DIU: o que é, tipos, vantagens e pra quem é indicado
Médica ginecologista e obstetra aponta benefícios e tira as dúvidas sobre inserção do dispositivo
Escolher o método contraceptivo pode não ser uma tarefa fácil para algumas mulheres. Eu, por exemplo, já me questionei algumas vezes se o que eu usava seria o melhor para o meu corpo ou se ficava com o pensamento clássico: “em time que se está ganhando não se mexe”.
São muitas as variáveis para considerar na hora de optar por fazer uso de um medicamento ou dispositivo. Pensando nisso, hoje eu trago algumas informações sobre o dispositivo intrauterino (DIU).
A médica ginecologista e obstetra Nathalia Posso explica, a seguir, o que é um DIU, quais os modelos existem, quanto custa colocar e tira as dúvidas de como é um procedimento de inserção e também de retirada.
Agora, antes de falarmos sobre o DIU, é importante reforçar que a escolha do contraceptivo vai depender de cada mulher e deve ser feita após conversa com o ginecologista.
E afinal, o que é o DIU? Para que ele serve?
Nathalia Posso o define como um dispositivo que tem formato de T e é inserido na cavidade uterina com objetivo de evitar a gravidez. Existem dois modelos de DIU, o hormonal e o não hormonal. Eles podem durar, dependendo do modelo, até cinco ou 10 anos.
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Qual o melhor DIU?
A médica explica que não existe um modelo melhor, mas sim o mais indicado para cada caso. “É fundamental uma consulta médica prévia à inserção do DIU para avaliar o ciclo menstrual da paciente e suas queixas durante a menstruação, além de suas expectativas com o método para definir qual o melhor DIU”.
Os hormonais são “DIU de progesterona (levonorgestrel). Diariamente ocorre a liberação local de uma pequena quantidade de hormônio, impedindo que ocorra a fertilização do óvulo pelo espermatozoide”, detalha Nathalia.
Já os não-hormonais são o DIU de Cobre e DIU de Cobre com Prata. Estes, segundo a médica, geram uma reação inflamatória no útero, impedindo a fertilização do óvulo pelo espermatozoide.
Pontos positivos e negativos
A ginecologista e obstetra afirma que cada DIU possui benefícios e efeitos colaterais específicos. Através disso é possível definir o tipo de dispositivo para cada perfil de paciente. A seguir veja os pontos levantados pela médica.
Benefícios do DIU hormonal
- Diminuição do sangramento, podendo a mulher ficar sem sangrar (amenorreia);
- Diminuição das dores de cólica;
- Pode melhorar sintomas da TPM.
- Efeitos colaterais do DIU hormonal:
- O dispositivo pode causar sangramentos de escape;
- Oleosidade de pele e cabelos.
Benefícios DIU não-hormonal
- Não existe liberação hormonal nenhuma;
- Não altera pele ou cabelos
Efeitos colaterais DIU não hormonal
- Pode aumentar o fluxo menstrual;
- Pode aumentar dores de cólica.
Nathalia Posso lembra ainda que nenhum modelo de DIUs parece interferir no peso.
Como se coloca? Precisa de anestesia?
O DIU pode ser inserido no corpo de duas formas. De acordo com a médica, ele pode ser colocado no consultório, com anestesia local no colo de útero.
A outra forma é por histeroscopia, que necessita de sedação e realização em centro cirúrgico. ”Através da histeroscopia, entramos com uma câmera na cavidade uterina e podemos avaliar se o DIU foi bem inserido, além disso, minimiza a dor da inserção devido a anestesia (sedação)”, conta Nathalia.
Há menstruação quando se insere o DIU?
Conforme a ginecologista, após a inserção do DIU pode haver sangramento, porém, não há uma regra sobre quando esse sangramento iniciará e nem sobre a quantidade.
Ela orienta que quem coloque observe os meses iniciais. “Os seis primeiros meses após a inserção do DIU são de adaptação. Somente após esse período, podemos saber como ficará o padrão de sangramento com o DIU”.
Sobre as relações sexuais, a médica afirma que não existe contraindicação após o dispositivo ser inserido, porém ela orienta que o ideal seria aguardar, pelo menos, 14 horas após o procedimento. “A inserção pode causar sangramento e desconforto abdominal”.
Quanto custa?
Nathalia Posso explica que cada dispositivo possui um valor específico. Já a inserção varia de cada profissional. Ela, no entanto, lembra haver opções na rede pública e também alguns são cobertos por planos de saúde.
“Na rede pública, temos disponível DIU hormonal (@Mirena e @Kyleena) e DIU de cobre. Os planos de saúde cobrem DIU hormonal (@Mirena e @Kyleena) e DIU de cobre”, diz.
Confira os valores citados pela médica:
- DIU hormonal cerca de R$800,00 a R$1000,00
- DIU de cobre cerca de R$80,00 a R$200,00
- DIU de cobre e prata cerca de R$250,00 a R$450,00
Tempo de permanência
Não existe tempo mínimo de permanência, segundo a médica. Porém, cada modelo tem um tempo máximo específico. Os modelos de DIU hormonal e de prata duram até cinco anos e o de cobre até 10.
“Caso a paciente não se adapte ao DIU, deseje engravidar ou trocar de método, o DIU pode ser retirado a qualquer momento, independente do tempo de uso”, revela.
Após o tempo máximo de uso, o DIU pode ser substituto por outro, Nathalia conta que, se a paciente desejar, ela pode retirar o antigo e colocar um novo no mesmo dia.
Existem sintomas que apontem que o DIU saiu do lugar?
O posicionamento do dispositivo dentro do útero precisa ser avaliado, segundo a médica, através de ultrassom. “Após a inserção, é necessário realizar ultrassom transvaginal com um mês, seis meses e um ano. Após o primeiro ano de uso, as avaliações podem ser anuais até a retirada”.
Ela explica que, muitas vezes, não existe sintoma de deslocamento do DIU. Porém, “quando aparecem, são dor no baixo ventre, sangramento irregular e dor na relação sexual”, finaliza a ginecologista.
O DIU pode perfurar o útero?
Nathalia Posso afirma que o DIU pode causar perfuração do útero tanto após colocado, porque ele pode migrar pela cavidade uterina, ou até durante a inserção. Os principais sintomas nos dois casos, segundo ela, são dores abdominais como cólica e sangramento.
“O DIU é um corpo estranho no útero e pode migrar pela cavidade uterina e adentrar as demais camadas do útero, causando perfuração, podendo até sair do útero e ficar na cavidade pélvica/abdominal. Por isso, é fundamental sempre fazer o acompanhamento periódico com ultrassom. Outra forma de perfurar o útero seria na sua inserção pois a parede uterina é bastante sensível e os instrumentos da inserção do DIU podem perfurá-la”.
Como o corpo reage quando há rejeição ao dispositivo?
Para finalizar, a médica afirma que é possível que o corpo rejeite o dispositivo. Quando isso ocorre, “o útero passa a contrair na tentativa de expulsá-lo, levando à dor de cólica de forte intensidade”, explica.