Cabras da Peste na Netflix: Edmilson Filho diz que unir comédia e artes marciais é sonho realizado
Protagonista do filme com lançamento no próximo dia 18 de março, o ator cearense adianta referências do trabalho e explica os diferenciais que agregou à dramaturgia da luta
Edmilson Filho era um daqueles jovens aficionados por filmes de artes marciais que alugavam todas as obras disponíveis na locadora do bairro para maratonar. Hoje, aos 44 anos, o cearense é um dos atores de referência da comédia aliada a esse gênero que tanto acompanhou, mas para uma outra geração: a que consome os produtos audiovisuais, sobretudo, via streaming.
Para esse público, a Netflix reservou a estreia de “Cabras da Peste”, de Vitor Brandt, no próximo dia 18 de março. No filme, Edmilson interpreta Bruceuilis, um policial do interior do Ceará que, para resgatar Celestina, uma cabra considerada patrimônio da cidade, viaja até São Paulo. Lá, ele encontra Trindade (Matheus Nachtergaele), um escrivão da polícia que resolve se aventurar em campo, mesmo não sendo sua especialidade. Assim, a dupla de personalidade oposta começa a trabalhar junta para resolver um crime e vencer um criminoso, enquanto desenvolve uma amizade especial.
“Neste projeto, a gente tinha que, de alguma forma, trazer os elementos da ação, mas sem o custo que seria fazer uma produção igual uma comédia de ação americana, que tem bomba, explosão etc. Então, assim, quando eu recebi a proposta, pensei em trazer os elementos que eu consigo fazer, que é a luta”, pontua Edmilson, que é tricampeão brasileiro de taekwondo.
Com uma trajetória consolidada nas artes marciais, o cearense viajou, ao longo da vida, por mais de 15 países, disputando competições, fazendo intercâmbios e seminário, e chegou, inclusive, a integrar a Seleção Brasileira nos anos 1999 e 2000. A experiência, admite Edmilson, é uma bagagem importante para apresentar nas produções em que é convidado.
“Eu já falo com a direção e a gente cria as cenas e situações em que eu possa explorar isso. Esse é meu grande diferencial na comédia hoje no Brasil, porque você não tem nenhum outro comediante que faça essas duas coisas, faça a comédia e trabalhe a questão corporal, não só das artes marciais, mas a dança etc. Então é uma ferramenta que é muito forte dentro do meu perfil como ator hoje”, acredita o cearense.
A dramaturgia da luta
A parceria de Edmilson com o diretor cearense Halder Gomes, outro que concilia cinema com artes marciais, também contribuiu e muito para essa especialização. Tanto na franquia “Cine Holliúdy” como no filme “O Shaolin do Sertão”, em que o ator vive Francisgleydson e Aluísio Li, respectivamente, esse aspecto é explorado.
“Cada vez mais eu venho me especializando nesse formato, não só na parte de fazer a cena, mas de coreografar e dirigir a cena”, destaca o ator, ao observar que nem todos os diretores se arriscam a propor algo assim pelas especificidades exigidas.
Em “Cabras da Peste”, por exemplo, Edmilson recorda de uma cena que teve em torno de 96 a 100 planos de movimentação de câmera em diferentes ângulos. “Tem uma dramaturgia dentro da própria luta, então isso tem um trabalho, tem um dever de casa muito extenso de entender o formato como eles filmam em Hong Kong ou Hollywood, na questão de sequência de lutas marciais”, explica.
A intenção do ator é exatamente não deixar nada a desejar, entregando um produto de padrão internacional, feito os que ele assistia na adolescência - com Jackie Chan, Jet Li, Jean Claude Vandamme e Steven Seagal -, mas com as características que só um cearense pode agregar.
“Eu não quero fazer igual Jackie Chan e tal, não é isso. O que o Jackie Chan fez tá feito e eu nunca vou fazer igual, ao mesmo ponto que a gente faz a nossa luta aqui e bota a nossa fuleragem dentro, entendeu? O diferencial aí é colocar a fuleragem cearense, a nossa fuleragem do nordeste para essas lutas ficarem mais engraçadas e fáceis do público brasileiro ver”, aposta.
Filme para toda a família
A mais nova produção da Netflix aposta exatamente nesse formato mais acessível e de interesse para toda a família, o que para Edmilson é a realização de um sonho. “É um filme pra você se divertir. A criança vai ver, os pais e o avô também. Não é pra fazer julgamentos estéticos não, é uma comédia, e tem várias coisas importantes, que, às vezes, até passam despercebidas”, adianta.
Entre elas, o ator destaca a figura desses dois policiais, interpretados por ele e Nachtergaele, que não gostam de usar arma; o fato do nordestino ser bem aceito lá no Sudeste; e ainda das duas policiais chefes serem mulheres.
“Então tem muita coisa subliminar que tá lá, de forma alegre, divertida, pra gente ver como a comédia também tem um poder muito grande de passar várias mensagens”, defende.
Se o filme terá uma sequência, é algo que caberá ao público ajudar a decidir. Mas Edmilson aposta que a dupla Bruceuilis e Trindade tem tudo para conquistar as pessoas. “Vamos esperar o que vai acontecer, mas estamos abertos, porque a aventura dos dois pode ir pra qualquer lugar, e a química é muito boa entre nós. Os personagens têm muito carisma, mas aí vamos lá, tá entregue, vamos ver como o público reage, não só no Brasil, como em outros países, com esse lançamento mundial da Netflix”, finaliza.
Serviço
Filme "Cabras da Peste", de Vitor Brandt. Com Edmilson Filho e Matheus Nachtergaele. Disponível na Netflix a partir do dia 18 de março de 2021.