Com freio na pandemia, infarto volta a ser principal causa de morte no CE; veja quais as outras

Por dois anos, viroses ocuparam topo da lista das causas de mortalidade entre cearenses

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Legenda: Fatores hereditários - e também aqueles ligados ao estilo de vida - aumentam risco de infarto
Foto: Shutterstock

A cada 24 horas, pelo menos 10 pessoas morrem por infarto no Ceará. Esse agravo foi responsável por mais de 3 mil óbitos no Estado em 2022, sendo a principal causa das partidas de cearenses.

O infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como “ataque cardíaco”, voltou ao topo da lista depois de ter sido ultrapassado pelas “doenças por vírus de localização não especificada”, que mataram 11 mil e 15 mil pessoas, respectivamente, em 2020 e 2021.

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Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ceará, atualizados até novembro de 2022, e mostram ainda que as pneumonias, sejam bacterianas, sejam por outros agentes, têm gerado mais óbitos no Estado. 

Até 2021, a pneumonia era a 4ª maior causa de mortes de cearenses, atrás de agressões por arma de fogo, infarto e doenças virais. Já em 2022, a doença pulmonar se tornou a 2ª mais letal no Estado.

Por que infarto é tão “comum”?

infarto ataque cardíaco ceará
Legenda: Adultos a partir de 50 anos são grupo de risco para problemas cardíacos
Foto: Shutterstock

As doenças do aparelho circulatório predominam entre as causas de mortes não só no Ceará, mas no Brasil, segundo Ricardo Pereira, médico cardiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O especialista cita que o infarto agudo do miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) lideram o grupo, atingindo principalmente pessoas a partir dos 50 anos de idade. 

Os fatores de risco, porém, devem ser observados por todos, e podem ser:

  • Imutáveis: idade, sexo masculino e histórico familiar; 
  • Mutáveis ou controláveis: obesidade, colesterol alto, hipertensão, tabagismo, consumo de álcool, estresse e sedentarismo. 

Um desses fatores, o estresse, se destaca por um motivo: questões de saúde mental podem contribuir para a ocorrência de infartos e até precipitá-los, embora não sejam em si uma causa. É preciso, então, atenção ao autocuidado.

Os sinais e sintomas do infarto agudo do miocárdio, como cita o cardiologista, são:

  • Dor “de aperto” na região do peito esquerdo ou central do tórax, que pode irradiar para o braço esquerdo, mandíbula ou para as costas; 
  • Náusea;
  • Vômito; 
  • Sudorese;
  • Sensação de morte iminente.
  • As formas de prevenir o “ataque do coração” são, ao mesmo tempo, simples e complexas, já que estão ligadas ao estilo de vida e, indiretamente, às condições socioeconômicas da população.

“As maneiras de prevenir o infarto são aquelas de evitar fatores de risco: controlar pressão alta e peso, fazer exercícios físicos, evitar cigarro e controlar diabetes”, pontua Ricardo Pereira.

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Pneumonias: quem está em risco?

Legenda: Ondas de Covid no Ceará impactaram nos casos de pneumonia
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A segunda maior causa de mortes de cearenses no ano passado foi a “pneumonia por micro-organismo não especificado”: foram mais de 2 mil óbitos entre janeiro e outubro. A doença bacteriana, por outro lado, aparece em 4º lugar na lista, com 1,4 mil vidas perdidas.

O médico Ricardo Coelho Reis, chefe do serviço de pneumologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e intensivista do Hospital São José (HSJ), explica que “o pulmão está entre os órgãos que mais sofrem agressões externas”.

Por ele estar exposto constantemente a agentes nocivos como bactérias, vírus e fungos, necessitamos de um sistema de defesa íntegro para que esses germes não invadam o pulmão.
Ricardo Coelho Reis
Médico pneumologista e intensivista
 

A redução das defesas do organismo, comum nos “extremos de idade” (bebês e idosos), faz com que essas sejam as faixas etárias em que a pneumonia mais incide, e de forma mais agravada.

O pneumologista cita ainda outros fatores de risco que justificam a predominância da pneumonia entre os agravos letais no Ceará:

  • Desnutrição; 
  • Falta de hidratação adequada; 
  • Sono insuficiente; 
  • Doenças e medicações que deprimem a imunidade;
  • Tabagismo. 

“O aumento da sobrevida média do brasileiro, com uma proporção maior de idosos na população, também é um fator relevante”, complementa Ricardo Coelho.

Covid impactou casos de pneumonia

A incidência da Covid, que teve 460 mil casos confirmados e 2.183 mortes no Ceará em 2022, influenciou diretamente no aumento de quadros de pneumonia, como avalia o chefe do serviço de pneumologia do HUWC.

“Isso por ser ele próprio (o coronavírus) causador de formas graves de pneumonia em proporções alarmantes e nunca antes vistas, além de fragilizar o pulmão e ser mais um fator de risco para que outros germes possam invadi-lo”, frisa.

Os sintomas clássicos da doença são febre, tosse seca ou com secreção, dor no peito e falta de ar, além de “abatimento”. Em crianças e idosos, estes sintomas podem não aparecer, ficando mais evidente a inapetência, a sonolência e o abatimento.

Ricardo Coelho ressalta a importância de “manter a vacinação em dia contra gripe, Covid e, para os grupos de risco, pneumococo” como forma de prevenir a pneumonia.

Boa alimentação, hidratação, higiene do sono e cessação de qualquer forma de tabagismo ou droga ilícita também são medidas que reconhecidamente reduzem o risco de se contrair”, finaliza.

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