Sobrecarga do planeta é o recado emergencial do espetáculo “Gaia”, de Adna Oliveira

A cantora carioca, radicada no Ceará, apresenta seu novo show, 'Gaia', neste sábado (6), pelo You Tube do Centro Cultural Belchior

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Adna gravou o show acompanhada pelo músico e produtor Cláudio Mendes
Foto: Hei Nascimento

Adna Oliveira, cantora e atriz carioca, radicada no Ceará desde os anos de 1990, vê a humanidade sem a reflexão devida, sobre o que se passa nesses tempos de pandemia. Reconhecendo a tensão dessa época de isolamento social – sob o risco de doença e morte, a artista acredita que só uma reconexão do ser humano com a natureza seria capaz de fazer o “caminho de volta” para o equilíbrio da nossa existência na Terra. 

Ela cita pesquisadores como Allan Carlos Pscheidt (SP) para dar um diagnóstico sobre as lições - ainda mal digeridas - que a pandemia nos trouxe.  "De acordo com ele, precisamos nos preocupar urgentemente com o consumo desenfreado, a destruição recorrente do planeta e as mudanças climáticas. A disseminação do novo coronavírus é resultado direto disso”, resume a cantora. 

Adna lança neste sábado (6), às 16h, o espetáculo “Gaia” - uma referência a essa necessidade de preservação da Terra. O show foi gravado no último dia 24 de janeiro, na Casa Absurda (Aldeota), e traz quatro canções, pelas quais a cantora é acompanhada pelo músico e produtor Cláudio Mendes. A transmissão ocorrerá pelo canal no You Tube do Centro Cultural Belchior.  

Legenda: Radicada no Ceará, a cantora se engajou na atuação das ONGs
Foto: Hei Nascimento

“O 'Gaia’ quer chamar a atenção para refletirmos, sobre como esses danos à natureza afetaram e afetam diretamente as relações entre nós humanos. A primeira é quando pensamos no ser humano fora da natureza e não como parte integrante, numa dicotomia tão bárbara e violenta que resulta nas questões de gênero, de raça, de classe”, observa a cantora. 

O alerta, para Adna, não é apenas social, e surgiu também de uma angústia particular. Aos 63 anos, ela recapitula como teve dificuldade de produzir artisticamente durante a pandemia e chegou a crer, de alguma forma, que a maior parte das pessoas passaria por uma mudança de prioridades na vida.  

Ela conta como foi duro “ver amigas e amigos artistas, entregando suas casas sem condição de pagar aluguel, se virando fazendo bolos, doces pra vender, outros se viram obrigados a vender seus instrumentos e equipamentos, ferramentas de trabalho para atender minimamente suas necessidades e família”, por exemplo.  

No entanto, Adna encontrou um respiro no próprio incentivo de seus pares, como o produtor e músico Caio Castelo – nome envolvido na produção de seu primeiro single, lançado no ano passado. “Lancei aos 63 anos de idade, em todas as plataformas digitais, essa música (‘Canção do Vento’) que já vínhamos produzindo desde antes da pandemia”, situa.  

Rio de Janeiro 

31 anos radicada no Ceará, Adna voltou poucas vezes ao Rio de Janeiro desde então. “Os parentes ficam chateados (risos). (Nesse tempo) só fui ao Rio duas vezes, e a última em 2011”, lembra. 

Engajada nos movimentos sociais, na mudança do Rio, para o Ceará, ela partiu da experiência junto às associações de moradores de lá e, já na capital cearense, procurou emprego no terceiro setor. Ficou empregada de 1991 até 2016, na ONG Visão Mundial. 

“Mesmo amando a arte desde sempre, as condições de vida me fizeram optar em dar prioridade para a sobrevivência, trabalhar para ter um lugarzinho melhor ao sol. Por isso, toda minha formação nas artes vem da vivência, de muito amor e de frequentar vários cursos”, situa Adna. 

Teatro 

Da vivência com a música, Adna criou um elo com o teatro, primeiro, pela atuação em musicais. Em 2011, ingressou no Conservatório de Música Alberto Nepomuceno e, com o apoio da professora Marta Carvalho, integrou o coral da casa e passou a atuar em espetáculos nesse formato cênico-musical.  

“Fiz ´Os Saltimbancos´, e musicais da Disney que me deram bagagem para, em 2017, ser aprovada para participar da Broadway Brasil - pela qual tive a oportunidade de passar uma semana estudando com renomados artistas nacionais e internacionais, como Annette Tanner e Quentin Darrington”, lembra.  

Saindo da interseção entre o teatro e a música, ela se envolveu mais com as artes cênicas até o ano passado – quando filmou seu quatro curta-metragem. “Fiz dois pela Escola Porto Iracema das Artes, e o mais recente com os alunos de cinema da Unifor. Então, me considero cantora e atriz também, e compositora em desenvolvimento”, conclui.  

Assuntos Relacionados