Ceará encerra primeiro mês da quadra chuvosa com precipitações quase 50% abaixo da média histórica

Para os próximos meses, a Funceme revisou a previsão e, agora, as chances de chuva acima da média caíram de 40% para 20%

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: Em Fortaleza, o cenário foi um pouco distinto. Choveu 145,9 mm ao longo de fevereiro, apenas 10% abaixo da média histórica
Foto: Fabiane de Paula/Diário do Nordeste

O mês de fevereiro chegou ao fim com baixos volumes pluviométricos no Ceará. O primeiro mês da quadra chuvosa - que se estende até maio - registrou o acumulado de apenas 62,2 milímetros, o que representa 46,7% abaixo da média histórica para o período, que é de 118,6 mm.

O volume abaixo da média histórica interrompe uma sequência de quatro meses consecutivos de chuva acima da média no Estado. Em outubro (+ 14,4%), novembro (+244,6%), dezembro (+49,8%) e janeiro (+64,7%), o acumulado ficou além da normal climatológica.

Já quando comparado o índice de chuva de fevereiro deste ano com igual período de anos anteriores, pode-se dimensionar como em 2022 as chuvas estão diminutas.

Fevereiro deste ano registrou o pior volume acumulado pluviométrico desde 2016. O mês naquele ano fechou com apenas 53,1 mm de chuva.  Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). No entanto, eles são parciais e podem sofrer atualização.

Para o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Flaviano Fernandes, "o oceano Atlântico tropical foi o grande responsável pela falta de chuva. O Atlântico Sul não aqueceu como se esperava e o Atlântico Norte não resfriou também", detalha.

Além disso, completa o especialista, "outro fenômeno que ficou abaixo do esperado foi a Oscilação de Madden-Julian. Esse fenômeno não contribuiu com as chuvas". O Madden-Julian é uma célula de convecção tropical que viaja de oeste para leste na faixa equatorial e pode favorecer a ocorrência de chuvas no Nordeste brasileiro.

A reportagem do Diário do Nordeste questionou à Funceme quais outros fatores teriam influenciaido a ocorrência de poucas chuvas no Ceará, mas não houve resposta. 

Diferentes cenários

A Funceme divide o Estado em oito macrorregiões. Todas encerram o mês com volume abaixo da média, no entanto, algumas tiveram bons índices, como é o caso do Maciço de Baturité, que registrou o acumulado de 119,8 mm, apenas 5% abaixo da média histórica.

Em situação oposta, está a macrorregião do Sertão Central e Inhamus, que historicamente recebe menores volumes. Neste mês de fevereiro, a Funceme contabilizou acumulado médio de apenas 37,9 mm, o que representa 64% inferior à normal climatológica. 

Em números absolutos, a macrorregião que recebeu a maior quantidade pluviométrica foi o Litoral de Fortaleza, com acumulado de 132,9 mm, isto é, 8,9% abaixo da média histórica (145,8 mm).

Já a cidade com maior volume acumulado em fevereiro foi Palmácia, na região do Maciço de Baturité, com 278,6 milímetros, quase o dobro da média histórica, que é de 145 mm.

O município com menor volume de chuva no mês passado foi Novo Oriente, com somente 5,5 milímetros registrado, uma variação negativa de 95,7¨% ante à média histórica da cidade (127,8 mm). 

Legenda: Chance de chuvas acima da média para os próximos meses caiu de 40% para 20%, conforme aponta a Funceme
Foto: Paulo Maciel

Próximos meses

Apesar dos baixos volumes registrados em fevereiro, o prognóstico para os meses de março, abril e maio segue positivo, embora tenha sofrido uma sensível atualização para baixo. No mês passado, a Funceme anunciou que a previsão para o trimestre fevereiro/março/abril era de chance de chuvas acima da média em 40%. 

Agora, para este próximo trimestre, o prognóstico caiu pela metade e, a probabilidade de chuva acima da média, é de 20%. Há, ainda, 45% de chance de ficar em torno da média e 35% de ficar abaixo da normal climatológica. 

Média histórica para o trimestre maio-abril:

  • Abaixo da média - abaixo de 403,9 milímetros
  • Dentro da média - de 403,9 milímetros a 574,6 milímetros
  • Acima da média - acima de 574,6 milímetros

O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins explica que, no início do ano, havia uma "condição altamente variável do Atlântico tropical, mudando a todo instante a temperatura da superfície do mar e isso causava uma imensa incerteza daquele prognóstico".

No entanto, completa o Sávio, para monitorar essas variações, foi lançado um sistema de previsão subsazonal para os dias seguintes. "Logo observamos que fevereiro seria um mês de poucas chuvas, utilizando o termo 'quebrado', para que ficasse refletido essa condição [de pluviometria abaixo da média]".

Essa nova previsão para o trimestre seguinte apresenta, ainda segundo o representante da Funceme, uma "piora no prognóstico" devido a um aquecimento ao norte do Atlântico Norte tropical e aquecimento ao Sul do Atlântico Sul. "A confluência de umidade não chega ao nosso continente para favorecer a formação de chuvas", detalhou Eduardo Sávio.

Chuva nos próximos dias

A previsão para esta terça e quarta-feira é positiva. Segundo a Funceme, hoje o céu deve permanecer entre variando de parcialmente nublado a poucas nuvens em todas as macrorregiões com chuva no Cariri. Nas demais macrorregiões, com chuva isolada. Já na quarta-feira de cinzas, "a alta possibilidade de chuva em todas as regiões".

 

 

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