Chuva na pós-estação? Entenda o que causou precipitações inesperadas em mais de 100 cidades do Ceará

O maior volume pluviométrico foi registrado no município de Ipaporanga, com 45 milímetros, seguido por Amontada (42 mm) e Aratuba (36 mm)

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: Em Fortaleza, as chuvas foram de 22.8 milímetros, conforme balanço da Funceme
Foto: Fabiane de Paula

Após mais de uma semana com precipitações reduzidas, voltou a chover com representatividade no Ceará. Entre as 7 horas desta segunda-feira (20) e 7 horas de ontem (21), choveu em pelo menos 100 das 184 cidades cearenses, conforme dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), levantados pelo Diário do Nordeste.

As precipitações, que não estavam previstas pelos principais órgãos meteorológicos, pegaram os cearenses de surpresa. Mas, o que explica esse bom volume pluviométrico neste mês que abre a pós-estação chuvosa?

Conforme Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia da Funceme, "áreas de instabilidade formadas sobre o Oceano favoreceram a ocorrência de chuvas em todo o Ceará".

A especialista antecipa que essas chuvas devem continuar, pelo menos, até quarta-feira (22). "Os volumes não são tão elevados, mas, quando levada em consideração a época do ano [pós-estação chuvosa], acabam sendo positivos. E essas áreas de instabilidade devem continuar agindo nesta quarta", detalhou.

Maiores índices

O maior volume pluviométrico foi registrado no município de Ipaporanga, com 45 milímetros, seguido por Amontada (42 mm), Aratuba (36 mm), Mombaça (36 mm) e Independência (35 mm). Todas as regiões cearenses foram banhadas pelas chuvas, com destaque para Ibiapaba, Maciço de Baturité e Sertão Central.

Em Fortaleza, as chuvas foram de 22,8 mm. A Capital cearense já acumula 172,7 milímetros ao longo deste mês, o que equivale a 18,7% acima da média para junho, que é de 145,4 mm. 

As chuvas das últimas horas contribuíram para elevar, ainda mais, a média pluviométrica deste mês. Em apenas 21 dias, as chuvas já estão 80% acima da média histórica, que é de 37,5 milímetros. Entre 1º de junho até esta manhã (21), a Funceme já registra o acumulado de 67,5 mm. Este já é o maior volume dos últimos 18 anos, para este período.

Na série histórica da Funceme, a qual monitora dados dos últimos 49 anos, 1994 teve o junho mais chuvoso, com impressionantes 131,4 milímetros. Para se ter uma ideia da expressividade do dado, no ano anterior, em 1993, choveu apenas 9,4 mm ao longo dos 30 dias. 

Açudes cearenses

Nestes seis primeiros meses do ano, apenas fevereiro fechou abaixo da média histórica. Em todos os outros, os volumes foram positivos o que acarretou em bom aporte para os reservatórios cearenses. Conforme dados da  Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), os 157 açudes monitorados pelo órgão já acumulam um total de 4,8 bilhões de metros cúbicos aportados.

O Castanhão, maior açude para múltiplos usos de água da América Latina, foi o que conquistou a maior recarga neste ano, com 1,2 bilhão de m³, seguido pelo Orós, com 600 milhões de metros cúbicos. Ambos conquistaram, em 2022, o maior volume hídrico desde 2014. Atualmente, eles estão com 24,64% e 51,22%, respectivamente. 

O volume médio atual dos reservatórios cearenses é de 39,4%, com 38 açudes sangrando e outros 14 com índice acima dos 90%. 

 

 

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