Legislativo Judiciário Executivo

Com retomada dos trabalhos na Alece e Câmara, parlamentares de oposição reagem à prisão de Bolsonaro

Aliados do ex-presidente no Ceará criticaram decisão do ministro Alexandre de Moraes

Jair Bolsonaro teve a prisão domiciliar decretada nessa segunda-feira (4)
Legenda: Jair Bolsonaro teve a prisão domiciliar decretada nessa segunda-feira (4)
Foto: Thiago Gadelha

A decretação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), na segunda-feira (4), motivou uma série de reações de apoiadores do ex-presidente. A decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, repercutiu em pronunciamos de parlamentares tanto na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) quanto na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor).

Nesta terça-feira (5), a oposição da Alece aproveitou o retorno das atividades do Plenário 13 de Maio para realizar o primeiro encontro do segundo semestre. O momento serviu para o grupo repercutir a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de alinhar as estratégias de atuação na Assembleia e nas articulações voltadas ao pleito eleitoral de 2026. 

Anfitrião desta edição do “Café da Oposição” em seu gabinete, o deputado estadual Sargento Reginauro (União) endossou as críticas a Alexandre de Moraes e pediu o impeachment do ministro do STF por “desequilibrar completamente a harmonia entre os Poderes”. Para o parlamentar, o momento reforça a necessidade de união do grupo para dar uma resposta ao que chamou de “absurdo”. 

“O que aconteceu ontem com a prisão do ex-presidente Bolsonaro é um recado claro para o país. Estamos vivendo, sim, uma ditadura. Pessoas sendo proibidas de falar em rede social. E agora ficou pior, porque não é nem apenas de falar, é aparecer, porque o presidente Bolsonaro não falou em rede social. E lamentavelmente está sendo decretada a sua prisão em momentos em que nós estamos vivendo grandes traficantes, assassinos, inclusive tendo direito de liberdade e alguns até se comunicando de dentro de presídios em rede social”
Sargento Reginauro
Deputado estadual e líder do União Brasil na Alece

Alcides Fernandes (PL) criticou as medidas contra o ex-presidente, as quais chamou de “perseguições”, e afirmou que “eleição sem Bolsonaro é golpe”. O parlamentar também fez questão de pregar que, após os recentes desdobramentos do cenário político, os membros do grupo estão “mais unidos do que nunca”. 

“O café da oposição agora tá com sabor de vitória. Porque nós estamos unidos. E se o Bolsonaro, se o nosso presidente foi eleito com aquela facada, agora com essa prisão arbitrária, aí é que nós estamos eleitos. Então, eu posso dizer: ‘Perdeu, mané’. Não tem mais vaga para PT. A oposição tá mais forte ainda", afirmou Fernandes. 

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Por sua vez, o deputado estadual Carmelo Neto (PL) resolveu alterar o nome parlamentar para ‘Carmelo Bolsonaro’ em apoio ao ex-chefe do Executivo. Oficializada nesta terça-feira (5), a mudança ocorre para dar voz a um ex-presidente que, segundo o político, está sendo “censurado, calado e vítima de uma arbitrariedade”.

“A gente está vendo o esforço de calar o presidente Bolsonaro o tempo inteiro por parte do Poder Judiciário, do ministro Alexandre de Moraes, que as grandes democracias, o mundo já estão vendo, as arbitrariedades que ele está cometendo e estão classificando como tal, como um ditador. Alexandre de Moraes está colocando o Brasil na esteira de países como Cuba, Venezuela e o Irã. Isso é muito ruim”, destacou o bolsonarista. 

REPERCUSSÃO NA CMFOR

Na Câmara Municipal de Fortaleza, o vereador Marcelo Mendes (PL) foi um dos aliados que reforçou as falas contra a prisão de Bolsonaro, ao dizer que o presidente está sendo tratado “pior do que um traficante”. Para ele, a prisão é política e caracteriza “mais uma página de perseguição”. 

“Eu imagino que nós pagaremos um preço muito alto, o Brasil pagará um preço muito alto por mais esse desatino do ministro Alexandre de Moraes”, declarou. O vereador também prometeu reações dos apoiadores. “Já está marcado para o dia 7 de setembro, talvez o maior encontro, a maior manifestação de rua, que o Brasil teve notícia. No dia 7 de setembro, o Brasil vai às ruas para lutar contra, agora, mais esse absurdo”, pontuou. 

No mesmo sentido, a vereadora Bella Carmelo (PL) avaliou que a decisão foi uma “cortina de fumaça” e funciona como resposta às manifestações de apoiadores do ex-presidente no último domingo (3). Na ocasião, representantes do bolsonarismo em várias cidades do Brasil, incluindo Fortaleza, cobraram o impeachment de Moraes e pediram anistia a Bolsonaro e aos demais acusados de tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023.

“Foi uma decretação de prisão completamente absurda. A gente nunca viu alguém ser preso sem nenhuma condenação. É a primeira vez, ainda mais um ex-chefe de Estado, um ex-presidente da República, o maior líder da oposição hoje”
Bella Carmello
Vereadora de Fortaleza

Por sua vez, a vereadora Priscila Costa (PL) afirmou que a decisão trata-se de um “projeto de vingança” de Alexandre de Moraes. Ela também acusou o ministro de liderar ações para “punir, criminalizar e prender pessoas que tivessem uma ideologia contrária a dele”, a partir das acusações do caso chamado de “Vaza Toga”, que teria vazado mensagens de Moraes em articulações na busca de possíveis crimes — que ainda não foram comprovadas, nem foram alvos de manifestação do STF.

“Motivo pelo qual Bolsonaro foi preso? Ele teria descumprido uma medida cautelar. Qual foi essa medida? Ele teria falado sobre não desistir do Brasil e uma outra pessoa postou. A gente vai se pronunciar, principalmente alertando a todos que o Brasil não é mais uma democracia. E a gente espera muito que a imprensa possa ser esse bastião da liberdade”, repudiou Costa. 

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PRISÃO DOMICILIAR

Na segunda, o ministro do STF decretou a prisão domiciliar do ex-presidente por descumprimento às medidas restritivas impostas, como a não utilização das redes sociais. 

Desde o dia 18 de julho, Bolsonaro precisava seguir diversas medidas, como usar tornozeleira eletrônica, não acessar as redes sociais (diretamente ou por intermédio de terceiros) e permanecer em casa entre 19h e 6h, assim como nos fins de semana.

Para Moraes, havia o risco de fuga e de obstrução das investigações por parte do ex-presidente. Bolsonaro segue sendo réu no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado orquestrada após as eleições gerais de 2022. 

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