Legislativo Judiciário Executivo

Como a ida de Bolsonaro para o PL pode interferir na base de Camilo Santana no Ceará

Regionalmente, a sigla aglutina grupos da base do governo e também parlamentares bolsonaristas

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
Deputada estadual Dra. Silvana, ao lado do esposo, o deputado federal, Dr. Jaziel, ambos do PL, com Jair Bolsonaro e o deputado federal Capitão Wagner (Pros)
Legenda: Deputada estadual Dra. Silvana, ao lado do esposo, o deputado federal, Dr. Jaziel, ambos do PL, com Jair Bolsonaro e o deputado federal Capitão Wagner (Pros)
Foto: PR

Depois do cerco feito por partidos do Centrão para atrair a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente deve se filiar ao Partido Liberal (PL) no dia 22 de novembro para concorrer à reeleição no ano que vem. A decisão inicia um processo de reestruturação de alianças capaz de mudar o foco da sigla no Ceará, que, regionalmente, aglutina grupos da base do governador Camilo Santana (PT) e parlamentares bolsonaristas. 

"A conta não bate, não tem como o PL agradar o grupo do presidente e do governador", diz o deputado federal Dr. Jaziel que, juntamente com a esposa, a deputada estadual Dra. Silvana, é ex-integrante da base governista e um dos aliados de primeira ordem de Bolsonaro. 

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Ambos foram eleitos em 2018 como integrantes da base de Camilo, mas, diante do fortalecimento do grupo de apoio ao presidente da República no Estado, passaram a adotar discurso de oposição, principalmente em pautas ideológicas. 

No Ceará, o PL também conta com o deputado federal Junior Mano. Ao Diário do Nordeste, não quis comentar a expectativa de mudanças e disse que está aguardando a filiação do presidente e o encontro com a cúpula do partido.

O lado aliado

Em outra ponta, está o presidente estadual do PL e prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves. Próximo a Camilo e com forte influência na Região Metropolitana, Acilon deverá se reunir com o Diretório Nacional do PL na quarta-feira (17). Antes, preferiu não falar sobre as mudanças no partido.

Acilon, Sarto, Roberto Cláudio e Antônio Henrique na Câmara Municipal
Legenda: Acilon esteve recentemente junto ao prefeito Sarto, ex-prefeito Roberto Cláudio e o presidente da Câmara de Fortaleza Antônio Henrique, em um evento no parlamento da Capital
Foto: Felipe Azevedo

Ele é o integrante da sigla mais próximo da base do governador. Na segunda-feira (8), participou de um evento na Câmara Municipal de Fortaleza ao lado do prefeito José Sarto (PDT) e do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). Acilon é pai do também filiado ao PL Bruno Gonçalves, prefeito de Aquiraz, na Região Metropolitana.

Confirmada a entrada de Bolsonaro no PL e às vésperas de um ano eleitoral, aumentarão as pressões por um posicionamento, inclusive porque os aliados de Bolsonaro já se mobilizam por palanque que fortaleça a campanha bolsonarista no Ceará.

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União Brasil 

Partidos com situação semelhante no Ceará são DEM e PSL, que aguardam oficialização da fusão das legendas, que deve dar vida ao União Brasil. No Estado, o DEM é liderado pelo senador atualmente em exercício, Chiquinho Feitosa, ligado à base governista.

Durante sua posse no Senado, como suplente de Tasso Jereissati (PSDB), no início de novembro, Chiquinho foi prestigiado pelas principais lideranças governistas no Ceará, desde o governador Camilo Santana (PT) ao presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT).

Em contrapartida, o PSL é ligado ao grupo do deputado federal e pré-candidato ao Governo, Capitão Wagner (Pros). Com a criação do União Brasil, os candidatos pelo novo grupo em 2022 contarão com ampla estrutura partidária, tempo de rádio e TV e recursos do fundo eleitoral.