Fiocruz perde análises de pesquisas devido a queda de energia e tem prejuízo de R$ 130 mil

Demora no restabelecimento da eletricidade esgotou a capacidade de geradores de laboratório

Escrito por Redação , ceara@svm.com.br
Legenda: Nas instalações da Fundação no Eusébio, são desenvolvidas importantes pesquisas em saúde pública
Foto: Fiocruz

Erramos: Embora as perdas e o prejuízo de R$ 130 mil da Fiocruz tenham sido causados por queda da energia sob a responsabilidade da Enel, a Fiocruz não culpou diretamente a companhia pelos danos, mas, sim, os furtos de cabo. A Fundação informa que a Enel “tem sido parceira na busca por soluções no enfrentamento das interrupções de energia”.

 

O problema de quedas de energia no município do Eusébio, nos últimos meses, tem atingido até o polo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no bairro Precabura. Desde o final de julho, a instituição já contabiliza oito episódios de suspensão de energia. Num deles, foram perdidas amostras laboratoriais estimadas em R$ 130 mil.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o coordenador de Gestão da Fiocruz Ceará, Bruno Carvalho, explica que a interrupção do fornecimento tem relação com furtos de fios elétricos na região da CE-010, que alimentam o polo. Só na última semana, houve ocorrências nos dias 28 e 30 de novembro.

Por isso, a instituição tem realizado vários encontros entre Polícia Civil, Polícia Militar, Enel e Guarda Municipal, tentando debater estratégias para a solução do problema.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a Polícia Militar apreendeu, na manhã da última segunda-feira (5), 40 quilos de fios de cobre e uma bolsa de ferramentas que estavam escondidos em um prédio em construção, no bairro Tamatanduba. 

O material foi apresentado na Delegacia Metropolitana do Eusébio, que realiza diligências para identificar os responsáveis pelo material. A Polícia Civil também investiga ocorrências de furto de fios de energia no bairro Precabura. “A PMCE intensificou o policiamento na área. O caso está a cargo da Delegacia Metropolitana do Eusébio”, garante.

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Perda de pesquisa

Segundo Bruno, o tempo de retorno da Enel demora entre 15 e 16 horas para normalizar a situação, “praticamente o dia todo sem energia”. O ápice do problema foi no dia 29 de julho deste ano, quando houve uma das quedas de eletricidade no prédio, gerando um efeito cascata.

Os geradores que continuam o suprimento diante dessas situações “não têm autonomia de grande escala” e demandam um custo operacional muito grande, além de logística especial para a reposição de combustível. 

Naquele dia, “não deu tempo” de eles sustentarem o fornecimento até o restabelecimento da rede elétrica. Os aparelhos desligaram, e em seguida os equipamentos que rodavam as amostras genômicas. Houve “perda total” de cerca de R$ 130 mil, segundo o coordenador. A entidade não repassou que tipo de pesquisa foi impactada "por questões de privacidade de dados".

Carvalho ressalta que o impacto nas atividades é direto porque o campus abriga projetos de pesquisa de ponta em biotecnologia e saúde pública, precisando manter equipamentos grandes e de alto custo. 

Ações de resposta

Bruno Carvalho cita que já foram discutidas alternativas com a diretoria da Enel, como a necessidade de se viabilizar uma segunda linha de transmissão - porém, a empresa teria alegado que o custo extra recairia parcialmente sobre a Fiocruz.

Em resposta à reportagem, a Enel Distribuição Ceará informou que registra Boletins de Ocorrência para evidenciar os furtos e também realiza, em parceria com os órgãos de segurança, operações em sucatas e pontos monitorados na busca por condutores furtados. 

“A prática criminosa representa um risco direto para a população, podendo danificar estruturas e causar acidentes com a população. O furto de cabos também compromete a qualidade do serviço, afetando o fornecimento de energia”, ressalta. 

A distribuidora lembrou ainda o papel da população no fortalecimento desse combate; denúncias sobre furtos e ocorrências na rede podem ser informadas por meio da Central de Atendimento, no telefone 0800.285.0196 ou pelas redes sociais.

A SSPDS também declarou que informações podem ser direcionadas para o número 181 (Disque-Denúncia) ou para (85)3101-0181 (WhatsApp), pelo qual podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia. A Delegacia Metropolitana de Eusébio também pode ser procurada pelo telefone (85) 3101-2046. O sigilo e o anonimato são garantidos.

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