Morre B. de Paiva aos 90 anos, cearense referência do Teatro brasileiro

Entre outros feitos, ele criou a Secretaria da Cultura do Ceará e participou de mais de 500 produções para cinema, rádio, TV e teatro

Escrito por Redação ,
Legenda: B. de Paiva iniciou a carreira em 1947; na sequência, uniu-se a Marcus Miranda e Haroldo Serra para fundar o Teatro Experimental de Arte
Foto: Renato Araújo/Agência Brasil

Expoente do Teatro brasileiro e das Artes Cênicas do Ceará, B. de Paiva – como ficou conhecido José Maria Bezerra Paiva – faleceu na manhã desta terça-feira (31), conforme publicação de amigos nas redes sociais. A causa da morte não foi informada.

O ator, diretor, professor, dramaturgo e administrador cultural teve trajetória marcada por inúmeros feitos. Participou, por exemplo, de mais de 500 produções para cinema, rádio, TV e, principalmente, teatro. 

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A carreira iniciou-se em 1947. Na sequência, uniu-se a Marcus Miranda (1929-2001) e Haroldo Serra (1934-2019) para fundar o Teatro Experimental de Arte, um dos principais capítulos da dramaturgia cearense. Vivia na ponte aérea entre Ceará e Brasília, lugar este onde também firmou raízes a partir de 1978, quando passou a morar lá.

Na capital federal, comandou a Fundação Brasileira de Teatro (FTB) e ajudou a fundar o Ministério da Cultura, além de ter dirigido a Funarte. Colaborou também com o fomento ao teatro amador e a profissionalização da área. B. de Paiva defendia a cultura como eixo de formação da identidade nacional.

Legenda: Fomentador do teatro amador e da profissionalização da área, artista defendia a cultura como eixo de formação da identidade nacional
Foto: Divulgação

Nesse sentido, em solo alencarino, criou a Secretaria da Cultura do Ceará e assumiu a gestão do Theatro José de Alencar de 1960 a 1967. Nesse período, fortaleceu a atuação e produção dos grupos Teatro Universitário e Comédia Cearense.

Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará, o artista retornou ao Ceará em 1998, após quase 20 anos da partida para Brasília.

Cultura como pilar

De espírito inquieto, após se aposentar pela Universidade de Brasília (UnB), B. de Paiva foi fundador da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, vinculada à Fundação Brasileira de Teatro, da qual também foi presidente em 1995. 

Em 1999, coordenou os assuntos culturais e artísticos da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Ceará e a diretoria do Colégio de Direção do Instituto Dragão do Mar, além de estar ligado à Fundação Amigos do Theatro José de Alencar.

 No Rio de Janeiro e em Brasília, coordenou instituições públicas culturais e criou cursos de teatro, a exemplo do primeiro curso superior de Artes Cênicas na UniRio. Também trabalhou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde foi reitor.

Legenda: Como dramaturgo, B. de Paiva escreveu, entre outras, as seguintes peças: "Complexo", "Lágrimas de um Palhaço", "Rosa Morta", "Vigília da Noite Eterna"
Foto: Renato Araújo/Agência Brasil

Como dramaturgo, escreveu, entre outras, as seguintes peças: "Complexo", "Lágrimas de um Palhaço", "Rosa Morta", "Vigília da Noite Eterna". Em parceria com o pernambucano Hermilo Borba Filho, publicou o livro "Cartinhas de Teatro".  

Em tributo ao artista, foi fundado o Teatro B. de Paiva, localizado no interior do Centro Cultural do Porto Dragão. O espaço recebe ensaios e espetáculos de diversas linguagens. O diferencial, tal como o homenageado, é a flexibilidade em ser organizado de diversas formas para atender montagens que precisem de palcos ou organização de plateia diferentes.

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