A imersão do jogo "Red Dead Redemption 2"

Como novo produto, a Rockstar Games estabelece um elevado padrão na área dos jogos de universo aberto

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir.oliveira@diariodonordeste.com.Bbr
Legenda: Jogado a partir de uma perspectiva em terceira pessoa, o "Red Dead Redemption 2" se concentra na escolha do player para a história e missões em um universo crível

A expectativa em torno de "Red Dead Redemption 2" é uma das maiores na indústria de jogos eletrônicos dos últimos anos. Primeiro produto da Rockstar Games após o lucrativo "Grand Theft Auto V" (2013), a aventura ambientada no início do Século XIX norte-americano mostra as desventuras de John Marston, um antigo fora da lei em busca de justiça. Oito anos depois da primeira versão, o novo capítulo retoma este universo aberto com a missão de explorar novas jogabilidades e comportamentos. Desde o lançamento, a reação dos usuários é das mais positivas.

Jogado a partir de uma perspectiva em terceira pessoa, com componentes para um jogador e multiplayer online, Red Dead Redemption II investe em funcionalidades ausentes do jogo anterior. O jogo se concentra primordialmente na escolha do jogador para a história e missões. Tudo naquele universo é crível e as decisões tomadas pelo gamer pesam decisivamente na condução futura da narrativa.

Os jogadores podem interagir com qualquer "NPC" (personagem não jogável) de inúmeras maneiras, algo novo até mesmo entre os produtos da Rockstar. Partindo desse princípio, é possível escolher desde um bate-papo amigável, ameaçar para roubar dinheiro e até mesmo saquear os bolsos de um cadáver. A expansão inclui cuidar dos equipamentos, como limpar e lubrificar as armas. A coisa é tão detalhista que distintos conjuntos de roupas estão disponíveis para diferentes condições climáticas. Quem divide um pouco da experiência imersiva é o estudante de medicina Ticiano Sampaio, que adquiriu Red Dead Rendemption logo nos primeiros dias de venda.

"Se você encontra um cara que tá minerando ouro na beira do rio ele surta achando que vai ser roubado e te ataca. Até a 'inteligência artificial' dos animais está complexa. Eu estava caçando um crocodilo que não morreu do primeiro tiro, daí ele fugiu e eu fui atrás. O bicho se escondeu estático numa moita, me esperou e me atacou na chegada", descreve.

Reflexão

Sampaio destaca a profundidade do jogo em exigir do usuário o cuidado acerca das escolhas éticas. Enquanto a história principal ocorre no mundo aberto, missões extras, também conhecidas como "side quests", vão acontecendo de maneira orgânica. A maneira como o jogador se comporta altera o curso da história. "Ele desbanca o 'The Witcher 3' que era o jogo de mundo aberto com a experiência maior de imersão, no sentido de as coisas parecerem realmente 'vivas' nesse mundo", exemplifica.

Se você matar alguém em "Red Dead Redemption 2" que não tenha te ameaçado, o seu medidor de honra é afetado negativamente. Acatar ou não a decisão cabe ao julgamento ético de cada jogador. A reflexão em torno do jogo recai sobre o quanto a cultura gamer precisa ser cada vez mais revista. Velho Oeste é legal apenas na ficção.

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