O que é a pré-menopausa? Conheça sintomas e tratamentos
Entenda o conceito e saiba os tratamentos para o bem-estar nessa fase da vida de toda mulher
O período da pré-menopausa marca o início da transição entre as fases reprodutiva e não-reprodutiva da mulher. É quando a quantidade de hormônios no organismo diminui, o que pode gerar diversos sintomas como alterações no ciclo menstrual, desânimo, cansaço, oscilações de humor, ondas de calor, problemas urinários e sexuais.
Para cada mulher a etapa se apresenta de uma forma. Mas não é difícil perceber quem prefere ignorar os sintomas simplesmente por não querer encarar que a menopausa está chegando.
A qualidade de vida e a disposição podem, sim, ser mantidas nesse processo. A nutricionista Érika Paula Farias* e a ginecologista e obstetra Livia Kassis Garla Monteiro** explicam o termo e como agir quando o momento chegar.
O que é a pré-menopausa
Trata-se de uma das etapas da menopausa, qual é dividida em:
- pré-menopausa
- perimenopausa (climatério)
- menopausa propriamente dita
- pós-menopausa
"A pré-menopausa, em geral, ocorre entre os 35 e 48 anos, mas o período ainda gera debates entre os especialistas que nem sempre concordam com essa idade”, comenta a nutricionista Érika Farias. Nessa etapa, as taxas de estrogênio e progesterona começam a sofrer alterações, ainda que nem sempre perceptíveis.
“A característica mais marcante deste período é a queda na fertilidade, que pode reduzir para 20% após a faixa etária entre 35 e 40 anos. Já a perimenopausa (peri = em torno), em geral, começa entre os 45 e 50 anos, sendo que essa é a fase de transição para a menopausa. Também é quando os sintomas relacionados ao fim da menstruação estão mais presentes e acentuados. Para a maioria das mulheres, a perimenopausa começa cerca de dois anos antes da última menstruação e se estende até um ano depois”, acrescenta.
Ainda de acordo com a nutricionista, as divisões são feitas com intuito educativo. Porém, muitos sintomas das fases podem ocorrer em conjunto. Inclusive, cita, a pré-menopausa é muito confundida com a perimenopausa. As duas devem ser consideradas a etapa de "transição menopausal”, com duração de quatro a oito anos.
Como fica a menstruação na pré-menopausa?
Na pré-menopausa, a menstruação se mantém mais ou menos linear. Já na perimenopausa os ciclos começam a ficar irregulares devido à variação hormonal e à ovulação inconstante. Enquanto a mulher ainda tiver folículos haverá a menstruação.
Esses conceitos podem ser diferentes em mulheres com síndrome do ovário polístico (SOP).
Como saber se estou na pré-menopausa?
Conforme a ginecologista Livia Monteiro, o diagnóstico deve ser feito de forma clínica.
“Devem ser vistos os sinais apresentados pelo corpo, acompanhamento do ciclo e dosagem hormonal com ênfase no hormônio folículo-estimulante (FSH), o qual avalia a reserva ovariana - quanto menor a reserva, mais perto da menopausa a mulher está”, dialoga a nutricionista Érika Farias.
Quais os sintomas da pré-menopausa?
Nesse período, podem ocorrer:
- alterações de pele, cabelo e unha (fragilidade, queda, ressecamento);
- perda de massa muscular e óssea;
- aumento do risco de doenças cardíacas;
- aumento da resistência periférica à insulina;
- modificação na distribuição da gordura corporal, com maior acúmulo na região abdominal;
- fogachos;
- insônia;
- ressecamento vaginal;
- déficit de memória e concentração;
- diminuição da libido;
- mudança de humor (como se fosse uma TPM contínua).
Quando começa a pré-menopausa?
Se for considerado todo o período de transição, a pré-menopausa começa a partir dos 35 anos. No entanto, se for observada apenas a perimenopausa (climatério), a média brasileira é a partir dos 45 anos.
Como tomar anticoncepcional na pré-menopausa?
“Existem vários tipos de anticoncepção para esta fase de transição da menopausa, porém dá-se preferência aos métodos que possuem menores riscos trombogênicos, como o DIU, implante de etonogestrel e pílulas de progesterona”, detalha a ginecologista Livia Monteiro.
“As dosagens e o tipo devem ser prescritos por médicos. No entanto, no período de transição a gravidez é possível, assim os cuidados com a concepção devem permanecer”, alerta Érika Farias
Quais as opções de tratamento e o que é contraindicado?
A orientação das profissionais de saúde ouvidas pelo Diário do Nordeste são:
- Técnicas de meditação e mindfulness para ajudar com os sintomas emocionais.
- Atividade física para prevenção de quadros como osteoporose e doenças cardiovasculares.
- Alimentação com aporte maior de cálcio, proteínas e vitaminas obtidas através da variedade de vegetais e frutas.
- Alimentos que tem fitoestrogênio, como a soja e o tofu
- Chás de folha de amora, melissa, sálvia e canela ajudam como antioxidantes e aliviam os fogachos.
- Incremento do consumo de alimentos naturais ou minimamente processados, como frutas, folhosos, legumes, grãos integrais (aveia, quinoa, amaranto, arroz, trigo), milho, batatas, leguminosas (feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, amendoim) e oleaginosas (castanhas, amêndoas, nozes). É indicada, ainda, uma alimentação com carga glicêmica moderada, já que, com a mudança hormonal, aumenta-se a probabilidade de desenvolver resistência insulínica.
- Os flavonoides têm potencial antioxidante alto e podem ajudar na maior parte dos sintomas, podendo ser encontrados facilmente nos alimentos verdes-escuros, alaranjados e avermelhados.
- O ômega 3, presente em peixes de água fria como atum, sardinha e salmão, também tem grande potencial anti-inflamatório.
- Limitar o consumo de ultraprocessados (alimentos com lista de ingredientes grande e pouco parecidos com o alimento original).
- Reduzir consumo de doces, sal, gordura saturada e carne vermelha. O consumo inadequado de alimentos pode contribuir para agravos como a osteoporose, e o excesso na hora de comer pode comprometer a saúde, provocando o surgimento da obesidade que, além de ser uma doença crônica, pode aumentar os riscos de desenvolvimento de hipertensão arterial e de diabetes mellitus.
Nesta fase já pode ser iniciada a reposição hormonal, a fim de melhorar a qualidade de vida das mulheres. Tal reposição é contraindicada para aquelas com histórico de câncer de mama e endométrio; infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular encefálico (AVE), lúpus e doenças hepáticas. E tudo deve ser feito com orientação profissional.
Sugestão de cardápio diário para mulheres no período de transição da menopausa
Este cardápio criado pela nutricionista Érika Paula Farias tem a função de trazer os nutrientes mais importantes para o período e, assim, ajudar com o controle dos sintomas.
Café da manhã: Ovos mexidos temperados com açafrão-da-terra + sementes de girassol e de abóbora tostadas + mamão + melancia
Lanche: Chá de frutas vermelhas
Almoço: Arroz + feijão + peito de frango em cubos com brócolis, cenoura e cebola + salada de espinafre refogada + azeite + sal + limão. Sobremesa: tangerina
Lanche: Chá-verde + pão de queijo caseiro feito com goma de tapioca, ovo e queijo.
Jantar: Purê de batatas + peixe grelhado + salada de cenoura e beterraba crua ralada + azeite saborizado com manjericão.
*Érika Paula Farias é nutricionista formada pela Universidade Metropolitana de Fortaleza (Unifametro), pós-graduada em Nutrição, Fisiologia e Metabolismo do Esporte pelo Instituto Inades, pós-graduanda em Nutrição Clínica em Gastroenterologia pela Faculdade VP, certificada em Nutrição Comportamental pelo Instituto de Nutrição Comportamental, certificada em Mindfull Eating pelo método Comer Compassivo, certificada em Saúde da Mulher pelo Instituto Ana Paula Pujol, certificada pelo Método de Modulação Intestinal do Professor Murilo Pereira. Dona do perfil @erikapaulanutri e do site erikapaulanutri.com.br.
**Livia Kassis Garla Monteiro é médica pela Unifenas, com residência em Ginecologista e Obstetrícia no Hospital Vila Nova Cachoeirinha em São Paulo e especialização em Sexualidade pela Cetrus. Atua na cidade de São José dos Campos em seu consultório particular há 15 anos, onde atende mulheres em todas as fases de suas vidas. Tem perfil no Instagram @liviakassis onde fala sobre diversos temas