Período de quarentena exige cuidado redobrado com crianças; veja dicas de segurança

Pais devem atentar para o movimento na cozinha e perto de janelas

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Durante a quarentena, pais e mães têm mantido as crianças em casa, sem o auxílio da escola, da acolhida de avós e dos demais parentes, dentre outras formas de apoio à criação dos pequenos. Hoje, também, é situação comum uma família de 3 ou 4 pessoas, por exemplo, dividir o espaço em apartamentos de dimensões bem limitadas, o que pode dificultar o equilíbrio da criança e sua necessidade de brincar e gastar energia.

Nesse contexto, é necessária a atenção de pais e cuidadores para prevenir acidentes domésticos enquanto durar o confinamento, e o movimento infantil acontecer sob restrições. Para a pediatra e professora do Curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, Fernanda Colares, os três principais riscos com crianças dentro de casa envolvem quedas, intoxicações e queimaduras.

Os pais devem atentar para o movimento na cozinha, por exemplo. O cabo das panelas não pode ficar virado para o lado de fora do fogão, a fim de evitar que as crianças puxem e provoquem um acidente."De preferência, é bom usar só as bocas de trás do fogão. E se puder restringir o acesso da criança ao local, enquanto está cozinhando, é melhor", orienta Fernanda.

Para ocupar as crianças, a pediatra sinaliza que é saudável cozinhar junto aos pequenos, mas sempre sob supervisão, para eles não se queimarem ou se machucarem com facas, dentre outros objetos cortantes. Ainda na cozinha, a médica enfatiza o cuidado com o acesso a espaços que abrigam produtos de limpeza, remédios, venenos, caixa de ferramentas. "Tem gente que guarda ácido muriático para desentupir pias, por exemplo. Esse material precisa estar guardado sempre em armários altos e com chave", acrescenta.

Outro ponto que merece vigilância é a eletricidade. O cuidado com tomadas e fios hoje envolve, sobretudo, um item quase "onipresente" na vida dos adultos e parte das crianças: o celular. Os bebês correm o risco de colocar o aparelho ou seu carregador na boca, e as crianças maiores podem levar choque ao tentar manusear o equipamento ligado à tomada.

As crianças que estão na "fase oral" (de 0 a 2 anos) precisam ser protegidas das peças pequenas dos brinquedos e dos utensílios domésticos. Na sala e em outros espaços da casa, é necessário ainda restringir a circulação dos pequenos se houver mesas de vidro, enfeites que possam quebrar e cortá-los.

"É um cuidado com qualquer coisa que fica guardada fora do lugar certo e à disposição do alcance das crianças", destaca Fernanda Colares.

Água

Outro foco de atenção dos pais é a banheira e, nas casas e condomínios com área de lazer, as piscinas. Para não correr qualquer risco de afogamento, o acesso à piscina deve ser cercado. E mesmo que a criança saiba nadar, é sempre bom que ela seja acompanhada de um responsável durante o banho.

A pediatra Fernanda Colares observa que o fato de a criança estar presa em casa, enquanto houver quarentena, não elimina a necessidade de ela gastar energia. A médica recomenda ser criativo, nesse sentido, com os espaços do lar.

"Se a família tiver varanda com proteção, é bom usar esse espaço. E nas áreas comuns dos condomínios, pode se tentar um acordo. Pra evitar aglomeração, as famílias podem se revezar para aproveitar a área comum, pra depois a criança não ficar se pendurando, subindo onde não deve dentro do apartamento", explica.

A especialista destaca que alguns condomínios têm controlado, inclusive, o número de pessoas a cada deslocamento dos elevadores. As áreas comuns têm sido abastecidas, também, com pequenos depósitos de álcool em gel, para facilitar os cuidados de prevenção da contaminação do novo coronavírus.

Restrições

Fernanda Colares pondera, no entanto, que embora o acesso dos pequenos às áreas comuns dos condomínios possa ser organizado, o ideal é que não haja interação direta entre as crianças vizinhas. "Aí há realmente um risco de se contaminar. Porque a criança não sabe lavar as mãos por iniciativa própria, daí bota mão no brinquedo, depois na boca, e pega no brinquedo de novo. É recomendado que cada uma desça, uma por vez, e interaja com as pessoas que já convivam com ela dentro de casa, e que não estejam com sintomas gripais", orienta a pediatra.

Para passar pela quarentena da melhor maneira possível e prevenir acidentes, Fernanda reforça que a orientação geral envolve a presença dos pais junto às crianças, em diversos momentos da nova rotina. "Podem pintar, desenhar, jogar. Descansar juntos, ver televisão. Fazer um pouco de tudo", sintetiza.

- Objetos pequenos: Tudo o que o bebê pega, pode ir à boca. Fique atento a coisas muito pequenas que podem sufocar. Moedas, botões, parafusos e peças pequenas de brinquedos devem ficar longe das crianças;
- Objetos cortantes: As tesouras, facas e outros objetos cortantes devem ser guardados em um local seguro, longe dos olhos e das mãos das crianças;
- Medicamentos: É importante deixar os remédios em local inacessível às mãos das crianças. Sempre rosquear bem as tampas, evitando assim intoxicações;
- Tomadas: Para evitar choques, o ideal é colocar protetores que isolem as tomadas, evitando que as crianças pequenas coloquem o dedo ou objetos metálicos no local;
- Panelas: Deixar os cabos das panelas sempre virados para dentro, evitando que as crianças possam alcançá-los e se queimar. Também tentar usar as bocas de trás do fogão;
- Produtos de limpeza: O armário de produtos de limpeza deve estar sempre bem trancado e os materiais devem estar nas prateleiras mais altas. Há risco de grave intoxicação ou até morte;
- Piscina: É importante que o acesso ao local seja completamente bloqueado para crianças, para evitar o risco de queda e afogamento. E elas nunca devem ficar sozinhas, mesmo em piscinas rasas e de plástico
- Acesso a escada é perigoso para crianças de todas as idades. Grades de proteção isolando o acesso podem ajudar na prevenção dos acidentes;
- Janelas: Redes de proteção ou grades podem evitar quedas

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