Avisos de chuvas intensas no Ceará: como são feitos e qual a ‘margem de erro’ das previsões

Ao longo da quadra chuvosa, Estado recebe as previsões meteorológicos diariamente

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Chuva em Fortaleza
Legenda: Boletins diários apontam chance de chuvas e ventos intensos em todas as regiões do Ceará
Foto: Helene Santos

A chegada do período chuvoso no Ceará intensifica as postagens sobre previsão do tempo. Um dos avisos diários é emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que aponta a probabilidade de “chuvas intensas” no Estado – e que, muitas vezes, é “desacreditado” pela população.

“Se tem aviso de chuva, já sei que vai fazer sol!”, diz um usuário. “Vou já lavar roupa”, brinca outra, em comentários que se multiplicam. Mas como, de fato, são elaborados os avisos meteorológicos? Qual a "margem de erro" deles?

O Diário do Nordeste conversou com um meteorologista do Inmet para tirar dúvidas e entender as previsões.

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Todos os dias, se houver chance de precipitações fracas a moderadas nos municípios cearenses, um aviso do Inmet lista as áreas que devem ter mais chuvas e rajadas de vento, além de orientações à população em caso de incidentes.

Os avisos se classificam em amarelo, que representa “perigo potencial” devido às chuvas e ventos; laranja, com “perigo”; e vermelho, com “grande perigo”. No Ceará, em geral, as cidades são atingidas pelos níveis amarelo e laranja.

Os riscos para estes dois, como lista o Inmet, são os seguintes:

  • Aviso amarelo: chuvas de até 50 milímetros por dia e ventos entre 40 e 60 km/h;
  • Aviso laranja: chuvas de até 100 milímetros por dia e ventos entre 60 e 100 km/h.

O meteorologista Flaviano Fernandes, membro do Inmet, explica que, para elaborar e publicar os avisos, “é feito um briefing por todos os meteorologistas dos Dismes (Distritos de Meteorologia)”.

“Analisamos os modelos meteorológicos e imagens de satélite. A partir daí, verificamos quais regiões estão propícias à ocorrência de chuvas mais intensas”, pontua. 

Os graus de severidade dos avisos, então, ele complementa, consideram “se nessa localidade as chuvas serão fracas, moderadas ou fortes”.

Mas, afinal, quais as chances de a previsão acertar? Segundo ele, a margem de acerto é de 85% – ou seja, só há 15% de chance de o aviso não se concretizar e, portanto, não chover o quantitativo esperado para determinada região.

Outra dúvida é sobre quando uma cidade tem dois avisos distintos, como de “perigo potencial” e “perigo”. Na última segunda-feira (4), por exemplo, 20 municípios cearenses estavam nessa situação. Por que isso acontece?

Flaviano destaca que os avisos são elaborados por “áreas” – ou seja, as condições meteorológicas analisadas não são individuais de cada cidade.

“Então, alguns municípios recebem mais de um aviso”, cita o meteorologista, por estarem na transição entre duas regiões. Nestes casos, ocorrerá uma ou outra condição, ou seja, o acumulado de chuvas será aquele previsto no aviso amarelo ou no laranja, por exemplo.

Chuvas no Ceará em 2024

Em um 2024 com influência do El Niño, o Ceará tem 45% de chance de chuvas abaixo da média histórica, nos primeiros três meses da quadra chuvosa: fevereiro, março e abril. O prognóstico é elaborado anualmente pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

O órgão desenha ainda outros cenários possíveis: há 15% de probabilidade de chuvas acima da média e 40% de chance de os três primeiros meses da quadra chuvosa terminarem com acumulado em torno da média.

Os especialistas analisam que a quadra chuvosa deste ano será mais curta, com chuvas mais intensas no início e mais escassas depois. Fevereiro, por exemplo, terminou com o melhor acumulado de chuvas no Ceará em 17 anos.

Segundo as informações preliminares do Calendário de Chuvas da Funceme, que ainda podem ser atualizadas, choveu 230.4 milímetros no segundo mês do ano, quantidade 90% superior à média histórica para fevereiro, de 121.3 milímetros. Os dados foram colhidos às 15h da última sexta (8).

O resultado garantiu aporte em açudes e marcou fevereiro de 2024 como o 5º melhor da série histórica da Funceme, iniciada em 1973.

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