Da fase da lua a ondas 'swell': entenda fenômenos que causaram invasão do mar na Praia de Iracema
Ondas alagaram trecho do calçadão, nessa quinta-feira (11), em Fortaleza, próximo ao local conhecido como Praia dos Crushes
Ondas do mar invadiram parte do calçadão da Praia de Iracema, em Fortaleza, na quinta-feira (11), provocando o alagamento de um trecho, próximo ao local popularmente conhecido como Praia dos Crush. Registro feito por um pedestre que mostra comerciantes e turistas observando a água inundar a calçada.
Segundo o professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Paulo Sousa, o evento foi provocado pela junção de três fenômenos, que coincidiram e aconteceram na mesma data.
"Temos o primeiro, que são as ondas swell, que são formadas longe da costa, no meio do oceano, e viajam quilômetros de distância até chegar a costa. Essas ondas apresentam maiores comprimentos e, por consequência, maiores alturas. Então, temos ondas maiores que o normal e que chegaram à costa. Associado a isso, temos outro fenômeno que são as marés", iniciou.
O especialista explicou que essas ondas maiores, conhecidas como swell, são registradas entre os meses de dezembro a março e podem atingir a costa cearense. No entanto, como a lua entrou em sua fase nova, nessa quinta-feira, acabou aumentando a amplitude da maré. A coincidência entre os fenômenos impulsionou o alcance do mar sobre a orla da Capital.
"Nas luas cheias e luas novas, temos uma maior amplitude da maré, [...] que é a diferença de altura, em metros, entre a maré alta e a maré baixa. E, aí, aconteceu que temos a junção do fenômeno das ondas swell com a maré de lua nova."
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As características topográficas do trecho também foram outro fator determinante para o alagamento registrado na Praia de Iracema. Segundo o professor, o local tem uma altitude mais próxima ao nível do mar, se comparado aos demais, o que facilitou a invasão do calçadão.
"Temos ainda a topografia da praia, [...] que varia. Tanto que o fenômeno aconteceu na região da Praia de Iracema, que era uma área mais rebaixada, e por conta disso aconteceu esse problema", diz Paulo Sousa.
Apesar de poder ter surpreendido banhistas, turistas e comerciantes, que atuavam na localidade no momento do fenômeno, o especialista explica que o episódio não exige alarde, apenas cuidado.
"É um fato que aconteceu. Pode acontecer novamente? Claro, pode. Mas não é um caso para um alarme, por exemplo. É mais para ficar atento a essa questão dos próprios processos em si, de como que funcionam esses fenômenos. E quando esse tiver acontecendo esse tipo de coisa [ondas swell e maior amplitude da maré], tentar evitar locais mais vulneráveis a esses processos de alagamento e de inundação. Se proteger", alerta.
Sem dados estruturais
Em nota enviada ao Diário do Nordeste, a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) informou que não houve nenhum dano às obras de urbanização em execução no calçadão, onde as equipes seguem com os trabalhos normalmente na região.
"Com relação à limpeza para a retirada de areia e pedras do local, a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) informa que uma equipe de limpeza foi encaminhada para a Praia de Iracema e já deu início aos serviços", garantiu a Pasta.