Retorno de Ciro Gomes ao PSDB vira alvo de pedido de impugnação dentro do partido
A chegada de Ciro ao PSDB tem gerado incômodos a tucanos históricos.
O retorno de Ciro Gomes ao PSDB, articulada pelo ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), segue repercutindo entre os tucanos. Depois de meses de negociações entre o PSDB e o União Brasil, o ex-ministro decidiu se filiar novamente ao partido e pode pleitear a candidatura ao Governo do Ceará em 2026. Mas, apenas um dia após o ato de filiação em Fortaleza, o clima dentro da legenda mudou.
O ex-chefe da Casa Civil no governo Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Jorge Caldas Pereira, apresentou um requerimento ao diretório estadual do PSDB pedindo a impugnação da filiação de Ciro. Em documento enviado à direção cearense, Caldas classificou o retorno de Ciro como “inadmissível” e começou a coletar assinaturas de outros tucanos para apoiar a medida.
Enquanto isso, no PDT, o clima é de comemoração pela saída de Ciro. Deputados da base do partido avaliaram a desfiliação como positiva e afirmam que o momento é de reconstrução interna, sem as divergências que, segundo eles, vinham sendo causadas pelo ex-presidenciável.
No texto de impugnação, Eduardo Jorge aponta três fundamentos estatutários para tentar barrar o ingresso de Ciro no partido:
- Conduta pessoal indecorosa, citando episódios de agressões verbais e físicas, processos por danos morais e comportamento considerado incompatível com o decoro político exigido de um filiado;
- Hostilidade notória à legenda, mencionando ofensas a lideranças históricas como Fernando Henrique Cardoso e João Doria, e críticas públicas à atuação de governos tucanos;
- Incompatibilidade com os princípios programáticos do PSDB, argumentando que o estilo combativo e o discurso populista de Ciro se chocam com a tradição liberal e moderada do partido.
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Recepção a Ciro
Apesar do desconforto, fontes ligadas ao PSDB afirmam que a direção nacional não vê o movimento de impugnação com preocupação e que o partido segue “feliz” com o retorno de Ciro. Segundo essas fontes, o manifesto de Eduardo Jorge representa “um ato isolado” e sem grandes repercussões.
Mesmo assim, o discurso de “todos felizes” não se confirma publicamente. Parlamentares tucanos não estão comentando a nova filiação do ex-ministro. O presidente nacional da legenda, Marconi Perillo, que deve deixar o cargo no próximo mês para se dedicar à disputa em Goiás, não participou da cerimônia e também não se manifestou sobre o assunto.
No site do partido, a recepção foi calorosa: o PSDB publicou nota destacando a trajetória de Ciro como marcada por “inteligência, firmeza e capacidade de gestão”. Já nos bastidores, o tom é outro. Deputados evitam falar abertamente sobre o tema.
O deputado federal Aécio Neves, ausente da cerimônia, foi uma das poucas vozes tucanas a se pronunciar. Em nota publicada nas redes sociais, deu boas-vindas a Ciro e ressaltou “a liderança expressiva” que o ex-ministro exerce no Ceará.
Enquanto isso, Eduardo Jorge Caldas mantém o movimento contra o novo filiado. No documento enviado ao diretório estadual, ele estabeleceu o prazo de 48 horas para que o pedido de impugnação seja protocolado, e segue colhendo assinaturas de quem, assim como ele, considera o retorno de Ciro “inadmissível” dentro do PSDB.