Risco de ansiedade e depressão é três vezes maior entre os mais pobres, mostra estudo

Relatório “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental” diz que cerca de 11% da população mundial tem algum transtorno mental

Escrito por Diário do Nordeste/Agência Brasil ,
pessoa sentada de costas dentro de barraca olhando para cidade
Legenda: Insegurança financeira e jornadas exaustivas são alguns dos fatores que prejudicam a saúde mental dos indivíduos
Foto: Shutterstock

Relatório das Nações Unidas divulgado nessa segunda-feira (11) aponta que pessoas em situação de pobreza têm três vezes mais chances de desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Conforme o estudo “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”, cerca de 11% da população mundial sofre com algum transtorno mental.

De acordo com o relator especial da Organização das Nações Unidas e autor do relatório, Olivier De Schutter, esse cenário está relacionado à obsessão pelo crescimento da economia e busca de riqueza, levando as pessoas a se submeterem a jornadas exaustivas de trabalho e condições de trabalho precárias. 

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"Quanto mais desigual é uma sociedade, mais as pessoas da classe média temem cair na pobreza e com isso desenvolvem quadros de estresse, depressão e ansiedade", afirmou o relator.

Segundo o relator, o principal fator de risco é jornada de 24 horas por dia, 7 dias por semana, quando o trabalhador fica disponível sob demanda. Ele cita como exemplos os trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais. De Schutter afirma que essa lógica "resulta em horários muito variáveis de trabalho, o que torna muito difícil manter um equilíbrio adequado entre a vida familiar e a vida profissional". A incerteza quanto ao horário de trabalho e quantidade de horas a trabalhar tornam-se grandes motivadores de depressão e ansiedade.

Outro fator gerador de transtornos é a ansiedade climática. Estudos apontam que inundações, secas extremas, temporais destroem as fontes de renda da população, provocando insegurança financeira e ansiedade. 

O que pode ser feito?

O estudo propõe que os governos adotem medidas que reduzam as desigualdades e inseguranças, como políticas de renda básica universal (valor mínimo a que todos teriam direito para afastar a ameaça da pobreza), apoio a economia social e solidária e alterações do mundo do trabalho. 

O relator informou que organizações não governamentais, sindicatos, movimentos sociais e acadêmicos trabalham na apresentação de alternativas ao crescimento econômico em consonância com a erradicação da pobreza, previstas para serem apresentadas em 2025. 

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