Ceará não atinge meta em 9 das 10 vacinas de rotina para crianças em 2022; entenda os riscos

Recusa à vacinação tem crescido e desafia o sistema público de saúde a estimular procura

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Pais e responsáveis devem buscar atualização do cartão de vacina sempre que possível, recomendam secretários.
Foto: JL Rosa/SVM

Dados preliminares da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) indicam que o Ceará não atingiu as metas projetadas para 9 das 10 vacinas de rotina destinadas ao público infantil, no ano passado. O reforço na imunização de crianças está no radar da Pasta para 2023, a fim de evitar novas epidemias e até mesmo mortes.

Os dados foram apresentados em coletiva de imprensa, na última sexta-feira (10), e têm como base o sistema do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (Sipni). 

Apenas a vacina BCG, que protege contra a tuberculose, superou a meta, atingindo quase 106% de cobertura. Por outro lado, mesmo perto, imunizantes como poliomielite, rotavírus humano, catapora e hepatite A não ultrapassaram os 95% estimados pela Secretaria. 

Veja a situação por imunizante no infográfico:

As campanhas de vacinação, que ocorrem em períodos específicos do ano, também não tiveram resultado dentro do esperado:

  • Poliomielite: 86%
  • Influenza (gripe): 60,2%
  • Sarampo: 49,7%

Sem a proteção conferida pelos imunizantes, as crianças ficam sujeitas a doenças como  paralisia infantil, tétano, coqueluche, hepatite B, meningite, caxumba e rubéola. Elas podem causar, por exemplo, cegueira, surdez e retardo no desenvolvimento, além de levar a internações e até mesmo ao óbito.

“A cobertura vacinal não deve se vincular apenas a campanhas, ela se aumenta no dia a dia e é isso que queremos recuperar”, espera o epidemiologista Antonio Lima, secretário-executivo de Vigilância em Saúde da Sesa.

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Segundo ele, o cenário de imunização no Brasil mudou e exige mais proatividade do sistema público de saúde para estimular a procura. “A vacina por muito tempo esteve incorporada à nossa cultura, mas aumentou a hesitação vacinal”, percebe, referindo-se à relutância ou à recusa, apesar da disponibilidade da vacina.

No caso da influenza, favorecida pelas baixas temperaturas durante a quadra chuvosa, Antonio considera que a cobertura em 2022 “não foi ideal”. A campanha deste ano, em abril, deve enfatizar grupos de risco, sobretudo gestantes e puérperas.

Entre as ações destinadas a ampliar a vacinação no Estado, estão:

  • Assessoria técnica e capacitação de equipes municipais
  • Distribuição de vacinas e seringas
  • Elaboração de boletins e notas técnicas
  • Campanhas de sensibilização na mídia
  • Monitoramento e vigilância das coberturas vacinais

Para 2023, o Ministério da Saúde já divulgou o cronograma oficial de vacinas de rotina, em 5 fases. Entre fevereiro e março, haverá a aplicação e intensificação da vacina contra a Covid-19, inclusive entre crianças e adolescentes.

Em abril, começa a vacinação contra a influenza. Já na 5ª fase, em maio, haverá multivacinação de poliomielite e sarampo nas escolas.

Legenda: Sem vacinas, crianças ficam vulneráveis a doenças que podem causas até mesmo internações e deixar sequelas graves
Foto: Natinho Rodrigues/SVM

“A gente precisa recuperar a cobertura dessas vacinas que, antigamente, éramos referência. Vamos trabalhar na prevenção”, destaca Tânia Mara Coelho, titular da Sesa.

“Se você tem um filho ou filha que não está com o cartão de vacinação atualizado, vá ao posto de saúde. Não espere as campanhas de vacinação, mas vacine sempre que houver a oportunidade”, recomenda a médica.

Confira o calendário de vacinação oficial do Ceará, com a especificação de cada imunizante por idade, neste link.
  

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