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"Carta branca" à negociação com Bolsonaro evidencia impasse envolvendo PL do Ceará

No Estado, o partido faz parte da base aliada ao governador petista Camilo Santana, forte opositor do presidente

Escrito por Igor Cavalcante, Flávia Rabelo e Luana Barros ,
Bolsonaro no PL
Legenda: O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recebeu 'carta branca' para negociar filiação de Bolsonaro
Foto: Divulgação/PL

A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Partido Liberal (PL) teve novo capítulo na quarta-feira (17) com o anúncio de que os dirigentes estaduais da sigla deram "carta branca" ao presidente do partido, Valdemar Costa Neto, para negociar com o chefe do Executivo. No caso do Ceará, a decisão evidenciou o racha entre os filiados.

A não garantia de apoio em alguns estados foi um dos pontos que geraram desacordo e o adiamento da cerimônia de filiação de Bolsonaro, antes prevista para o próxima segunda-feira (22). 

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Um dos estados envolvidos no impasse é o Ceará, onde o PL é formado por aliados tanto do presidente como do governador Camilo Santana, do PT. O diretório estadual da sigla, por exemplo, é comandado por Acilon Gonçalves (PL), prefeito do Eusébio e aliado do petista.

Ele participou da reunião realizada pela Executiva nacional em Brasília, mas preferiu não se manifestar sobre a possível filiação de Bolsonaro. Em nota, Acilon reforçou a decisão de "dar 'carta branca' ao presidente nacional da sigla", mas disse que só irá se manifestar "quando houver posição concreta da filiação do presidente Jair Bolsonaro". 

Acilon e Camilo
Legenda: No Ceará, Acilon Golçalves - assim como o filho e prefeito de Aquiraz, Bruno Golçalves - faz parte da base aliada a Camilo Santana
Foto: Reprodução/Instagram

Aliados ao presidente

Integrante do PL no Ceará e aliado do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Dr. Jaziel (PL) defendeu que aqueles correligionários que não “assimilam o Governo Bolsonaro” devem “desocupar” a sigla. 

“Tem segmentos e até diretórios de alguns estados, como Bahia, São Paulo e Ceará, que estão atrelados a governos estaduais. No caso do Ceará, o PL está atrelado ao Governo, que é do PT, e à Prefeitura, que é do PDT. Não tem sentido essas pessoas estarem juntas com Bolsonaro e com os que apoiam o presidente, ou um ou outro tem que sair”.
Dr. Jaziel (PL)
Deputado federal

O parlamentar ainda reafirmou que o partido deve abrigar o presidente. “Ele vai vir, por isso que esse pessoal tem que desocupar, ou então o presidente não vai ocupar o lugar dele. Essa é a exigência dele e ele está correto”, acrescentou. 

Outros parlamentares aliados a Bolsonaro demonstraram a intenção de ir para o PL caso se confirme a filiação do presidente, como é o caso do deputado estadual André Fernandes (Republicanos) e do vereador de Fortaleza Inspetor Alberto (Pros). 

Existia, inclusive, uma articulação já em andamento para André Fernandes assumir a presidência estadual do PL, enquanto Inspetor Alberto ficaria à frente do diretório municipal. As conversas, no entanto, foram suspensas até que haja uma posição sobre a filiação de Bolsonaro. 

O deputado federal Júnior Mano (PL), uma das lideranças do PL no Ceará, foi procurado pela reportagem, mas preferiu não comentar. 

"Carta branca"

A reunião dos dirigentes regionais do PL em Brasília, nesta quarta-feira (17), resultou em uma “carta branca” ao presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, para atender às exigências do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em sua filiação à sigla. 

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"O presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, tem carta branca para conduzir e decidir sobre a sucessão presidencial e a filiação do presidente Jair Bolsonaro", afirma o partido em nota divulgada. O texto acrescenta ainda que o PL está "pronto e alinhado" para a filiação do presidente.

Há três dias, o PL decidiu adiar o evento de filiação de Bolsonaro, que estava marcado para a próxima segunda-feira (22). Em nota, a sigla informou que a decisão ocorreu após "intensa troca de mensagens" do chefe do Executivo com o presidente do partido, Valdemar da Costa Neto.

No domingo, em entrevista ao Estadão, Bolsonaro disse que a filiação só iria valer após a assinatura da adesão à sigla. 

“Tenho muita coisa a conversar com o Valdemar Costa Neto ainda. Afinal de contas, não é a minha bandeira que vai ficar isolada no partido dele. Queremos um projeto de Brasil e o discurso não é apenas o meu, mas do presidente do partido também, nós estarmos perfeitamente alinhados".
Jair Bolsonaro
Presidente da República

Nas últimas semanas, Bolsonaro teve tratativas também com os partidos Progressistas e Republicanos, mas chegou a declarar que estava 99% acertado com o PL.

 

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