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Direção nacional do PDT assume poderes do partido no Ceará para barrar convocação de aliados de Cid

Cúpula do partido se reuniu nesta segunda-feira em Brasília, sem chegar a consenso sobre presidência do PDT Ceará

Escrito por Flávia Rabelo, Jéssica Welma, Ingrid Campos ,
André Figueiredo, presidente nacional em exercício do PDT, com Ciro Gomes, vice-presidente nacional, e o deputado estadual Antônio Henrique
Legenda: André Figueiredo, presidente nacional em exercício do PDT, com Ciro Gomes, vice-presidente nacional, no encontro regional do partido em Fortaleza
Foto: Kid Jr

Com o acirramento da disputa interna no PDT pela presidência do partido no Ceará, a Executiva nacional da legenda decidiu tomar para si as competências da gestão estadual após reunião nesta segunda-feira (3), em Brasília.

O episódio mais recente da crise foi a convocação de uma reunião extraordinária do PDT Ceará na próxima sexta-feira (7), a partir de mobilização de aliados do senador Cid Gomes, que disputa a presidência com o deputado federal André Figueiredo, à frente do partido há quase duas décadas.

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"Houve uma convocação ilegal de uma reunião do diretório pra destituir a atual Executiva (estadual). Não existe previsão estatutária, em nenhum local, que justificasse essa convocação, e consequentemente a Direção Nacional avocou para si a gestão do PDT no Ceará, neste momento, onde existem esses imbróglios esperando ser superados", disse Figueiredo ao sair da reunião, na sede nacional do PDT, em Brasília.

Além de André Figueiredo, que tem acumulado a presidência nacional interinamente neste ano, participaram Cid Gomes, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, e os deputados Enfermeira Ana Paula, Romeu Aldigueri, Osmar Baquit, Jeová Mota, Lia Gomes (irmã de Cid), Guilherme Bismark, e os parlamentares licenciados Robério Monteiro, Salmito Filho e Oriel Nunes. O ex-ministro Ciro Gomes participou da discussão de forma virtual. 

"Cid trouxe um grande número de deputados estaduais e três deputados federais que estão como suplentes ou efetivos. Eu não mobilizei ninguém, não esperava que houvesse essa mobilização, até porque, se a gente quisesse trazer os parlamentares municipais, o prefeito de Fortaleza, que representa 1/3 dos cearenses, certamente eles viriam, mas é um caso intrapartidário, um caso onde teríamos que ouvir a instância superior ao diretório estadual e assim foi feito", disse Figueiredo, sobre a reunião.

Cid rebate André e mantém convocação

Vice-presidente do PDT Ceará, Cid concedeu coletiva de imprensa horas após a reunião e rebateu a declaração do presidente nacional sobre a gestão no Ceará. O senador reforçou que a convocação extraordinária está mantida no dia 7 de julho.

"Se o Diretório Nacional quiser tomar qualquer outra medida, muito bem, cabe ao Diretório Nacional, à Executiva Nacional. Mas o nosso entendimento é de que o artigo 67 do estatuto não permite à Executiva Nacional intervir, como está noticiado, no Diretório Estadual. Não é difícil o entendimento. Uma coisa é o processo ético-disciplinar, e a nacional ou a estadual poder avocar (tomar para si as determinações) se numa instância inferior está tendo dissídia", disse.

Disputa pela presidência do PDT Ceará

Desde maio, quando Cid sinalizou o interesse em assumir a presidência do PDT no Ceará, a crise interna que o partido vive desde as eleições de 2022 tem se acirrado. Um encontro regional da legenda em Fortaleza no último dia 22 escancarou as divergências. Apenas a ala ligada a Figueiredo e Ciro Gomes compareceu, com uma sequência de discursos em apoio à presidência do deputado federal, especialmente por parte de Ciro.

Pouco antes do encontro, entrevista de Ciro Gomes ao PontoPoder mostrou que os impasses políticos seguem atingindo as relações familiares dele com Cid.

Dias depois, o senador reuniu apoiadores em Fortaleza, com ampla presença de deputados e prefeitos, para pressionar pela mudança na presidência do PDT. Foi nessa ocasião que surgiu o documento com a assinatura de aliados de Cid, pedindo a convocação extraordinária da Executiva estadual para discutir a troca de comando.

O presidente nacional licenciado do PDT, Carlos Lupi chegou a desembarcar em Fortaleza, no dia 26 de junho, para se reunir com a ala cidista do partido no Ceará e mediar uma conversa entre Cid Gomes e André Figueiredo. O encaminhamento foi que o ministro da Educação, Camilo Santana (PT) e o governador Elmano de Freitas (PT) seriam chamados para conversar. As reuniões não foram realizadas, no entanto. 

Por outro lado, aliados de Figueiredo na disputa chamam de "golpe" a tentativa de Cid assumir o partido. O atual presidente tem dito que não há motivos para destitui-lo do cargo e que, regimentalmente, seu mandato vai até dezembro deste ano. Nesta segunda-feira, ele chamou o movimento de Cid de "ilegal" e reforçou a narrativa de golpe.

"Foi uma resposta à altura de algo que é completamente ilegal. Foi acionada a Executiva Nacional para que nós pudéssemos sanar esse vício que poderia trazer consequências imprevisíveis, por conta de que o clima de animosidade entre algumas pessoas está muito elevado. Temos absoluta certeza de que esse ato não poderia acontecer sob pena de levar ainda mais desgaste ao PDT", disse.

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"Se eu sou presidente do PDT até 31 de dezembro de 2023 e não há previsão estatutária de reunião de diretório para destituir Executiva legitimamente eleita e com mandato, a tradução é muito simples", pontuou, ao ser questionado sobre a narrativa de golpe.

Na semana passada, Cid havia defendido que não tem interesse pessoal na presidência.

"Parece que eu estou disputando presidência do PDT, não é assim. Eu estou sendo solicitado, demandado. Muita gente entende que eu sou a pessoa que pode ajudá-los nessa hora difícil pelo qual membros do partido, vereadores, prefeitos, estão passando. É desagradável para mim, não estou pleiteando presidência, isso não é nenhum troféu, o que eu quero é que o partido esteja bem e tranquilo e que a gente compreenda que a nossa luta deve ser pra fora, e não uma luta fraquecida, uma luta interna", disse Cid.

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