No Centro de Fortaleza, restaurante Annapurna propõe gastronomia bondosa, orgânica e acessível

Com base na cultura indiana, mas oferecendo cardápios que passeiam pela gastronomia mundial, restaurante convida o público para experiência de respiro

Escrito por João Gabriel Tréz , joao.gabriel@svm.com.br
Restaurante Annapurna oferece diferentes pratos veganos e vegetarianos com opções baseadas nas gastronomias indiana, árabe, italiana, mexicana, tailandesa, oriental e regional
Legenda: Restaurante Annapurna oferece diferentes pratos veganos e vegetarianos com opções baseadas nas gastronomias indiana, árabe, italiana, mexicana, tailandesa, oriental e regional
Foto: Thiago Gadelha

Para adentrar a casinha cor de salmão que fica ao número 34 da rua Paracuru — no Centro de Fortaleza, mas num refúgio de calmaria em meio à correria do bairro —, é preciso tocar um sino para anunciar a própria chegada. Uma vez recebido por um dos membros da equipe do local, é feito um pedido: “Por amor, deixe aqui seus sapatos”. 

Do soar do instrumento aos pés descalços, o processo de entrada ajuda a imergir na experiência proposta pelo restaurante Annapurna, espaço que oferta diversas opções de pratos vegetarianos e veganos baseado em princípios da cultura indiana. O convite é por outra forma de encarar o ato da alimentação.

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Sagrada e com bondade

No salão do primeiro piso da casa, as mesas baixas e almofadas confortáveis possibilitam a experiência de almoçar ao nível do chão
Legenda: No salão do primeiro piso da casa, as mesas baixas e almofadas confortáveis possibilitam a experiência de almoçar ao nível do chão
Foto: Thiago Gadelha

Quem rege o Annapurna é o cearense Nitya Sukhi Romero, 61 anos, que materializa no empreendimento diversas filosofias e experiências vivenciadas por ele ao longo das décadas. “Saí do Brasil em 1985 e fui morar nos Estados Unidos, acabei no Havaí”, inicia. 

A saída do País é fato central para a criação do restaurante, uma vez que foi pelo mundo que Nitya, por exemplo, se aproximou do movimento hare krishna, do trabalho com gastronomia e das bases indianas que norteiam o espaço.

Nitya Sukhi Romero, 61 anos, materializa no Annapurna diversas filosofias e experiências vivenciadas por ele ao longo das décadas
Legenda: Nitya Sukhi Romero, 61 anos, materializa no Annapurna diversas filosofias e experiências vivenciadas por ele ao longo das décadas
Foto: Thiago Gadelha

“Se diz que o hare krishna é a religião da cozinha”, ressalta Nitya, que explica que o Annapurna promove a chamada dieta sáttvica: “Alimentação no modo da bondade”, resume. Com ingredientes naturais e buscando insumos sem violência, o restaurante traz opções veganas e vegetarianas.

É comida “bonita, gostosa e sadia, que ajuda a pessoa a ter paz”, como ele costuma brincar — ainda que com bastante verdade. Annapurna, na cultura hindu, é a deusa da alimentação. “É coisa sagrada”, atesta.

Início do Annapurna

Casa que acolhe o Annapurna fica entre a Cidade da Criança e a Praça Pajéu, no Centro de Fortaleza
Legenda: Casa que acolhe o Annapurna fica entre a Cidade da Criança e a Praça Pajéu, no Centro de Fortaleza
Foto: Thiago Gadelha

Nas andanças pelo mundo, Nitya trabalhou em cozinhas, angariando conhecimentos diversos. “Meu aprendizado foi autodidata e na prática, seguindo receitas”, diz. Ao voltar para Fortaleza, em 2010, passou a partilhar o que aprendeu pela cidade.

Primeiro em feirinhas, nas quais oferecia de samosas — espécies de pastéis indianos — a bolos. Com dedicação e esforço coletivos, o projeto cresceu e passou a ocupar a casa na qual segue até hoje, um imóvel de família em uma agradável ruazinha sem saída entre a Cidade da Criança e a Praça Pajéu.

De terça a domingo, o espaço abre para almoço ofertando a R$ 26 refeições que incluem suco e, de entrada, dahl — uma tradicional sopa indiana que, no Annapurna, é geralmente feita com base de ervilha e legumes.

Do sino ao convite para tirar os sapatos na entrada, Annapurna convida para uma experiência de respiro
Legenda: Do sino ao convite para tirar os sapatos na entrada, Annapurna convida para uma experiência de respiro
Foto: Thiago Gadela

Diversidade de opções

Apesar de ter a Índia como base e norte para o espaço, o cardápio do Annapurna promove um passeio por sabores do mundo todo com as opções de pratos principais.

Opções do Annapurna vão de pratos a sanduíches, sempre com opção vegetariana e vegana
Legenda: Opções do Annapurna vão de pratos a sanduíches, sempre com opção vegetariana e vegana
Foto: Thiago Gadelha

É possível experimentar os pratos indiano, árabe, italiano, mexicano, tailandês, oriental e regional, que vêm sempre acompanhados de arroz, feijão e salada de legumes e vegetais. Há, ainda, o veggie burger, feito de grão de bico ou ervilha, e o sanduíche de falafel no pão árabe. 

“O Havaí é muito diverso, tem gente de todas as partes do mundo, então tive a oportunidade de comer comida mexicana feita por mexicanos, árabe por árabes, indiana por indianos”, contextualiza Nitya. “A gente decidiu diversificar o cardápio para agradar a todos os paladares e atrair mais pessoas”, avança.

Veggie burger do Annapurna é feito de ervilha ou grão de bico
Legenda: Veggie burger do Annapurna é feito de ervilha ou grão de bico
Foto: Thiago Gadelha

Além do uso na gastronomia, o Annapurna também agrega lado religioso e cultural. Nitya diz, por exemplo, que atua também na tradução de escrituras do sânscrito para o português. Há, ainda, um grupo virtual dedicado a estudos da cultura védica.

“Para mim, o restaurante não é uma atividade comercial. Já tenho 61 anos, o tempo de querer ganhar dinheiro e ficar rico — e eu nunca me dediquei muito a isso — já passou. Então, chega esse estágio da vida onde você quer fazer alguma coisa que se sinta bem fazendo, que dê algum benefício às outras pessoas”, celebra.

Centro Cultural Annapurna

Quando: funcionamento de terça a domingo, de 11h às 14h30
Onde: rua Paracuru 34, Centro; disponível também no iFood
Quanto: pratos a R$ 26
Mais informações: no Instagram @annapurnairacema ou no Facebook

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