Longa "O Barco", de Petrus Cariry, adapta história homônima criada por escritor cearense

Filme já à disposição nos cinemas nacionais

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@svm.com.br
Legenda: No longa, Esmerina (Verônica Cavalcanti) é mãe de 26 filhos, cada um chamado por uma letra do alfabeto, e vê tudo mudar com a chegada de Ana (Samya de Lavor)
Foto: divulgação

Desde o surgimento da ideia inicial de adaptar o conto "O Barco", escrito pelo cearense Carlos Emílio Corrêa Lima, o cineasta Petrus Cariry já parecia saber dos cuidados em levar ao cinema uma história densa e difícil de retratar por meio das câmeras. Agora, com o lançamento do filme, baseado na curta história, em salas nacionais nesta quinta-feira (5), o diretor do longa, que possui o mesmo nome do conto original, não hesita ao descrever o novo filme da carreira como "um grande desafio".

A vontade de esmiuçar a história do escritor local, ele explica, apareceu há tempos, logo depois do lançamento da primeira produção no comando de um set, no ano de 2007. No entanto, a realização do desejo só foi possível dez anos depois, em parceria com o pai, o também cineasta Rosemberg Cariry.

"A ideia veio dessa leitura, que eu fiz na adolescência, ali no finalzinho da década de 80", conta. "A priori tinha pensado em um curta e logo depois vi que tinha "pano pra manga" para o longa, mas era um conto muito difícil de adaptar, já que não havia palavras descritivas nesse material. Ainda assim, eu e meu pai topamos essa empreitada", relata.

A história mostra o caminho de Esmerina (Verônica Cavalcanti), mãe de 26 filhos, cada um chamado por uma letra do alfabeto. A família vive de forma pacata em uma vila de pescadores até que um barco naufraga trazendo Ana (Samya de Lavor), mulher que vai mudar a rotina afetando intimamente o filho A.

Ao todo, foram necessárias quatro semanas no cenário da Praia das Fontes, localizada no município de Beberibe, para encaminhar a produção. Segundo Petrus Cariry, o tempo curto tornou necessário um arranjo correto para que tudo ocorresse como o planejado no início.

Lançamento

Agora, depois de levar o filme a 20 festivais nacionais e internacionais, garantir 14 prêmios e participar da abertura oficial do Cine Ceará em 2018, Petrus se diz feliz ao lançá-lo oficialmente, apesar dos últimos meses diante de uma pandemia.

De acordo com o cineasta, muito mudou na carreira trilhada por ele desde o primeiro filme, "Grão", lançado em 2007. Se antes o amadurecimento ainda necessitava de um empenho maior, o momento agora é de entender algo coerente: muito do que realiza também dialoga com o momento da vida. Sendo assim, nada mais justo que refletir sobre as condições de trabalho experimentados pela indústria atualmente.

"O filme está sendo lançado agora por conta de uma data limite e acredito muito nessa retomada aos poucos dentro do cinema, claro, seguindo todos os protocolos de segurança necessários, até mesmo porque muito dessa arte mudou dentro dessa nova realidade", aponta.

Ele também explica que todo o enredo de "O Barco" foi pensado para ser veiculado nas telas de cinema e, exatamente por isso, era essencial seguir com esse formato no primeiro momento. "Posteriormente, cerca de um mês depois, nossa ideia é também fazer essa divulgação do filme por meio do streaming ou por VOD, que é essa transmissão através de demanda digital", afirma, já ansioso pela repercussão e novos passos.

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