Oposição da Alece visita Hospital César Cals, conversa com a direção e cobra laudos para reabertura
Unidade foi desativada por tempo indeterminado após o incêndio na semana passada.
Os deputados da oposição da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) visitaram o Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), na manhã desta terça-feira (18). O objetivo foi conversar com a direção e fiscalizar a unidade da rede estadual, que foi desativada por tempo indeterminado após o incêndio da semana passada.
Os opositores ao Governo Elmano de Freitas (PT) foram recebidos na entrada do hospital pelo diretor-geral do HGCC, Antônio de Pádua Almeida, e pelo superintendente da Região de Saúde de Fortaleza da Secretaria de Saúde (Sesa), Lino Alexandre.
Logo na recepção, os gestores responderam questionamentos do grupo e de líderes sindicais, como do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Ceará (Sindsaúde/CE). A conversa envolveu, principalmente, perguntas acerca do processo de reabertura do HGCC e o panorama de transferências de serviços e profissionais para outras unidades do Estado, como o Hospital Universitário do Ceará (HUC).
A gestão do Hospital Geral Dr. César Cals explicou que ainda aguarda o laudo pericial da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) para confirmar a causa do incêndio. Além disso, a unidade ainda enfrenta “deficiência de energia”, segundo Lino Alexandre. Esses aspectos teriam motivado a realocação do atendimento de saúde para outras unidades, mesmo que o incidente não tenha atingido a área interna do HGCC.
“Só tem 70% de energia funcionando. Então, assim, por medida de segurança da Secretaria da Saúde e do governador, ver, analisar o que houve para que nenhum dano venha a ocasionar e ser uma culpabilização de: ‘houve incêndio, botou para funcionar’, tá? Então nós estamos fazendo tudo isso com precaução, em parceria com a direção e discutindo ponto a ponto”
Durante o diálogo, houve um impasse sobre a entrada dos políticos na unidade, com membros da oposição ameaçando divulgar que teriam sido barrados. Em seguida, a direção e os parlamentares chegaram a um acordo e seguiram para uma conversa reservada na parte interna.
Inicialmente, o grupo chegou a divulgar uma visita técnica ao HGCC, mas não conseguiu ir até a subestação de energia do hospital, área atingida pelo incêndio na última quinta-feira (13). O local tinha passado por reforma um dia antes do episódio e é alvo de perícia.
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OPOSIÇÃO COBRA LAUDOS
Logo após a conversa com a direção, a oposição afirmou que o trabalho se concentrará na cobrança pela conclusão do laudo e, a partir daí, na fiscalização das condições para reabertura da unidade.
“É cobrar que esse laudo da Pefoce saia o mais rápido possível, informando o que houve e se tem condições de voltar. Um estudo técnico, é isso que a gente quer cobrar para a gente poder (retornar) os serviços que ainda restaram aqui”, ressaltou o deputado estadual Queiroz Filho (PDT).
Além de Queiroz, participaram da visita os deputados estaduais Dra. Silvana (PL), Heitor Férrer (União), Felipe Mota (União), Lucinildo Frota (PDT), Cláudio Pinho (PDT), Antônio Henrique (PDT) e Pedro Matos (Avante).
O PontoPoder acionou a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e a Enel Ceará para saber mais detalhes sobre o atual panorama da apuração do incêndio. A matéria será atualizada em caso de retorno.
Em nota ao Diário do Nordeste, a Enel informou não atuar na investigação, além de não ter recebido solicitação de nenhum órgão de perícia sobre laudo das causas do incêndio.
"A Enel Distribuição Ceará esclarece que, na última quinta-feira (13), logo no início do incêndio no Hospital César Cals, foi acionada pela Secretaria de Governo e pela Seinfra, que solicitaram apoio da distribuidora. A empresa reforça que agiu rapidamente com turmas de emergência e que foi identificado um defeito nas instalações internas do hospital, cuja responsabilidade é da própria unidade hospitalar", detalhou.
Instalação de geradores para abastecer alas prioritárias
Após o incêndio, a Enel Ceará afirmou ter tomado algumas medidas preventivas, como:
- Desligamento emergencial da energia para garantir a segurança e o trabalho de profissionais;
- Envio de equipes técnicas e de um supervisor da Enel para dar suporte;
- Instalação de sete geradores de pequeno e grande porte para abastecer alas prioritárias.
"A empresa informa ainda que realizou uma visita técnica, em conjunto com a equipe da Secretaria de Saúde, com o objetivo de mapear o sistema elétrico interno do hospital e viabilizar novas ligações de energia para a unidade", acrescentou.
A Enel também afirma que, no sábado (15), equipes técnicas instalaram dois novos transformadores de distribuição e efetuaram quatro novas ligações de energia, de acordo com as necessidades definidas pelos profissionais do hospital. A medida teria assegurado o fornecimento às áreas prioritárias.
A carga máxima de energia elétrica só será restabelecida em 100% com a reconstrução da subestação de energia do hospital, segundo a companhia.
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REDISTRIBUIÇÃO DE LEITOS
Outro ponto debatido pelos deputados da oposição foi a realocação dos serviços do Hospital César Cals. Os parlamentares criticaram a recente atualização que, antes do incêndio, motivou a migração dos serviços de Clínica Médica e Clínica Cirúrgica para o Hospital Universitário do Ceará (HUC). A Sesa justifica que a mudança foi uma adequação do perfil assistencial da unidade, reforçando o atendimento materno-infantil à população.
"Você tirar as cirurgias daqui e transferir para Uece (HUC), você não criou leito novo. A fila da cirurgia vai continuar da mesma forma porque aqui não vai operar, vai operar só lá na Uece. Portanto, quem está na fila continuará na fila. A nossa briga é por leitos novos”, criticou Cláudio Pinho.
Por outro lado, o Governo do Ceará comunicou a abertura de 285 novos leitos obstétricos/neonatais, como uma das medidas após o incêndio, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza e o Governo Federal. A distribuição será da seguinte forma:
- 185 leitos no Hospital Universitário do Ceará (HUC) - da rede estadual;
- 60 leitos no Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann (Hospital da Mulher) - da rede municipal;
- 40 leitos no Hospital Distrital Gonzaga Mota (Gonzaguinha da Messejana) - da rede municipal.
Segundo a gestão estadual, o número supera o total de leitos do tipo antes disponíveis no César Cals, que eram 203 (em nota ao Diário do Nordeste, a pasta informou que ativos e ocupados eram 195). Assim, de forma direta, Fortaleza ganha 82 novos leitos obstétricos e neonatais.