Adolescente morre em hospital do Interior do Ceará após receber medicação; Polícia investiga

A mãe de Ana Karolayne Silva Barros denunciou que a equipe de saúde do hospital disse ser "normal" a forte reação da filha à medicação administrada

Escrito por Redação ,
Fachada do Hospital Regional de Iguatu
Legenda: O caso aconteceu na emergência do Hospital Regional de Iguatu
Foto: Divulgação

Uma adolescente de 15 anos morreu na última segunda-feira (1º), no Hospital Regional de Iguatu, no centro-sul do Ceará, após tomar buscopan e dipirona na veia. Segundo Johnacris Saturnino da Silva Barros, mãe de Ana Karolayne Silva Barros, que a acompanhava na unidade de saúde, a jovem se queixava apenas de dores abdominais quando deu entrada na emergência. O caso é investigado pela delegacia local.

"Domingo [dia 31, véspera de Réveillon], ela [Ana] passou o dia brincando. De manhã [no dia 1º], acordou e disse: 'Mãe, me leva ao hospital, tô com dor na barriga'", lembrou Johnacris. As duas foram, então, ao Hospital Regional de Iguatu, onde a adolescente passou por acolhimento, triagem e atendimento médico. "Na triagem, a enfermeira perguntou o que ela estava sentindo, eu disse que ela estava com uma dor na barriga, aí ela mediu a pressão dela, que estava 14 por 10, e disse: 'Agora você espera, que o médico vai atender'", contou no relato apurado pelo Sistema Verdes Mares (SVM).

Na sala de medicação, após passar pela consulta médica, uma enfermeira administrou buscopan e dipirona na veia de Ana Karolayne, que, imediatamente, começou a relatar vista embaçada e enjoo. "Ela começou a dizer: 'Mãe, tô com a vista embaçada'. Eu perguntei à enfermeira: 'É normal?'. E ela disse: 'Sim, é o efeito da medicação'. Aí ela [Ana] começou a vomitar. E, quando começou a vomitar, disse: 'Mãe, tô com dor no peito'. [...] Aí só gritou e desmaiou", desabafou a mãe da adolescente.

Nesse momento, Johnacris voltou a falar para a enfermeira que a filha não estava bem e que tinha desmaiado, mas, novamente, teria ouvido se tratar de uma reação "normal" à medicação. "Comecei a gritar, chamar o médico. Não tinha médico na sala", disse. "Quando comecei a gritar e quebrar o hospital, o médico apareceu".

O médico teria repetido que a situação era "normal" e ameaçado chamar a Polícia para conter Johnacris, que, a essa altura, estava desesperada e registrava em imagens a situação. "Mandaram os guardas me tirarem [do local]. Depois, foi chegando a Polícia. Meu esposo veio, mas, quando ele chegou, não deixaram mais a gente entrar. Com um bom pedaço, ele [o médico] chamou meu esposo só para dar a notícia de que ela tinha falecido", compartilhou a mãe de Ana, que também denunciou que o profissional estava "mexendo no telefone" quando ela foi chamá-lo para olhar a filha.

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O que diz o hospital?

Em nota, a direção do Hospital Regional de Iguatu informou que o médico plantonista que atendeu Ana Karolayne verificou "sinais vitais dentro da normalidade e ausência de sinais de alarme". "Por conseguinte, foi realizada a prescrição de medicamento sintomático", continuou. O hospital alegou ainda que foi questionado à paciente e à acompanhante a respeito de possíveis alergias medicamentosas, mas ambas negaram.

"Logo após a administração do fármaco, a paciente manifestou complicações graves e foi encaminhada imediatamente à sala de estabilização, onde foi prestada toda a assistência adequada. No entanto, a paciente não apresentou melhora, vindo a óbito. Neste momento de dor, expressamos nossos mais sinceros sentimentos à família e nos colocamos à disposição para maiores esclarecimentos", concluiu a unidade.

O caso foi registrado em boletim de ocorrência pela família na Delegacia Regional de Iguatu e é investigado pela Polícia.

O corpo de Ana Karolayne foi sepultado nessa terça-feira (2), no cemitério Parque da Saudade, em Iguatu.

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