Cearense que trabalhava como garçonete é aprovada no Revalida e grava reação de amigos; veja vídeo

Natural de Juazeiro do Norte, a médica passou por uma jornada de mais de 10 anos para alcançar o feito.

Escrito por
Geovana Almeida* geovana.almeida@svm.com.br

A médica cearense Nara Melo, de 35 anos, compartilhou nas redes sociais a sua aprovação no Revalida, exame realizado para validar diplomas médicos expedidos fora do Brasil. Após ser aprovada, a médica gravou a reação emocionante dos amigos ao receber a notícia.

O resultado do exame foi anunciado no último sábado (1º). Nara estava com colegas de profissão, que também realizaram a prova, quando recebeu um telefonema compartilhando o resultado do exame. Nas imagens que viralizaram nas redes sociais, a cearense liga para vários amigos próximos, que se emocionam, ao receber a notícia da aprovação da médica. 

Durante a formação em Medicina, Nara precisou trabalhar como garçonete, degustadora de vinhos e cuidadora de idosos para se sustentar e conseguir permanecer estudando no Paraguai, onde se formou em medicina, na Universidade Privada María Serrana. Em 2025, depois de formada, fez o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida), para conseguir atuar como médica no Brasil.

"Sempre tive no meu coração esse desejo de fazer medicina"

A cearense contou ao Diário do Nordeste que sempre quis ser médica. Entretanto, após terminar o ensino médio, Nara não conseguiu ingressar no curso de medicina. A realidade da cearense não permitiu que ela fizesse cursos preparatórios ou que pagasse uma faculdade particular. Na época, aos 21 anos, ela se formou em Enfermagem. 

"Por necessidade de dar uma vida melhor para a minha família, para conseguir ajudar financeiramente, eu fiz faculdade de enfermagem no Iguatu (CE)", complementou a agora médica.

Enfermagem e Medicina

Após se formar em Enfermagem, Nara trabalhou por 10 anos na área. A, até então enfermeira, atuou em vários municípios na região do Maciço de Baturité. Também foi gestora e secretária de saúde em Palmácia e Pacoti. 

Em 2017, ocupou o cargo de coordenadora do Hospital Municipal de Palmácia, quando decidiu largar tudo e retomar o sonho de ser médica. Por questões financeiras, Nara decidiu tentar uma vaga gratuita na Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. Diferente das faculdades brasileiras, que usam o vestibular para o ingresso, em instituições argentinas públicas, basta se inscrever no curso, seguir um ciclo com matérias específicas e, caso atinja a nota exigida, o candidato é aprovado. 

Nara passou 6 meses estudando gratuitamente na Argentina, mas não conseguiu se adaptar ao país. A jovem decidiu continuar a formação no Paraguai.

Mais de 40.000 brasileiros estudam no Paraguai

Antes de iniciar o curso no novo país, Nara retornou a Palmácia, onde voltou a trabalhar como plantonista de enfermagem. A ideia era se preparar financeiramente para morar na fronteira entre Brasil e Paraguai. 

"Uma mensalidade no Brasil, hoje, custa por volta de R$ 10 mil, uma mensalidade no Paraguai custa em volta de R$ 2 mil, então, é uma diferença muito grande, que pra quem está em busca de um sonho e não consegue passar no Enem no Brasil, por já ter uma idade um pouco mais avançada, busca no curso de medicina nesses outros países".

Legenda: A enfermeira trabalhava como garçonete para permanecer estudando.
Foto: Reprodução.

Até julho de 2024, o Paraguai abrigava 48.196 brasileiros com visto de estudante, sendo 34.023 com residência temporária e 14.173 com residência permanente, de acordo com um relatório da Direção Nacional de Migrações encaminhado à Embaixada do Brasil em Assunção, capital do país.

Durante o período em que cursava medicina, a cearense morou em Foz do Iguaçu e precisava atravessar a Ponte da Amizade - território que liga as fronteiras do Paraguai com o Brasil - todos os dias. Durante a pandemia, as fronteiras fecharam e Nara passou a estudar remotamente.

Para permanecer estudando, a então enfermeira trabalhava em festas particulares, restaurantes e bailões servindo cerveja. Além disso, ela trabalhava como enfermeira em ambulância e cuidava de idosos, atividade extra que segue até hoje. 

Nara e dona Marlene
Legenda: Nara e Marlene, idosa que ela cuida há dois anos
Foto: Reprodução

A cearense concluiu o curso em 2025 e prestou o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida). A segunda fase do exame custa cerca de quatro mil reais. Na época, ela não tinha o dinheiro para realizar o exame, até que uma amiga próxima pagou pela prova.

turma revalida
Legenda: Nara Melo e outros médicos em cursinho para prestar o 'Revalida'.
Foto: Reprodução

No último sábado (1º), Nara foi aprovada no Revalida e agora, aos 35 anos, pode exercer a medicina nacionalmente. "Eu acho que no fim eu fui muito iluminada por conseguir passar por todo esse processo e por conseguir vencê-lo", finalizou a médica.

*Estagiária supervisionada pela jornalista Geovana Rodrigues. 

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