Como é a noite vista no Planetário do Dragão do Mar, em Fortaleza

Imagens em 3D aproximam o espectador de um céu que há muito não se vê na Capital cearense

Escrito por Roberta Souza , roberta.souza@svm.com.br
Sessão do Planetário
Legenda: Projeção na cúpula do Planetário Rubens de Azevedo, nome dado em homenagem a um astrônomo cearense
Foto: Luiz Alves

Domingo passado, quitei um débito com a minha infância: entrei pela primeira vez em uma sessão do Planetário Rubens de Azevedo, localizado no Centro Cultural Dragão do Mar. Quando o equipamento foi inaugurado, em 28 de abril de 1999, eu já tinha meus 5 anos e poderia ter vivido a experiência como qualquer das crianças que encontrei na fila neste fevereiro de 2022, mas o tempo foi passando e este encontro ficou mesmo para mais de duas décadas depois.

Antes disso, me relacionava com o lugar apenas pela imaginação. Que céu será projetado por dentro daquela cúpula? - eu me questionava, enquanto brincava com o eco produzido na parte inferior da estrutura. Meu único parâmetro era uma visita feita em 2014 ao Planetário da Estação Cabo Branco, em João Pessoa (PB), mas ao adentrar no equipamento cearense logo percebi que ele me conduziria a outros lugares.

cúpula do planetário
Legenda: O eco na parte inferior do Planetário do Dragão do Mar por muito tempo instigou minha imaginação
Foto: Luiz Alves

Nem todas as 70 poltronas espalhadas no ambiente circular estavam disponíveis, em atendimento às orientações sanitárias vigentes com a pandemia de Covid-19. Mas logo sentei-me e fiquei admirando cada detalhe daqueles 78 m².

Quadros com retratos de constelações circundam a sala. Ao centro, figuram equipamentos fabricados pela empresa alemã Carl Zeiss Jena GmbH, inventora do planetário, e que há mais de 100 anos detém a tecnologia mais avançada para estes suportes no mundo.

Cúpula do Planetário
Legenda: O Planetário Rubens de Azevedo está atualmente equipado com projetores digitais de última geração, os famosos Velvet Duo, da Carla Zeis, e Sistema de comando PowerDome
Foto: Luiz Alves

Tudo é controlado por um conjunto de 8 computadores que permitem a exibição de imagens de alta qualidade em projeção Full Dome, ou seja, em toda a cúpula. Fiquei pertinho deles, do lado esquerdo de quem entra, atenta a cada informativo antes do início da sessão. 

Entre as recomendações, algumas diferenças básicas em relação ao cinema: é proibida a ingestão de líquidos ou alimentos e também levantar durante a exibição (até porque, o equilíbrio fica um pouco comprometido, podendo se refletir em leves tonturas). Apenas em caso de emergência, o responsável pela sala pode levar a pessoa para fora do ambiente, mas ela não poderá retornar. Ah, e luzinha do celular nem pensar!

Enfim, o céu

Olhos voltados para cima, comecei a me aproximar de um céu que há muito não se vê na Capital cearense, seja pela poluição e/ou pela intensa luminosidade artificial da metrópole. No escurinho do planetário, a gente encontra com uma projeção de estrelas que só vê em cidades do interior, e olhe lá. No meu caso, a lembrança mais próxima era de uma noite inesquecível no Deserto do Atacama (Chile), em 2019. 

Roberta no Atacama
Legenda: O céu que vi no Planetário Rubens de Azevedo me levou de volta a uma experiência inesquecível no Deserto do Atacama (Chile, 2019)
Foto: Alexis Trigot

Naquele ano, tive a oportunidade de ouvir lendas andinas que explicavam o desenho de cada constelação. Já na noite do último domingo, me deparei com explicações científicas e mitológicas, trazidas na sessão infanto-juvenil “A Lenda da Princesa Acorrentada”.

Nesta projeção, diante de uma fogueira, um avô conta ao neto o mito de Andrômeda, princesa grega que dá nome à galáxia espiral mais próxima da Via Láctea. A medida que somos familiarizados com a história dela, salva por Perseu diante da ameaça de um monstro marinho, conhecemos também um pouco mais sobre objetos astronômicos, a exemplo de nebulosas e buracos negros.

Legenda: Cenas da sessão "A Lenda da Princesa Acorrentada"
Foto: Luiz Alves

Revisar os conceitos aprendidos na escola fica mais emocionante com as reações das crianças, muitas das quais estão ouvindo falar de anos-luz pela primeira vez. É, de fato, uma aula, mas não apenas de ciência, astronomia, como também de antropologia, geografia, economia e até de civilidade.

Depois de cerca de 35 minutos de imersão 3D, a sessão chega ao fim, e a gente acaba se identificando mesmo como poeirinha de estrela, independentemente de raça, gênero, classe social, nacionalidade etc. Não quero dizer com isso que somos minúsculos, mas sim que existe, dentro de cada um de nós, a mesma grandiosidade a comandar os movimentos do universo. É mais reconfortante pensar dessa forma, né?

Funcionamento na pandemia

Se assim como eu, você já adiou por tempo demais essa experiência, programe-se para visitar o equipamento nos próximos dias. As exibições acontecem de quinta a domingo, às 18h, com um horário extra no fim de semana, às 19h. 

Neste período, além d’A Lenda da Princesa Acorrentada, é possível assistir a sessão juvenil-adulto Passaporte para o Universo. Escolas públicas e particulares podem fazer agendamentos, inclusive, mas atentando para isso com pelo menos um mês de antecedência.

Outra novidade de fevereiro é a realização do Curso Popular de Astronomia, todos os sábados, de 15h30 às 16h30. São 40 vagas abertas toda semana, e a idade mínima para participar é 12 anos. As inscrições são disponibilizadas no site do Planetário de forma gratuita.

Fique com o incentivo de quem demorou para entrar lá, mas agora só pensa na próxima oportunidade de voltar!

Serviço

Planetário Rubens de Azevedo
Endereço: Rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema
Sessões: De quinta a domingo, às 18h - A Lenda da Princesa Acorrentada. Sábado e domingo, às 19h - Passaporte para o Universo. Ingressos: R$ 6 (meia) e R$12 (inteira). A aquisição pode ser feita de forma presencial ou virtual. Agendamentos escolares e mais informações no site do Planetário.

Obs: É exigido o passaporte vacinal e documento de identificação para maiores de 12 anos. 

 

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