“Ainda estou aqui” está fazendo aquele sucesso, como já era esperado, mas os meus olhos só olham para Fernanda Torres e as suas escolhas de looks nas premieres do filme
No feriado do dia 15 de novembro, fui ao cinema assistir “Ainda Estou Aqui”. Tudo no filme já me interessava desde o início: o Marcelo Rubens Paiva, que escreveu um dos melhores livros que já li na vida (Feliz Ano Velho), a temática da história e a Fernanda.
Assisti, me emocionei e, como o Brasil inteiro, fiquei obcecada com o filme e com tudo que está por trás dele. Na minha cabeça toca em looping a música do Erasmo Carlos e sempre que eu fecho os olhos, vejo Fernanda. Ela que não é nenhuma novata, nem nas telonas e nem nas histórias sobre a ditadura militar.
Sim, Fernanda tá absurda no filme. Maior que os espólios da ditadura, maior que qualquer premiação, maior que o Oscar. E como se não bastasse, Fernanda me encanta nos tapetes vermelhos das premieres do filme.
Nunca vesti alguém pra um tapete vermelho, mas imagino o quão difícil seja vestir alguém que representa uma vida. Vestir alguém nessa situação pede cuidado com a história, com as vidas vividas e na própria pessoa vestida, e é assim que Fernanda tem me encantado com os seus looks que transparecem tão bem quem ela é, mas tão cuidadosamente conta da vida da Eunice e do Rubens.
O Antônio Frajado, stylist da Fernanda, tem feito um trabalho sensacional usando marcas internacionais, mas sem esquecer das nacionais. Ainda que quem se apresente nessas ocasiões seja a atriz e não a personagem, ainda é um trabalho e precisa simbolizar todo mundo que se envolve. A atriz Blake Lively poderia aprender uma coisa ou outra com essa dupla.
Isso me faz pensar muito sobre esse traje que pede por adequação, mas não é uma fantasia. O que Fernanda tem vestido ensina e exemplifica muito bem o que é esse “adequar-se” que tanto se exige de nós mulheres, especialmente no ambiente de trabalho - qualquer que ele seja. Mostra que existe aí, no meio do caminho, uma roupa “não-fantasia” que te representa, te adequa e conta todas as histórias que precisam ser contadas.
Não dá mesmo pra se vestir de Cinderela, como a própria Fernanda Torres disse, para divulgar um trabalho tão forte, mas tão delicado. Mas dá pra se vestir de Eunice, de força, resiliência e amor, sem deixar de ser a Fernanda.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora