Conheça cinco fatos reais que inspiraram 'Não Olhe Para Cima'
Comédia dirigida por Adam Mckay satiriza, ente outros temas, os ataques à ciência e o negacionismo
Leonardo DiCaprio pode não ter incendiado a Amazônia, mas anda tirando graça de quem odeia a ciência. Estreia natalina da Netflix, “Não Olhe Para Cima” satiriza o apocalipse ao denunciar que a idiotice e ganância acabarão com o planeta.
A comédia (ou filme de terror, depende do ponto de vista) reúne grandes nomes como Maryl Streep, Jennifer Lawrence, Cate Blanchett e Mark Rylance. O longa-metragem vem gerando debate por conta da semelhança com acontecimentos e personagens da atualidade.
Tudo começa quando a cientista Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) descobre um cometa em rota de colisão com a Terra. Como o impacto será mortal e a humanidade eliminada, ela e o Doutor Randall Mindy (DiCaprio) tentam alertar as autoridades dos EUA.
Selecionamos alguns eventos reais que inspiraram o diretor Adam McKay a contar essa história. Negacionismo, culto a celebridade, teorias conspiratórias e um presidente inapto... explicam que o cometa de “Não Olhe Para Cima” pode estar mais perto do que imaginamos.
Donald Trump
A presidenta Orlean (Meryl Streep) faz referências a outros nomes que comandaram a Casa Branca. A lista inclui Ronald Reagan, George W. Bush e até Barack Obama. Porém, a identificação direta é com o Donald Trump.
Assim como o homem laranja, Orlean é uma ex celebridade de reality show que ascendeu à política. Antes de se tornar mandatária, seu grande êxito em vida foi ter sido capa da revista Playboy. O discurso anticientífico da personagem ganha eco em casos no qual Trump minimizou temas como pandemia e as mudanças climáticas.
Donos da tecnologia
Em “Não Olhe Para Cima”, Peter Isherwell é o líder de uma empresa revolucionária que se intromete no caso do cometa. O ator Mark Rylance usa de uma fala mansa e assustadora para desenvolver essa mistura de guru visionário e menino rico criado no Vale do Silício.
Sua empresa domina o ramo de celulares e influencia as decisões do governo. Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Tim Cook e Steve Jobs são diluídos nessa lista de influenciadores. Personalidade do ano de 2021 da “Time”, Elon Musk também está na parada. Assim como o CEO da Tesla e da Space X, Isherwell quer dominar o ramo das viagens espaciais. Vai dar certo. Confia.
Covid-19
No filme, o cometa é uma metáfora à catástrofe climática. Como o roteiro de Adam McKay e Davis Sirota foi escrito antes da pandemia, a Covid-19 passou a ser um aspecto a ser analisado na obra. Principalmente a forma como o vírus foi encarado pelas autoridades.
Certas situações reais interferiram no processo. “Independentemente de como você votou, acho que todos temos que admitir que ver o presidente dos Estados Unidos lançar a ideia de ingerir água sanitária para lidar com uma emergência médica é uma situação incomum”, declarou McKay.
Anticiência
Em determinado momento da história, Doutor Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) adverte que amigos cientistas estão perdendo o emprego por afirmarem a existência do cometa. O próprio título do filme explora esse clima nada amistoso contra a ciência
No filme, uma série de publicações conspiratórias passa a descredenciar as pesquisas e negar que o cometa exista realmente. São os defensores do movimento “Não Olhe Para Cima”, que literalmente pregam que para o problema deixar de existir, simplesmente olhem para o chão.
As manifestações “anticiência” representadas na comédia atacam a credibilidade científica visando defender posições econômicas, políticas e até religiosas. As redes sociais são o território de disseminação destas desinformações.
“Tubarão” (1975)
Sim, o clássico filme de Steven Spielberg foi uma referência na hora de construir “Não Olhe Para Cima”. Em entrevista para o The New York Times, Adam McKay revelou que o clima de Tubarão iniciou sua imaginação a respeito do projeto.
“A ideia de um filme de desastre em que as pessoas não necessariamente acreditam que o desastre está chegando”, contou o realizador. No trabalho de Spielberg, mesmo avisados da ameaça do tubarão, as autoridades locais deixam as pessoas visitarem as praias. Tudo isso com a desculpa de “proteger a economia”.