Projeto de música e documentário resgata história do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto
Pingo de Fortaleza em parceria com o cineasta Rosemberg Cariry refletem sobre o massacre no Cariri por meio da arte
O multiartista Pingo de Fortaleza lança, nesta quinta-feira (09), em parceria com o cineasta Rosemberg Cariry, o projeto fonográfico “Suíte do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto”. O projeto artístico é composto por um álbum virtual, um LP e um documentário que resgatam a história do massacre da comunidade Caldeirão da Santa Cruz do Deserto.
Além do lançamento virtual do álbum – que ficará disponível para download no site Digital da Música Cearense – e de uma audição didática presencial nesta quinta (09), no Centro Cultural Banco do Nordeste de Juazeiro do Norte, o repertório de “Suíte do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto” será apresentado em três shows gratuitos no Ceará nesta semana.
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O primeiro show será na próxima sexta-feira (10), na Praça Padre Cícero, em Juazeiro do Norte; o segundo, no próximo sábado (11), no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, no Crato; e o último, no domingo (12), no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza. As apresentações começam sempre às 19h. Haverá ainda uma segunda audição didática no dia 16 de maio, no Centro Cultural Banco do Nordeste da Capital.
O conflito ocorreu no Crato, em 11 de maio de 1937. Naquele dia, sob ordem do Governo Federal, as Forças Armadas e a Polícia Militar do Ceará invadiram o Sítio Caldeirão, assassinaram parte de seus moradores e expulsaram os sobreviventes. O líder da comunidade, beato José Lourenço, conseguiu fugir com alguns seguidores e se tornou símbolo do movimento de resistência no Ceará.
No palco, em uma mistura que traz maracatu, boi, ciranda, xote e baião, se apresentarão, junto a Pingo, cerca de 70 pessoas – artistas cearenses jovens e já consagrados, especialmente oriundos do Coral da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
“Suíte” vem do francês “sucessão, conjunto”. Esse termo começou a ser usado na Renascença, só para a dança, mas no Barroco começou a ser usado também para um conjunto de músicas que envolvem uma sequência. Resolvi utilizar esse nome porque é um conjunto de sete canções que contam uma mesma história.
Com mais de 40 anos de carreira e 30 discos autorais lançados, Pingo de Fortaleza destaca que o novo trabalho remonta a seu primeiro projeto fonográfico, Centauros e Canudos (1986). O artista conta que as músicas foram feitas em 2021, em sete dias de composição, durante um quadro de Covid-19 – já vacinado, com sintomas leves, se dedicou a musicar as letras que recebia do amigo Rosemberg.
“Sempre estive próximo a este tema e, em muitas ocasiões, minha amiga Dane de Jade (atriz, pesquisadora e gestora cultural) me instigava a fazer um trabalho sobre o Caldeirão, já que tinha feito um sobre Canudos”, conta Pingo. “É um tema que cabe a todos nós, cearenses, e que tem peculiaridades, apesar de ter semelhanças com Canudos”.
Para o músico, a ideia de tratar deste tema parte da necessidade de relembrar movimentos que conseguiram de alguma forma, “exemplificar uma maneira diferenciada de viver, compartilhando a produção, dentro de uma certa espiritualidade comum, de uma visão de acolhimento”.
Parceria histórica
O cineasta Rosemberg Cariry, parceiro profissional de Pingo desde a época de Centauros e Canudos, foi convidado para o projeto por ser “um profundo conhecedor da temática”. Além de dirigir o documentário, o artista escreveu todas as letras do álbum, que foram musicadas por Pingo, com inspiração no movimento armorial.
“São sete letras que vão narrando a história do Caldeirão, desde a chegada do beato José Lourenço ao Juazeiro do Norte até a destruição do Caldeirão, em 1936. Na última composição, falamos de um Caldeirão que renasce como esperança e festa nas romarias do povo nordestino, em Juazeiro”, explica Rosemberg.
Com o trabalho, Cariry volta a um tema que sempre foi de seu interesse. Em 1986, enquanto Pingo lançava um disco em alusão à Guerra de Canudos, Rosemberg lançava o documentário O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, que narrava a história da comunidade religiosa daquela época.
Recentemente, o cineasta voltou a estudar o Caldeirão durante a tese de doutorado – mas garante que, no álbum, a linguagem tem uma "poética mais livre". “A cada época, quando nos debruçamos sobre o tema, percebemos novos ângulos de análise e a história só faz crescer em importância”, afirma.
Serviço
Lançamento de “Suíte do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto - Pingo de Fortaleza e Rosemberg Cariry”
Quinta-feira (09/05)
Lançamento do projeto fonográfico nas plataformas digitais e no site Digital da Música Cearense + Audição didática e exibição do documentário em Juazeiro do Norte
Endereço: Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri (R. São Pedro, 337 - Centro)
Horário: 18h30
Sexta-feira (10/05)
Concerto de lançamento em Juazeiro do Norte
Endereço: Praça Padre Cícero (Centro)
Horário: 19h
Sábado (11/05)
Concerto de lançamento no Crato
Endereço: Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo (Av. Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1 - Gizélia Pinheiro)
Horário: 19h
Domingo (12/05)
Concerto de lançamento em Fortaleza
Endereço: Cineteatro São Luiz (R. Major Facundo, 500 - Centro)
Horário: 19h
Quinta-feira (16/05)
Audição didática e exibição do documentário em Fortaleza – 16/05, às 18h30
Endereço: Centro Cultural Banco do Nordeste (R. Conde d'Eu, 560 - Centro)
Horário: 18h30
Mais informações: @caldeiraodasantacruz
Acesso gratuito em todos os eventos