Escola que sofreu ataque em Sobral existe há 43 anos em bairro carente; conheça a história

Mais de 350 alunos são atendidos em unidade de ensino que começou como escola infantil

Escrito por Thatiany Nascimento e Nícolas Paulino , ceara@svm.com.br
Legenda: Escola passou a ofertar o Ensino Médio integral há cinco anos.
Foto: Kid Júnior

A Escola de Ensino Médio de Tempo Integral (EEMTI) Professora Carmosina Ferreira Gomes, onde um estudante atirou em outros três, completa 43 anos de funcionamento em dezembro de 2022 e é uma das 175 unidades de ensino de Sobral listadas pelo último Censo Escolar da Educação Básica.

Pertencente à rede estadual de ensino, a escola foi inaugurada no dia 20 de dezembro de 1979, no bairro Sumaré. Originalmente, atendia apenas ao Ensino Infantil, de acordo com o atual diretor Jorge Célio Coelho, funcionário da unidade há 19 anos e gestor há 9.

É uma escola que foi inserida em uma comunidade carente de serviços sociais, qualidade, serviço público. Com o passar dos anos, pela necessidade de um aumento de matrícula e a maturidade dos próprios alunos, os meninos vão para o Fundamental I, Fundamental II. 
Jorge Célio
Diretor da EEMTI

No início dos anos 2000, também por demanda da própria população, a escola passou a ofertar o Ensino Médio. Levaria 17 anos até ser transformada em Escola de Tempo Integral, dentro do projeto de profissionalização estimulado pelo Governo do Estado. “Foi um presente extraordinário pra comunidade”, afirma Jorge.

Conforme o Censo Escolar 2021, último com divulgação completa de dados (o de 2022 só lançou dados preliminares), a escola tinha 374 alunos, sendo 350 do Ensino Médio (distribuídos em nove turmas) e mais 24 da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Ao todo, são 171 estudantes do sexo feminino e mais 203 do masculino; 317 têm entre 15 e 17 anos. A escola é equipada com 11 salas de aula e dispõe de biblioteca, quadra, cozinha e laboratório de informática. O atendimento é realizado por 12 professores.

36
pessoas atuam na escola, entre professores, gestão e funcionários.

Para o diretor, a escola se destaca por promover o protagonismo juvenil com clubes estudantis, incluindo esportivos e teatrais, bem como pelas aulas complementares eletivas.

“Por exemplo: os meninos do primeiro ano tiveram a eletiva de primeiros socorros. Nós temos uma grade curricular bem diversificada, sem falar que a escola é totalmente aberta a projetos das universidades que estão voltadas para a nossa região”, explica.

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Mais segurança

Embora a escola esteja localizada na periferia de Sobral, num bairro adensado com mais de 16 mil habitantes, a Carmosina Ferreira Gomes sempre foi sinônimo de qualidade, de acordo com Joselma Nascimento, mãe de um aluno matriculado atualmente na unidade.

Fosse merenda, aulas ou atividades extras, ela conta que nunca teve reclamação contra a unidade. “Até porque são bem atenciosos, sempre comunicam tudo à gente”, percebe. 

Contudo, refletindo o desejo de outros pais, Joselma defende que a gestão aprimore medidas de segurança para evitar novos incidentes, incluindo “aumentar o muro para evitar que alguém pule”. Ela também aguarda reunião com a comunidade escolar para debater as propostas. 

Avaliações educacionais

O diretor Jorge Célio reconhece ainda que a unidade também enfrenta dificuldades pelo contexto de carência socioeconômica do entorno, acentuada ainda mais durante os dois anos da pandemia da Covid-19.

No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2021, a escola atingiu resultado de 4,2, abaixo da média estadual (4,3) e do município de Sobral (5,2). Na edição anterior, de 2019, havia conseguido 4,7, um salto em relação aos 3,9 de 2017.

O Ideb é calculado com base no aprendizado dos alunos em Português e Matemática e no fluxo escolar (taxa de aprovação). 

Além disso, conforme a divulgação da Prova Saeb 2021, tanto o resultado de Português como o de Matemática na escola estão classificados no nível 2. Em Português, isso caracteriza um ensino "básico", já que vai até o nível 8. Em Matemática, onde a escala vai até o nível 10, o ensino é "insuficiente".

“A gente sabe que o trabalho remoto não dá o mesmo resultado que um trabalho presencial, e foi muito difícil porque a comunidade não tinha dinheiro pra estar com celular, tablet ou computador. Não podemos justificar um resultado só pela questão social, mas a gente sabe que influencia”, lembra o diretor.

Nessa retomada, o gestor afirma que a previsão é de evolução nos resultados porque serão acompanhadas de perto as “carências individuais de cada aluno, principalmente em Português e Matemática, para que possamos já ter uma melhora na próxima avaliação”.

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