Legislativo Judiciário Executivo

'Não devemos inocentar nem absolver', diz Elmano sobre investigação de Júnior Mano

O governador também rebateu ataque de Capitão Wagner à aliança e repercutiu suspeitas sobre outros deputados

Escrito por
Bruno Leite bruno.leite@svm.com.br
(Atualizado às 12:33)
Elmano de Freitas na Live PontoPoder, onde falou sobre a investigação contra o deputado Júnior Mano
Legenda: Político foi o entrevistado da Live PontoPoder desta quarta-feira (9)
Foto: Thiago Gadelha

O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), pediu cautela ao repercutir a deflagração da operação da Polícia Federal (PF), nessa terça-feira (8), que teve o deputado federal Júnior Mano (PSB) como um dos alvos. Entrevistado da Live PontoPoder desta quarta-feira (9), o petista afirmou que “é preciso deixar a investigação acontecer” para que se possa emitir qualquer opinião sobre o assunto.

“Sei que na sociedade, quando algum político é investigado, em regra, o cidadão comum já acha que ele é culpado. O senso comum do país é que se o político está sendo acusado ou investigado de alguma coisa, certamente ele está envolvido, porque tem um padrão de achar que os políticos, todos eles, são ladrões, fazem coisa errada. E não é assim”, frisou. 

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O deputado federal é suspeito de envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos de emendas parlamentares para o financiamento ilegal de campanhas eleitorais em municípios do Ceará. Conforme indicou um relatório da PF, utilizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, para autorizar a operação, o parlamentar teve “participação central” na organização criminosa que operava o desvio de dinheiro público.

Ao ser entrevistado pelos editores do PontoPoder, Jéssica Welma e Wagner Mendes, Elmano reforçou o tom de moderação. “Às vezes, você mesmo sendo sério, também pode ser investigado, porque alguém fez uma acusação que não tem fundamento, alguém com raiva de você falou uma inverdade, e você vai ser investigado e vai esclarecer. Acho que é bom ter cautela”, destacou.

Elmano rebate Capitão Wagner

O ocupante do Palácio da Abolição aproveitou para criticar figuras da oposição que opinaram sobre a investigação envolvendo o parlamentar do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Capitão Wagner (União) fez um post nas redes sociais citando as investigações da Polícia Federal, e nas imagens traz o govenador ao lado do deputado investigado.

“Vi o nosso [ex-]deputado Capitão Wagner [do União Brasil] fazendo acusação, falando do deputado Júnior Mano. Ele só esquece que, por exemplo, o deputado Júnior Mano votou nele para governador”, apontou o entrevistado.

Para Elmano, condutas do tipo são “proselitismo político” e representam tentativas de se “aproveitar politicamente”. “Tem acusação de gente que envolve partido do [Capitão] Wagner e partidos de outras lideranças e eu nunca costumei fazer movimentação política desse tipo, porque acho que existe respeito às pessoas, sempre tento me colocar no lugar de alguém”, completou.

Deputados citados

O gestor também falou sobre outros aliados, que foram mencionados no caso de corrupção envolvendo Júnior Mano. Os deputados federais Eunício Oliveira (MDB), José Guimarães (PT) e Yury do Paredão (MDB) aparecem nos documentos da Polícia Federal e são indicados como nomes que necessitam de investigações específicas, a fim de esclarecer citações feitas por terceiros no curso da investigação atual. O STF autorizou as apurações.

“O deputado Guimarães disse que não colocou nenhum recurso nos municípios que são investigados, não tem recurso dele nesses municípios. A mesma coisa o deputado Eunício, que ia colocar recurso esse ano — foi o que vi da nota dele — e que até já suspendeu, ou seja, nunca mandou recurso para esses municípios”, argumentou o governador ao se referir a dois dos três aliados apontados. 

“Acho que não devemos inocentar nem absolver. Agora, evidentemente, eu parto da premissa do que conheço das pessoas, de que elas são inocentes. Vamos deixar a investigação acontecer”, complementou durante a conversa.

Elmano foi indagado sobre o impacto das acusações contra Júnior Mano nas articulações políticas para o próximo ano, quando o eleitorado cearense vai escolher os seus representantes nas Casas Legislativas. O investigado é um dos pretensos candidatos do grupo governista ao Senado Federal — tendo sido objeto de elogios públicos e estímulo do senador Cid Gomes (PSB), uma das lideranças da sua sigla.

“O próprio Júnior Mano sabe que o resultado da investigação é que vai definir como será o futuro”, declarou. Pelo que disse acreditar o chefe do Executivo cearense, Cid Gomes “também vai aguardar o que a investigação vai dizer” e “quando aparecer por inteiro, aí ele vai poder tomar uma decisão, sobre qual a posição que o partido terá sobre seu filiado, sobre possível pré-candidatura”.

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