Com criticidade alta, 5 cidades do Ceará têm abastecimento de água garantido só até junho de 2024
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o titular da Sohidra, Paulo Ferreira, disse que esses municípios podem colapsar se não houver recarga. Medidas emergenciais já estão previstas
No atual momento, em que as evidências seguem apontando a possibilidade de ocorrência de seca no Ceará, cinco cidades do Estado têm nível de criticidade alta de desabastecimento. Assim, o principal manancial usado para assegurar o acesso à água nesses municípios só garante o abastecimento até junho de 2024. Diante disto, o Plano de Contingência para impactos do El Niño, formulado pelo Governo Estadual, já entregue ao Governo Federal, e que deve ser apresentado publicamente ainda esse mês, tem ações emergenciais específicas, como a perfuração de poços e a estruturação de adutoras, para essas cidades.
Dos 184 municípios do Ceará, segundo informou o titular da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), Paulo Ferreira, em entrevista do Diário do Nordeste, cinco “podem entrar em colapso se o manancial principal não tiver recarga até junho”. São eles:
- Ibicuitinga (Sertão Central)
- Itatira (Sertão de Canindé)
- Milhã (Sertão Central)
- Quiterianópolis (Sertão dos Inhamuns)
- Quixeramobim (Sertão Central)
Conforme explicou o superintendente, o levantamento foi feito pelo Grupo de Contingência da Seca, colegiado constituído por diversos órgãos públicos que se reúne a cada 15 dias para avaliar a situação hídrica do Estado. As fontes de abastecimento de cada cidade são monitoradas pelo Grupo a partir de informações enviadas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) com base nos Serviços Autônomos de Água e Esgoto (SAAE).
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“O Grupo de Contingência, quinzenalmente, se reúne e faz o levantamento das sedes municipais do abastecimento. Onde tem Cagece, as informações são fornecidas pela Cagece e onde tem SAAE as informações são coletadas pela Cogerh. Hoje temos 35 cidades que tem SAAE. Dos 184 municípios, temos 5 que tem criticidade alta”.
Para essas cidades, explica ele, “o plano de contingência já está acionando ações”. Em Quixeramobim e Ibicuitinga, por exemplo, a proposta é de substituição da atual adutora - de montagem rápida - por convencionais. Já nos territórios onde não é “possível atender com adutora será feita a construção de poços”, completa ele. Se na quadra chuvosa houve uma recarga considerável, acrescenta ele, “vai aumentar a vida, dar um certo fôlego”.
Em balanços divulgados em anos anteriores pelo Grupo de Contingência, a gestão estadual dividia a situação de abastecimento dos municípios em:
- Criticidade alta;
- Criticidade média;
- Alerta;
- Sem risco de desabastecimento.
No atual cenário, o titular da Sohidra informou ao Diário do Nordeste apenas os que estão em criticidade alta.
Quando o prognóstico da quadra chuvosa será divulgado?
A divulgação do prognóstico da quadra chuvosa de 2024, a ser feita pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) deve ocorrer no dia 19 de janeiro, segundo o titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Robério Monteiro. Em dezembro de 2023, diante da confirmação do El Niño e da probabilidade de seca, o Governo do Estado chegou a cogitar que a divulgação seria antecipada, mas o fato não se concretizou.
De acordo com Robério Monteiro, após a publicização do prognóstico da Funceme, a gestão estadual deve apresentar à população do Ceará o Plano de Contingência para impactos do El Niño.
“O plano está pronto. Teve participação de várias secretarias, da Cagece, de vários órgãos. E tem ações não só para o abastecimento humano, mas para a indústria e agricultura. Já que é uma preocupação também a produtividade do Estado. E, por isso, o estado vem antecipando algumas coisas”.
Nível dos açudes
Atualmente, o Ceará tem volume médio acumulado de 38,5% nos 155 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Do total, 47 açudes têm volume inferior a 30%. O açude Germinal, na cidade de Palmácia, é o único que está sangrando.
Das 12 bacias hidrográficas do Estado, as três em situação mais crítica são: a do Sertão de Cratéus (19,33%), do Médio Jaguaribe (23,21%) e a do Curu (26,57%).