Ataque cardíaco: veja sintomas e como reconhecer o infarto

Infarto pode provocar um mal súbito e está entre as principais causas de morte no Brasil, mas é possível prevenir e tratar

Escrito por Luana Severo ,
Homem com a mão direita sobre o peito esquerdo. Ele está de camisa branca e não aparece seu rosto.
Legenda: Segundo o Ministério da Saúde, doenças isquêmicas do coração são a principal causa de morte no Brasil.
Foto: Shutterstock

É comum, ao sentir um aperto forte no lado esquerdo do peito, temer que essa dor decorra de um “ataque cardíaco”. Embora nem sempre seja isso, o desconforto acende um alerta e é preciso estar atento a sintomas associados para reconhecer o infarto e buscar ajuda.

Segundo o Ministério da Saúde, as “doenças isquêmicas do coração”, como o “ataque cardíaco” (ou infarto agudo do miocárdio), são a principal causa de morte no Brasil. Elas são justamente essas dores intensas ou desconfortos no peito que acontecem quando uma parte do coração “morre” por não receber sangue suficiente para bombear para o restante do corpo.

Essa falta de irrigação sanguínea pode ter algumas razões. A mais comum delas, de acordo com as autoridades sanitárias nacionais, é a “aterosclerose”, uma doença coronariana em que placas de gordura se acumulam no interior das artérias coronárias e as obstruem.

Quando uma dessas placas de gordura se rompe, forma um coágulo no local e interrompe o fluxo sanguíneo de forma súbita e intensa, o que gera a dor. Entenda melhor a seguir.

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O que é um ataque cardíaco

“Ataque cardíaco” é como se convencionou chamar o “infarto agudo do miocárdio”. Trata-se de uma dor intensa causada, sobretudo, pela interrupção do fluxo sanguíneo para o coração.

O que é um infarto agudo do miocárdio

A interrupção do fluxo sanguíneo acontece quando há obstrução de uma das artérias coronárias, o que gera um coágulo que também provoca a morte das células de uma região do músculo do coração.

Sintomas do infarto

Segundo Ricardo Pereira Silva*, professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), doenças coronarianas podem se manifestar de duas formas: como uma angina, que pode ser estável ou instável, e como um infarto, realmente.

Na angina, diz o médico, o indivíduo sente uma dor no peito, na região central do tórax, ou em cima do peito esquerdo. É uma dor que se assemelha a um aperto, que costuma se irradiar para o braço esquerdo, para o pescoço e para a mandíbula e que tende a aliviar com repouso e ingestão de medicamento específico, sublingual.

Essa dor pode ser estável ou instável. No primeiro caso, ela é desencadeada por emoções fortes, esforço físico ou alimentação exagerada, de acordo com Ricardo. Já no segundo, não precisa haver necessariamente algo que desencadeie.

No caso do infarto propriamente dito, o principal sintoma, de acordo com o Ministério da Saúde, é dor intensa ou desconforto no peito, podendo irradiar para as costas, rosto e braço esquerdo. Em algumas pessoas, esses sintomas podem ser acompanhados, ainda, de sensação de peso sobre o peito, suor frio, palidez, falta de ar e sensação de desmaio — ou de “quase morte”.

Nas mulheres, o infarto costuma ser “silencioso”, com sintomas que não são os clássicos, como queimação e pontadas no peito. Segundo o médico cardiologista Ricardo Pereira, mulheres têm menos chances de desenvolver doenças coronarianas antes da menopausa. Depois, as chances se igualam às dos homens.

Em se tratando de idosos, o principal sintoma pode ser falta de ar. E isso acontece, também, com pessoas diabéticas, segundo o professor universitário. “Em alguns casos, o indivíduo pode até nem ter a dor no peito, especialmente os diabéticos, que têm uma neuropatia periférica que compromete a percepção de dor”, explica.

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Resumo dos sintomas do infarto

  • Dor intensa e prolongada (passa de 15 minutos) ou desconforto no peito, podendo irradiar para as costas, rosto e braço esquerdo (é raro irradiar para o braço direito); 
  • Sensação de “peso” ou “aperto” sobre o tórax; 
  • Suor frio; 
  • Palidez; 
  • Falta de ar; 
  • Sensação de desmaio.

Sintomas de infarto em jovens são diferentes?

Geralmente, os infartos agudos do miocárdio acometem pessoas mais velhas e que apresentam uma combinação de fatores de risco, como hipertensão, diabetes, obesidade, sedentarismo e estresse.

No entanto, doenças coronárias também são desenvolvidas por herança genética, o que pode provocar infartos em pessoas jovens, mesmo saudáveis — mas é claro que, quanto mais fatores de risco combinados, maior a probabilidade, independentemente da idade.

Fatores de risco

O tabagismo e o consumo excessivo de colesterol são os principais fatores de risco para o infarto agudo do miocárdio. Isso, porque, além de facilitar a formação de placas de gordura que podem provocar coágulos sanguíneos, os dois levam à hipertensão, obesidade e diabetes — e diabéticos têm até quatro vezes mais chances de sofrer infarto.

Homem fumando um cigarro. Só aparece metade do rosto dele. Ele tem cavanhaque e bigode.
Legenda: Tabagismo é um dos principais fatores de risco para o infarto.
Foto: Shutterstock

Há, ainda, outros fatores associados, como sedentarismo e herança genética.

É considerado fator de risco para doenças coronarianas o infarto ou a morte súbita de parentes homens de primeiro grau antes dos 55 anos de idade ou de mulheres antes dos 65 anos de idade.  Depressão e estresse também são agentes de risco importantes.

Tratamento

Quando uma pessoa sofre um infarto, a primeira coisa a fazer para socorrê-la é deixá-la em repouso e afrouxar suas roupas. Se você souber que ela não é alérgica a aspirina, pegue dois comprimidos do medicamento, que tem poder coagulante, e os coloque debaixo da língua. Chame imediatamente o serviço de atendimento de urgência, como Samu ou bombeiros.

No hospital, segundo o médico Ricardo Pereira, o tratamento preferencial para quem sofre um infarto é desobstruir a artéria prejudicada com uma “angioplastia” e, em seguida, implantar um “stent”, que é um tubo que ajuda a restaurar a normalidade do fluxo sanguíneo.

“Se o hospital não dispõe desse serviço [chamado de reperfusão mecânica], se faz a reperfusão química, com uso de uma droga que dissolve o trombo que está obstruindo a coronária”, complementa o cardiologista.

Prevenção

Mulher desenrola tapete de ioga.
Legenda: Exercícios físicos diários são uma forma de prevenir o infarto.
Foto: Shutterstock

A melhor forma de prevenir as doenças coronarianas e, consequentemente, o infarto agudo do miocárdio, é evitar qualquer um dos fatores de risco citados anteriormente.

Necessário, portanto:

  • Fazer exercícios físicos diariamente; 
  • Evitar fumar; 
  • Controlar o estresse; 
  • Manter alimentação balanceada; 
  • Manter o Índice de Massa Corporal (IMC) entre 20 e 25 — o que significa ter um peso normal; 
  • Em caso de pessoas diabéticas ou com colesterol alto, controlar com tratamento. 

Perguntas frequentes

Como é o começo de um infarto?

Algumas pessoas sentem dor intensa ou desconforto no peito, podendo irradiar para as costas, rosto e braço esquerdo. Outros sintomas são sensação de peso sobre o peito, suor frio, palidez, falta de ar e sensação de desmaio. Mas é importante lembrar que nem todo mundo sente todos esses sintomas.

Dor na perna esquerda, pode ser infarto?

Depende. As dores do infarto irradiam do toráx para o restante do corpo, variam de acordo com a distribuição dos nervos. 

Aperto no coração pode ser infarto?

Sim. Se a dor for intensa e prolongada (superando 15 minutos), é provável que se trate de um infarto. A ajuda médica deve ser buscada o mais rápido possível. 

Quanto tempo antes do infarto aparecem os sintomas?

Há especialistas que defendem que os sintomas se manifestam até semanas antes do infarto. Os sinais podem se apresentar de forma diferente em cada pessoa. 

Dor no braço direito pode ser infarto?

É raro que a dor do infarto se irradie para o braço direito, mas pode acontecer.

*Ricardo Pereira Silva é professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) 

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