Qual o cenário da décima visita de Lula ao Ceará no terceiro mandato?
O presidente desembarca no Estado para cumprir agendas voltadas à educação e ao desenvolvimento industrial
Na décima visita ao Ceará desde que voltou ao Planalto, o presidente Lula (PT) cumpre, nesta quarta-feira (3), agendas voltadas à educação e ao desenvolvimento industrial no Estado. A recorrência das viagens evidencia o peso político que o Ceará assume dentro do terceiro mandato, seja como vitrine de políticas federais, seja como reduto estratégico do PT.
Conforme a agenda oficial desta quarta-feira, o petista, ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), inicia seus compromissos por volta das 9 horas, no Centro de Eventos do Ceará, onde entregará carteiras profissionais emitidas pelo Ministério da Educação para professores cearenses.
A iniciativa, tratada como um dos principais produtos da gestão Camilo no Ministério da Educação, faz parte de um programa lançado em outubro que garante aos portadores da Carteira acesso a descontos em atividades culturais e benefícios vinculados ao programa Mais Professores.
Por volta das 11 horas, Lula estará em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza, onde participa do início da produção de veículos elétricos da General Motors no Polo Automotivo do Ceará, marcando mais uma agenda voltada à reindustrialização — uma das bandeiras prioritárias do Governo.
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Das dez vezes em que ele desembarcou no Estado desde a posse, seis tiveram foco direto em ações ou anúncios na área da educação, setor no qual o Ceará é apresentado nacionalmente como laboratório de políticas públicas bem-sucedidas.
As visitas também têm servido tanto para reforçar entregas do Governo Federal quanto para alimentar o palanque do PT no Estado. Além de comandar o Executivo estadual, a sigla é a segunda maior legenda do Ceará em quantidade de prefeituras. Fortaleza, inclusive, é a única capital do País sob comando de um petista.
Cenário político
Nesta visita, Lula chega ao Ceará a cerca de dez meses das eleições gerais, em um momento em que lideranças ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-governador Ciro Gomes (PSDB) tentam articular uma frente ampla oposicionista no Estado.
Na proposta, Ciro seria o candidato ao Governo, enquanto o deputado estadual Pastor Alcides (PL), pai de André Fernandes, concorreria ao Senado. A articulação ganhou adesão entre ciristas e parte da ala bolsonarista, mas foi abalada no último domingo (30), quando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) criticou publicamente a aliança, reacendendo tensões na oposição.
Apesar do desgaste do outro lado, a base governista também enfrenta tensões e precisará de habilidade de Lula, Camilo, Elmano e aliados para equilibrar interesses internos. O maior foco de disputa é a formação da chapa ao Senado, que já mobiliza quase dez pré-candidatos alinhados ao presidente no Estado. A indefinição amplia a pressão de partidos aliados que temem não ter espaço na composição final.
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Um dos nomes mais cotados — e que mais sinaliza publicamente seu interesse — é o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT). O parlamentar já afirmou que não abre mão da candidatura, mas parte dos aliados resiste à ideia de concentrar mais essa posição no PT.
Além de Guimarães, também são cotados os deputados federais Eunício Oliveira (MDB), Júnior Mano (PSB), Luizianne Lins (PT) e Moses Rodrigues (União), o secretário da Casa Civil, Chagas Vieira, e o atual senador Cid Gomes (PSB), que, embora repita não querer disputar a reeleição, continua sendo considerado uma peça decisiva na equação.
No cenário nacional, Lula vive um momento favorável, seu principal adversário, Jair Bolsonaro, está em regime fechado desde 22 de novembro, cumprindo pena de 27 anos e três meses por liderar a tentativa de golpe após as eleições de 2022. Inelegível, o ex-presidente fragiliza a articulação da oposição, que tem entrado em rota de colisão na disputa pelo seu espólio eleitoral.
Já Lula tenta aproveitar o momento para capitalizar. Na última quarta-feira (26), ele sancionou a lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e concede descontos para rendas de até R$ 7.350. A medida era uma das mais aguardadas na área econômica em 2025.
A expectativa do presidente e de seus aliados é manter ou ampliar a aprovação do Governo e reforçar agendas positivas em redutos estratégicos, entre eles o Ceará, onde o lulismo historicamente encontra terreno fértil.
Relembre as visitas anteriores de Lula ao Ceará
- Julho de 2025: visita ao trecho da Ferrovia Transnordestina, em Missão Velha.
- Março de 2025: inauguração do Hospital Universitário do Ceará (HUC), na Uece.
- Outubro de 2024: entrega de 1.200 unidades do Minha Casa, Minha Vida no José Walter e repasse de 113 ônibus escolares a municípios cearenses.
- Agosto de 2024: assinatura da MP do Programa Mover, do PL do FIIS, do marco do hidrogênio de baixa emissão e do decreto do FDNE, no Porto do Pecém; anúncio da expansão do Pé-de-Meia.
- Junho de 2024: anúncios de investimentos para instituições federais de educação e entrega de cerca de 400 unidades do MCMV.
- Abril de 2024: em Iguatu, autorização do Trecho III do Ramal do Salgado e vistoria da Transnordestina.
- Janeiro de 2024: lançamento da pedra fundamental do ITA na Base Aérea de Fortaleza.
- Setembro de 2023: visita ao BNB pelos 25 anos do Crediamigo e 18 anos do Agroamigo.
- Maio de 2023: lançamento do Programa Nacional de Escolas de Tempo Integral e inaugurações de equipamentos educacionais no Crato e em Fortaleza.