Da AM para FM: rádio Verdinha completa migração após 66 anos no ar

Mudança melhora a qualidade da transmissão do sinal sem alterar programação recheada de notícias e serviços

Escrito por Nícolas Paulino e João Lima Neto , ceara@svm.com.br
Legenda: Há um ano, transmissão da Verdinha passou a ser simultânea com a TV Diário
Foto: Fabiane de Paula

Depois de muita expectativa, a nova operação via FM da Rádio Verdes Mares, apelidada popularmente de “Verdinha”, deve começar no próximo dia 7 de março. Será mais um capítulo na marcante história do veículo inaugurado há quase 67 anos.

A nova 92.5 FM faz parte da migração da tradicional rádio 810 AM, há décadas a AM de maior audiência no Ceará. A transmissão tem sintonia junto aos outros veículos do Sistema Verdes Mares (SVM), do qual ela foi pioneira.

A trajetória da Verdinha começou em 16 de julho de 1956, quando a emissora foi inaugurada pelos Diários Associados no edifício Pajeú, na Rua Sena Madureira, Centro de Fortaleza. A proposta era trazer uma programação diversificada com notícias, música e esporte. 

Depois, ela passou para o controle do radialista Paulo Cabral de Araújo, servindo a fins políticos. Anos depois, em 1962, foi adquirida pelo empresário Edson Queiroz.  

Em 1970, quando a Televisão Verdes Mares foi instalada na Praça da Imprensa, a Verdinha passou a funcionar no mesmo prédio. Em 1981, o SVM cresceu ainda mais com o início das atividades do Diário do Nordeste.  

Legenda: Jornalismo da Verdinha sempre se pautou em demandas da sociedade cearense
Foto: Cedoc/SVM

Com 66 anos de transmissão ininterrupta, a Rádio Verdes Mares lançou grandes nomes da comunicação, transmitiu importantes fatos históricos e se tornou querida do público cearense ao falar a mesma língua do povo. 

Por ser o veículo mais antigo do grupo, toda e qualquer mudança é avaliada “com um carinho a mais”, segundo o diretor superintendente do Sistema Verdes Mares, Ruy do Ceará.

“A missão permanece, que é comunicar de forma responsável e com a forma peculiar de ser da Verdinha. Temos que fazer com que o público que acompanha há muito tempo na AM migre para a FM, mas não é tão difícil porque o nível de fidelidade é muito forte. Vai ser um momento de muito prazer e de festejar”, destaca.

Gustavo Bortoli, diretor de Jornalismo e Esportes do SVM, lembra que esse será um novo passo de modernização da Verdinha, que há um ano, em março de 2022, passou a ser transmitida simultaneamente com a TV Diário.

“A Verdinha é um case de sucesso nacional: ela representa mais de 60% da audiência do meio AM, superior a várias rádios FM. Ela mostra que a forma como se comunica, que esse modo único e particular de falar de jornalismo e esporte, é uma fórmula de sucesso”, observa.

Ainda conforme o diretor, não haverá mudança na excelência das informações, trazidas sempre com segurança e análise para os ouvintes. A novidade, claro, será a maior qualidade na transmissão do sinal pelas ondas de rádio.

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Bastidores da notícia

Essa é a mesma expectativa do jornalista Tom Barros, uma das principais vozes da Verdinha há 40 anos - 35 deles apresentando o Rádio Notícias, segundo ele o noticiário radiofônico mais antigo do Brasil. Primeiro, como substituto, depois, como titular.

“Foi uma paixão que se confundiu”, confessa. “Fizemos essa parceria e me sinto extremamente feliz pelo amor que tenho por aquilo que abracei. Não me vejo fora dele”.

Hoje apresentando o “Bom Dia Nordeste” ao lado de Daniella de Lavôr, Tom diz que já começa o dia buscando as principais notícias do roteiro, que são trabalhadas na bancada com o diferencial que só uma rádio nascida no AM possui:

“Nós vamos para o debate, para a análise, para a crítica mais contundente. A programação é mais interativa, mais presente com o ouvinte e com os comentaristas. Isso faz toda a diferença”, percebe.

Legenda: Informação e modernização sempre pautaram as atividades da Verdinha
Foto: Cedoc/SVM

Lyana Ribeiro, coordenadora de jornalismo da Verdinha e TV Diário, conta que iniciou a carreira já pensando em rádio. Na última década, principalmente, houve a necessidade de se adaptar às novas tecnologias, mas sempre pensando na identidade da emissora.

“Há um sentimento de muita troca, de muito carinho, entre quem faz e quem escuta. É isso que faz a Verdinha ser tão especial: nós ouvimos e sentimos junto com quem tá em casa. É isso que levamos para a FM”, projeta.

Qualidade da transmissão

Para garantir a melhor transmissão possível, a equipe técnica intensificou os trabalhos de ajuste nas últimas semanas, de acordo com o supervisor das Rádios do SVM, Kleber Dias. Tudo, claro, de forma muito cuidadosa.

“Somos criteriosos na qualidade do que vai ao ar. O SVM acaba sendo referência para o resto do Brasil. É bom para toda a equipe porque você está sendo mais visto e ouvido, já que nosso principal produto é a qualidade do conteúdo”, destaca.

Kleber lembra que os ouvintes podem ouvir a Verdinha não só nos aparelhos de rádio, mas também em veículos, celulares e computadores, por meio do streaming. “No carro, no ônibus, na academia: você fica bem informado em todos os lugares”, afirma.

Legenda: Show de 30 anos da emissora atraiu milhares de pessoas ao Estádio Presidente Vargas
Foto: Cedoc/SVM

E tem programação para todo tipo de gosto. Erick Picanço, diretor Comercial e de Marketing do SVM, enumera que a Verdinha tem um portfólio de 40 produtos de conteúdo pensados a partir de pesquisas sobre o que o público quer escutar.

“Seja às 5h ou às 20h, é um jornalismo que explica de forma clara, simples e direta, além de ser a cara da família brasileira”, resume.

Conforme o diretor, existe um grupo de trabalho preparado para identificar quais demandas a audiência vai sugerir, “de modo que a Verdinha que a gente sempre amou continue sendo o jornalismo que fala a nossa língua e informa o cidadão cearense”.

Legado na comunicação

A Verdinha mira o futuro sem esquecer o grande legado que possui para a comunicação cearense. No auge do LP, por exemplo, a rádio possuía um dos maiores acervos musicais do Nordeste, com mais de 10 mil discos. 

A rádio também foi responsável por grandes eventos em Fortaleza, trazendo nomes nacionais da música como Afonso Nigro, Sidney Magal e Peninha para eventos de aniversário na Praia do Náutico, no Ginásio Paulo Sarasate e na Praia de Iracema.

O setor jornalístico também se destacou com radialistas como Mardônio Sampaio, Edilmar Norões, Narcélio Limaverde, Gomes Farias, Paulo Lélis, Carneiro Portela, Almino Menezes e Paulo Oliveira. O humor também esteve presente nas transmissões de Tom Cavalcante e Djacir Oliveira.

Um dos principais nomes da emissora, João Inácio Jr, continua até hoje na bancada. Ele arrastou multidões nas transmissões de shows de aniversário da emissora. Em 1985, por exemplo, mais de 100 mil pessoas acompanharam o locutor no estádio Presidente Vargas, dentro do gramado, nas arquibancadas e no entorno do estádio.  

Legenda: João Inácio Jr. segue na emissora, atualmente com o programa diário "Bafulê"
Foto: Kid Jr

Outro feito da Verdinha foi ter sido a primeira rádio cearense a liderar, como cabeça de rede, uma cadeia de emissoras na transmissão de uma Copa do Mundo de Futebol, realizada em 1998, na França.  

Programação segue inalterada

A migração da AM para a FM não vai mudar a programação rotineira da Verdinha. O público continuará acompanhando João Inácio Jr., Daniella de Lavôr e Tom Barros, Eliziane Correia e Sávio Manfredini, Aldeson Matos, Denise Santiago, Antero Neto, Nas Garras da Patrulha e o Clube do Brega, com Silvino Neves. 

Além do rádio, a transmissão pode ser acessada por YouTube, aplicativo e site.

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