6%"

Veja também

20 piores índices de saneamento

81- Caucaia
82- Cariacica (ES)
83- Manaus (AM)
84- Pelotas (RS)
85- Belford Roxo (RJ)
86- São Luís (MA)
87- Jaboatão dos Guararapes (PE)
88- Gravataí (RS)
89- São João de Meriti (RJ)
90- Duque de Caxias (RJ)
91- Ananindeua (PA)
92- Várzea Grande (MT)
93- Maceió (AL)
94- Rio Branco (AC)
95- Belém (PA)
96- São Gonçalo (RJ)
97- Santarém (PA)
98- Porto Velho (RO)
99- Marabá (PA)
100- Macapá (AP)

O SNIS, utilizado como base do ranking, “reúne informações de prestadores estaduais, regionais e municipais de serviços de acesso à água, coleta e tratamento de esgoto, além de resíduos sólidos”, como aponta o estudo.

“É importante ressaltar que o SNIS consolida as respostas voluntárias de questionários enviados às operadoras de saneamento brasileiras”, complementa o Instituto Trata Brasil.

Raio-x de Caucaia

  • Caiu duas posições no Ranking do Saneamento: em 2022, ocupava o 79º lugar; em 2023, ficou em 81º;
  • É a segunda vez que a cidade fica entre os 20 piores índices do Brasil;
  • É a 7ª pior cidade em atendimento de água: só 69,7% da população urbana tem acesso regular;
  • Tem o pior índice de novas ligações de esgoto, com 0 (zero) realizadas em 2021.

Raio-x de Fortaleza

  • Caiu uma posição no Ranking do Saneamento: em 2022, ocupava o 76º lugar; em 2023, ficou em 77º;
  • É a 9ª pior cidade em atendimento de água: só 76% da população tem acesso regular;
  • Foi o município que mais reduziu ligações de esgoto: foram 75.172 a menos, entre 2020 e 2021. 

“E como Fortaleza não universalizou o esgotamento sanitário ainda, recebeu nota zero por isso”, destaca o estudo.

50
piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento. Este é o déficit estimado para Fortaleza (43 piscinas) e Caucaia (7 piscinas) juntas.

O que diz a Cagece

A reportagem também questionou a Cagece sobre por que os índices de saneamento de Fortaleza e de Caucaia pioraram, que fatores influenciaram na queda do acesso a água e esgoto, o que tem sido feito para reverter a situação e quais os maiores desafios para universalizar esse acesso.

Na nota em que ressaltou a diferença entre os dados divulgado no estudo e a atual situação, a Cagece afirmou que "olhar para a cobertura significa levar em consideração a disponibilização do serviço, pronto para utilização, na porta dos imóveis" e fatores como a não interligação das casas aos sistemas oferecidos "podem comprometer os dados de atendimento".

A Cagece argumenta que atua com equipes sociais no porta a porta para informar sobre a obrigatoriedade de interligação e "os benefícios de utilização das redes para a a segurança sanitária das famílias".

A Companhia também destacou que "está atuando em 24 municípios com uma Parceria Público-Privada (PPP) que vai universalizar os serviços de esgotamento sanitário até 2033".  E esse projeto tem investimento de cerca de R$ 19 bilhões.

No momento, o primeiro bloco da PPP, com 17 municípios, diz a Cagece, está na fase de operação assistida, com a troca de informações técnicas entre a Cagece e a empresa parceira Ambiental Ceará.

Já Fortaleza e Caucaia, informa a Cagece, estão incluídas no segundo bloco da PPP, que ainda segue em fase de análise de documentação da empresa arrematante. 

"A empresa parceira vai atuar nesses municípios realizando melhorias operacionais, ampliação e implantação de sistemas de esgotamento sanitário, incluindo redes coletoras de esgoto, estações elevatórias, estações de tratamento, linhas de recalque e ligações domiciliares e prediais", finaliza a nota.

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