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"Não estou pleiteando a presidência, isso não é nenhum troféu", diz Cid Gomes sobre crise no PDT

Senador ressaltou que tem sido demandado por aliados sobre situação partidária

Escrito por Luana Barros, Ingrid Campos ,
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Legenda: Cid reuniu aliados nesta segunda-feira no âmbito das discussões sobre a sucessão do PDT estadual.
Foto: Thiago Gadelha

O senador Cid Gomes (PDT) minimizou nesta segunda-feira (26) interesses pessoais em assumir a presidência do PDT no Ceará, atualmente ocupada pelo deputado federal André Figueiredo. Após reunião com aliados convocada pelo senador, em Fortaleza, Cid defendeu que a pressão pela mudança na direção partidária é uma cobrança de pedetistas.

"Parece que eu estou disputando presidência do PDT, não é assim. Eu estou sendo solicitado, demandado. Muita gente entende que eu sou a pessoa que pode ajudá-los nessa hora difícil pelo qual membros do partido, vereadores, prefeitos, estão passando. É desagradável para mim, não estou pleiteando presidência, isso não é nenhum troféu, o que eu quero é que o partido esteja bem e tranquilo e que a gente compreenda que a nossa luta deve ser pra fora, e não uma luta fraquecida, uma luta interna"
Cid Gomes
Senador e vice-presidente do PDT Ceará

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Em seguida, o senador chegou a encontrar Figueiredo e o presidente nacional licenciado da sigla, Carlos Lupi, mas a conversa não durou muito. Ambos têm tentado adotar, publicamente, um tom cordial em meio às pressões internas.

Em crise desde as eleições do ano passado, a sucessão da presidência estadual é o novo ponto de tensão do PDT. O mandato de André Figueiredo acaba no fim do ano, e uma parte – também mais ligada ao ex-ministro Ciro Gomes – defende a manutenção do seu posto. Contudo, outra fatia mais governista intercede por Cid.

A disputa reedita a dinâmica de 2022, quando as duas alas defenderam nomes distintos à eleição ao Palácio da Abolição, levando a um rompimento interno que tem se agravado em 2023.

Crise no PDT

A divisão do partido ficou explicita na série de reuniões desta segunda-feira e no encontro regional do partido que, sediado em Fortaleza, concentrou a ala defensora de Figueiredo. Já as tratativas desta semana foram monopolizadas por cidistas.

Cid, Eduardo Bismarck, Evandro Leitão
Legenda: Cid com aliados durante reunião em Fortaleza
Foto: Thiago Gadelha

O senador, inclusive, disse que não compareceu ao encontro regional na quinta-feira (22) porque "o clima ficou tenso" devido a uma conversa "que não terminou bem" com o atual presidente estadual, ocorrida no mesmo dia.

"A gente não faz política na imprensa ou, principalmente, a gente não expõe os problemas da gente na imprensa, a gente deve procurar resolver internamente. [...] Esse grupo que está aqui (de aliados) quer paz, quer olhar para frente, quer virar a página das eleições (de 2022) e quer olhar pra frente. Tudo pode ser discutido na frente, né? Inclusive a relação com o Governo Federal, a relação com o Governo do Estado, mas isso tudo a gente deve fazer internamente, respeitando o pensamento majoritário do partido", avaliou. 

Os dias que antecederam o evento partidário da última semana foram marcados por fortes declarações públicas sobre o assunto, em especial as de Ciro Gomes, ex-ministro e seu irmão. Ele chegou a defender incisivamente a liderança de Figueiredo em uma das suas primeiras agendas políticas pós-eleições. 

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"O PDT não pode mais sangrar"

Tanto Cid quanto Figueiredo têm fatias do PDT cearense trabalhando em sua defesa. Na plenária desta segunda, o senador disse que reúne o apoio de dezenas de prefeitos e a maioria da bancada legislativa. O atual presidente também tem uma parte dos parlamentares pedetistas e dos gestores no Estado.

Entre os que apostam em Cid, está o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão. Em coletiva de imprensa junto ao senador, ele tomou a palavra para sustentar a figura do senador como responsável pelo "processo de remontagem" do partido.

Evandro Leitão
Legenda: Evandro Leitão saiu em defesa de Cid durante coletiva de imprensa
Foto: Thiago Gadelha

"Nada contra o deputado André Figueiredo, pelo contrário, reconhecemos na sua pessoa um grande parlamentar, uma figura que tem dado sua contribuição ao PDT. No entanto, o momento necessita da presença, da liderança, de tudo que ele (Cid) representa para cada um de nós", reiterou. 

"Todas essas pessoas que estão aqui veem na pessoa do Cid esse norte que eles nos dá, e o PDT não pode mais sangrar. Desde as eleições nós estamos sangrando, e temos que dar um basta nisso. Esse basta, com todo respeito, é com a figura dele (Cid)", completou.

Já Ciro Gomes, no encontro regional do PDT, advogou pela liderança de Figueiredo. "Se até hoje tem antagonismos dentro do PDT, acreditem: não é pelos defeitos do André, é pelas suas virtudes. [...] Portanto, André, você conta comigo", disse no encontro regional da última semana.

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