Ozires vê 'muita contradição' em impasse sobre rumo da federação União-PP no Ceará em 2026
Ozires Pontes, dirigente tucano, gostaria de ter a nova composição ao seu lado na oposição, mas impasse segue
O impasse sobre o posicionamento da federação União Progressista, formada por União Brasil e PP, nas eleições de 2026, no Ceará, levanta dúvidas não só dos seus filiados, mas também de partidos do entorno, como o PSDB. Foi o que apontou o tucano Ozires Pontes, que comanda a sigla no Estado, nessa quinta-feira (25), durante entrevista à Live PontoPoder.
Ele disse ver “muita contradição” entre as declarações de Capitão Wagner (União), apontado como futuro presidente da federação no Ceará, e o apoio dado por deputados federais, como AJ Albuquerque (PP) e Fernanda Pessoa (União), aos planos da base governista no Estado.
Todos os dois são deputados federais, e a gente sabe o peso que isso tem hoje. Então, mesmo querendo acreditar no que o Capitão está dizendo, só acredito quando eu vir ao menos esses dois deputados concordando com ele. Porque o (co-presidente nacional da federação, Antônio) Rueda não pode dizer uma coisa e dois deputados federais do partido dele, do Ceará, dizerem outra.
Ele destacou que, além da parceria na política, é amigo de ambos os parlamentares e tem acompanhado de perto essas sinalizações.
“Eu não vejo nenhuma disposição do AJ Albuquerque de ficar contra o governador, zero. Inclusive, vejo ele se posicionando já no interior dizendo que vai apoiar o governador na reeleição. Aí se vão permitir que ele faça isso no partido ou se vão pedir para ele sair, eu não sei como vai ser conduzido isso”, apontou.
Na outra ponta, o PSDB espera liderar a coligação majoritária no ano que vem, lançando o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ao Governo do Estado. A sua filiação, segundo Ozires, ocorrerá no fim de dezembro deste ano.
Oposição x situação
Na entrevista, Ozires Pontes também citou a dissidência do deputado federal Moses Rodrigues (União), ventilado para o Senado com apoio da base do governador Elmano de Freitas (PT). A aproximação foi mencionada pelo ministro Camilo Santana (PT) em maio deste ano, durante entrevista ao PontoPoder. Posteriormente, lideranças como o próprio deputado AJ reforçaram a articulação com Moses.
“Ainda estamos muito longe da eleição, mas eu reafirmo o meu apoio à reeleição do governador Elmano. E vamos estar lançando: a União Progressista vai ter também o candidato ao Senado, junto com Elmano, o candidato a senador Moses Rodrigues”, disse o parlamentar do Progressistas, no início deste mês, ao PontoPoder.
Quase duas semanas depois dessa declaração, o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, se reuniu com Moses e com o chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, em Fortaleza. Em registro publicado nas redes sociais, Vieira afirma que foi um momento de "boas conversas": "em pauta, o Ceará e o Brasil".
O encontro teve duração de quatro horas, segundo o secretário. "Estamos em tratativas. A maioria da federação (no Ceará) faz parte do nosso projeto", lembra. "Foi uma boa conversa, bons sinais".
Paralelamente, a oposição busca se reafirmar. No dia seguinte, também no Aeroporto da Capital, Rueda recebeu membros da ala opositora ao Governo Elmano, como o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (sem partido) e Capitão Wagner.
Em complemento, a direção nacional do União determinou que seus filiados com mandatos deixem os cargos que ocupam a nível federal no Governo Lula.
Neste cenário, o impasse segue. Ainda não foi confirmada a indicação para o comando da federação no Ceará. Filiados indicam que a posição está prometida a Capitão Wagner, mas não houve anúncio a respeito disso até o momento.