Rapper Rico Dalasam volta a Fortaleza com show gratuito do novo álbum, 'Escuro Brilhante'
Apresentação ocorre neste sábado (27), no Anfiteatro do Dragão do Mar
Depois de quase sete anos longe dos palcos cearenses, o rapper paulista Rico Dalasam retorna a Fortaleza neste sábado (27), para o show de encerramento do projeto Férias no Dragão. O evento ocorre no Anfiteatro do Dragão do Mar, a partir das 19h30, com acesso gratuito. Antes de Rico subir ao palco, o rapper cearense Nego Gallo apresenta o show “O importante é enquanto se é presente”, que reúne sucessos do álbum Veterano (2019) e uma prévia de seu próximo disco, YOPO.
No repertório de Rico também há novidades: serão protagonistas as canções de seu novo álbum, “Escuro brilhante, último dia no orfanato Tia Guga”, lançado em dezembro do ano passado. O show ainda fará um passeio por composições de outros períodos da carreira do cantor, que começou a se dedicar ao rap em 2014.
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Na época, Rico despontou rapidamente no cenário do rap, tanto pela qualidade como letrista quanto pelo fato de ter sido o primeiro rapper brasileiro abertamente gay a ter projeção nacional.
Apesar de recém-lançado, o álbum mais recente de Rico já faz sucesso com os fãs e a crítica. O disco funciona como um ensaio do retorno do artista ao pop, gênero com o qual Dalasam começou a flertar em 2016.
Um dos destaques da época é a música “Todo Dia” – composição na qual faz feat. com Pabllo Vittar. Desde então, porém, Rico vem se dedicando a trabalhos mais melancólicos.
Nada que eu fiz, que eu tô fazendo e que eu farei eu tenho que deixar para trás. Tem uma hora que tudo se choca, tudo se junta, tudo se encontra, todos os pontos. O tempo coloca as coisas para se encontrarem.
Em entrevista ao Verso, Dalasam comentou sobre o processo de criação de “Escuro Brilhante”, os projetos para 2024 e o carinho que tem pelo Ceará.
Novo álbum
Primeiro trabalho com canções frescas e leves em muito tempo, “Escuro Brilhante” traz um clima de verão sem deixar de lado o que antecedeu os dias de sol. Segundo o rapper, o trabalho trata de um momento em que fez as pazes com sua própria história e a reconheceu como sua de fato.
O título remete a vivências da infância de Rico, mas as reflexões que permeiam as letras – solares, e intensas – também se voltam para a fase de maturidade artística e emocional do cantor, que vê o disco como um momento de reinvenção pessoal.
Não sei se o disco é pop no sentido como o mercado entende esse termo, mas é popular no sentido do Brasil, das festas populares, dos entendimentos populares de celebração, do verão, do Carnaval. É um lugar celebrativo, isso não dá pra negar.
O disco, que começa com o marcante poema “Doce”, é cheio das pequenas alegrias vividas após um processo de cura. A sonoridade pop acompanha a nova fase, mixando rap, R&B e batidas eletrônicas – uma forma, segundo Rico, de voltar às pesquisas musicais que desenvolvia no início da carreira.
Produzido por Dinho Souza e Mahal Pita e com participações das cantoras Liniker e Eliana Pittman, o trabalho fecha a trilogia iniciada com Dolores Dala Guardião do Alívio (2021) e Fim das Tentativas (2022).
"Rasgo e remendo o amor, eu brilho no escuro"
Ao elaborar as canções escolhidas para Escuro Brilhante, Rico conta que precisou retornar a questões não resolvidas e memórias que sedimentaram sua visão de mundo. “Para eu falar outra vez de amor e de celebração, eu precisava ir num lugar denso, fundo, em que eu lembrasse e revisse minhas noções de tempo”, destaca.
Esse retorno não se pretende documental, explica, e sim contemplativo. “Acho que as nossas orfandades existem para que a gente de fato construa nossos mundos. E, às vezes, a orfandade não é num sentido literal, mas na gente se vendo num lugar de ausência para construir. As ausências são um convite para a construção de pilares, lugares e oportunidades”.
Para Rico, foi esse caminho de elaborações que o conduziu a uma “luz nova” e permitiu que, mais uma vez, ele se debruçasse sobre temas mais leves e alegres, diferentes dos trabalhados nos dois álbuns anteriores. O artista vê o álbum como um momento de “chegada em um lugar que estava procurando chegar”.
“Tentei me divertir, ser feliz, amar, trocar, brincar e não me restringir. Aí vieram essas músicas, que são da ordem da alegria, da celebração, eu me celebrando também”.
Turnê, podcast e lançamento do primeiro livro
A nova turnê deve ocupar boa parte do tempo de Dalasam, mas o artista promete ainda outros projetos para 2024. Após o verão, época em que a divulgação do álbum será mais intensa, um podcast focado em poesia deve ser lançado pelo artista, que vê o programa – cujo título será O Último Dia no Orfanato Tia Guga – como um ensaio para algo ainda maior: o lançamento de seu primeiro livro.
“Nos episódios do podcast, vou narrar de maneira poética o que imagino que será o primeiro livro. O livro em si eu não sei se vem agora, mas o podcast já será um exercício de literatura e de escrita”, conta.
Além de prometer um ano voltado para “fazer a música chegar para as pessoas”, Rico revela uma vontade antiga: vir mais vezes ao Ceará.
É um lugar que me refaz, me deixa alinhado comigo. Me sinto guardado, vivo, muito vivo, sabe? É um lugar que me traz pensamentos mágicos, ideias boas.
Mesmo tendo se apresentado poucas vezes em Fortaleza – a primeira foi na Feira da Música, na Praça dos Leões, em 2015, e a segunda no Órbita Bar, em 2017 – , o artista vem com frequência à Capital para visitar amigos e pegar a estrada para conhecer novos destinos no Estado.
“Acho que o Ceará é um dos meus lugares preferidos no mundo, e eu já fui em vários lugares do mundo”, brinca. “A gente tem um lugar no mundo, onde está o nosso céu, onde estão as nossas estrelas, e certamente as minhas estão no Ceará”.
Serviço
Show “Escuro brilhante, último dia no orfanato Tia Guga”, com Rico Dalasam
+ Show de abertura “O importante é enquanto se é presente”, com Nego Gallo
Endereço: Anfiteatro do Dragão do Mar (R. Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
Horário: A partir das 19h30
Mais informações: dragaodomar.org.br e @dragaodomar
Acesso gratuito