Exposição gratuita com obras de Leonilson e artistas cearenses chega à Pinacoteca do Ceará

Com 245 obras no total, incluindo inéditas no Brasil, mostra reúne produção do cearense e de outros oito artistas contemporâneos dele

Escrito por João Gabriel Tréz , joao.gabriel@svm.com.br
117 obras do artista visual cearense Leonilson, incluindo produções inéditas, compõem exposição da Pinacoteca do Ceará
Legenda: 117 obras do artista visual cearense Leonilson, incluindo produções inéditas, compõem exposição da Pinacoteca do Ceará
Foto: Eduardo Brandão / divulgação

No ano marcado pelas três décadas da morte do artista visual cearense Leonilson (1957-1993), a Pinacoteca do Ceará recebe exposição gratuita que reúne obras dele e de outros oito artistas com quem o pintor, desenhista e escultor teve amizade ou interseção artística. A abertura ocorre no sábado (9) às 16 horas.

A exposição “Leonilson: Montanhas protetoras e ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das amizades”, realizada a partir de parceria com o Projeto Leonilson, também marca o primeiro aniversário do equipamento cultural

Veja também

A amizade é o mote central da curadoria destacada, assinada por Ricardo Resende e Aline Albuquerque. Além da abertura oficial, a programação do sábado (9) também traz uma homenagem na qual cartas do acervo pessoal do artista serão declamadas por amigos. 

Junto de obras de Leonilson em pintura, desenho, instalação e bordado, a mostra reúne produções de Batista Sena, Efímia Meimaridou, Luiz Hermano, Siegbert Franklin, Zé Tarcísio, Marcus Francisco, Karim Aïnouz e Ricardo Bezerra.

A lista é composta totalmente por artistas cearenses ou radicados no Estado que foram contemporâneos do homenageado. Pela amizade pessoal ou pelo diálogo artístico, os oito travaram relações com Leonilson.

Obra
Legenda: Obra "Incêndio a bordo" (1987), de Leonilson
Foto: Arquivo Fotográfico Projeto Leonilson / divulgação

No total, a exposição traz 245 trabalhos. Deste número, 117 compõem o núcleo com obras do cearense homenageado. O recorte temporal contempla a produção artística feita a partir da década de 1970 até 1993.

O segundo núcleo expositivo, nomeado “Das amizades”, acolhe 128 produções dos oito artistas citados que estabelecem reflexões em diálogo com as questões de Leonilson.

“Leonilson: Montanhas protetoras e ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das amizades” segue em cartaz na Pinacoteca do Ceará até 26 de maio.

O homenageado

José Leonilson Bezerra Dias nasceu em Fortaleza em 1º de março de 1957. Ainda pequeno, ele se mudou para São Paulo com a família. Na capital paulista, começou a desenvolver trajetória artística a partir dos anos 1970.

Com formação na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), construiu décadas de uma trajetória artística marcada por abordagem autobiográfica e pela utilização de bordados e costuras, além de desenhos e pinturas.

Após descobrir em 1991 estar vivendo com HIV, Leonilson abordou questões e reflexões sobre a condição em obras da época. Ele faleceu dois anos depois, em 1993, em decorrência de complicações de saúde.

Os amigos

Zé Tarcísio nasceu em Fortaleza em 1941 e começou a trabalhar artisticamente cedo, aos 19 anos. Após circular pelo País com a produção, montou ateliê na capital cearense a partir de 1982 e segue presente na cena artística do Estado aos 82 anos.

Efímia Meimaridou Rôla nasceu em 1944 na Grécia, mas é radicada no Ceará desde 1961. Artista visual, artesã e pesquisadora, tem foco em trabalhos têxteis como bordado, patchwork e tapeçaria.

João Batista Sena Filho (1952-2014) nasceu em Camocim e atuou na música e nas artes visuais. Com Leonilson, Zé Tarcísio e outros nomes, atuou no que foi considerado um momento de “renovação” da linguagem no Ceará.

Siegbert Franklin (1957-2011), nascido em Fortaleza, foi também atuante na música e nas artes visuais, pertencendo ao mesmo grupo “renovador” da linguagem no Estado. Após viver em São Paulo e na Alemanha, retornou para a capital cearense em 2006.

Marcus Francisco Cavalcante Alcântara (1950-1980) foi contemporâneo do grupo formado por Batista Sena, Zé Tarcísio, Siegbert Franklin e Leonilson. Nascido em Fortaleza, atuou nas artes visuais e também na música, sendo compositor.

Luiz Hermano Façanha Farias nasceu em Cascavel em 1954. Com trajetória artística iniciada nos anos 1970, circulou pela região sudeste do Brasil e também expôs fora do país, passando por cidades como Paris e Havana.

Karim Aïnouz, nascido em 1966, é um cineasta fortalezense reconhecido pelos trabalhos como diretor e roteirista de filmes. “Madame Satã”, “O Céu de Suely” e “A Vida Invisível” são exemplos de obras da filmografia do artista.

Ricardo Bezerra é arquiteto, compositor e músico cearense, tendo gravado o LP “Maraponga” em 1977. Contemporâneo de nomes como Amelinha, Fausto Nilo e Fagner na música, ele passou a se dedicar à arquitetura.

EXPOSIÇÃO LEONILSON: MONTANHAS PROTETORAS E AO LONGE, VULCÕES, RIOS, FURACÕES, MARES, ABISMOS E DAS AMIZADES

Quando: abertura sábado (9) a partir das 16h
Onde: Pinacoteca do Ceará (Rua 24 de maio, s/n, Centro)
Acesso gratuito
Classificação indicativa: livre; obras que possam ser consideradas não recomendadas para crianças ou adolescentes estarão indicadas na sinalização do espaço
Mais informações: no site, Instagram e Facebook

HOMENAGEM A LEONILSON COM LEITURA DE CARTAS

Quando: sábado (9) a partir das 17h
Onde: Pátio da Pinacoteca do Ceará
Classificação indicativa: Livre
Acesso gratuito e acessível em Libras