Nordeste lidera número de projetos selecionados no Rumos Itaú Cultural 2024

Edital inaugura formato diferente, com foco em projetos de criação artística; questões raciais negras, indígenas, de cultura periférica, bem como temas intergeracionais e LGBT+, são destaque

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Temáticas como a indígena são destaque em parte dos projetos selecionados
Foto: Natinho Rodrigues

O Nordeste ocupa a dianteira entre os selecionados na edição 2023-2024 do Rumos Itaú Cultural, um dos mais importantes editais privados do Brasil. No total, 41% dos 100 trabalhos escolhidos em todo o país pertencem à região. O número de inscrições também merece destaque: 23,4%. “Percebo uma grande potência na diversidade desses projetos”.

A fala é de Valéria Toloi, Gerente de Formação do Itaú Cultural, durante coletiva na manhã desta segunda-feira (6). Segundo ela, há importantes iniciativas no território contemplando fartura de linguagens – do audiovisual à dança, passando pela literatura e a moda. “Buscamos equidade na questão regional, logo é muito significativo ter o Nordeste liderando a seleção”.

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No Ceará, quatro ações receberão apoio do Rumos. De Quixeré, “Oniroscópio: A Máquina dos Sonhos”, de Chico Henrique, envolve o Teatro; “As garotas do fantástico não falam”, da Akan Produções, traz Fortaleza no Audiovisual, bem como “Marimbã está acontecendo”, de Marin Monteiro Maciel. Por fim, está “O Leilão”, HQ de Débora Cristina Lima.

O Estado também é um dos lugares impactados em “[B]errantes”, da Associação Gira Mundo, de Macapá (AP), cujo projeto teatral envolve também Amazonas, Paraíba, Santa Catarina, São Paulo, África do sul, Bélgica e México, além do próprio Amapá.

Investir na criação artística

Com novo formato – focado somente em projetos de criação artística relacionados à arte e à cultura brasileiras – a 20ª edição do Rumos segue atenta às questões contemporâneas brasileiras. Não à toa, discussões raciais negras, indígenas e de cultura periférica, assim como temas intergeracionais e com temática LGBTQIAPN+, são destaque.

“Neste ano, nosso mantra foi ‘Tempo de criar’. Ou seja, para nós importa o produto final e, da mesma maneira, o processo de criação. Selecionamos tanto projetos de capitais quanto do interior, validando a força de cada iniciativa”, situa Valéria. Ela também afirma o compromisso do Itaú de acompanhar os selecionados a partir de agora.

Artistas selecionados têm até um ano e meio para execução dos trabalhos – sem que, necessariamente, possuam um produto final, reiterando a prerrogativa da instituição à frente do edital de promover a fruição da arte. “Querer escrever um livro ou uma dramaturgia sem que necessariamente o livro ou a peça seja publicado ou encenada faz parte também”.

Questionada se haverá a possibilidade de uma exposição final na própria sede do Itaú Cultural, em São Paulo – reunindo todos os trabalhos em um espaço só – Valéria explica que o processo ainda está em estudo. Caso haja, acontecerá em 2025.

A forma de seleção dos projetos desta edição foi mantida em três etapas. A primeira, de avaliação; a segunda, de seleção e, por fim, a de viabilidade técnica, jurídica e orçamentária. Desde 1997, quando foi lançado, o Rumos Itaú Cultural já recebeu 75 mil inscrições, contemplou 1500 projetos e impactou sete milhões de pessoas.

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