Câmara Municipal de Fortaleza aprova congratulações para Luizianne por missão humanitária
O placar final foi de 26 votos favoráveis, 8 votos contrários e 4 abstenções
Os vereadores de Fortaleza aprovaram, nesta quarta-feira (15), um requerimento para envio de moção de congratulações para a deputada federal Luizianne Lins (PT) pela sua participação numa missão humanitária que buscava transportar medicamentos e alimentos para a Faixa de Gaza em embarcações — a iniciativa foi interceptada pelo exército de Israel, que deteve os participantes.
O placar foi de 26 votos favoráveis, 8 votos contrários e 4 abstenções. A matéria foi protocolada pelas vereadoras Mari Lacerda (PT) e Adriana Almeida (PT) e se tornou alvo de novos protestos da bancada de oposição, que apelou para que os membros do Legislativo municipal “se abstivessem ou não votassem” na proposta.
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A vereadora Adriana Gerônimo (Psol) e os vereadores Aglaylson (PT), Adail Júnior (PDT), Dr. Vicente (PT), Gabriel Aguiar (Psol) e Tony Brito (PSD) subscreveram o requerimento. O teor do documento mencionou que a honraria se justifica pela “destacada e corajosa atuação como observadora oficial da Câmara dos Deputados na missão humanitária internacional 'Global Sumud Flotilla'”.
“Ao integrar esta relevante ação, a deputada não apenas representou o parlamento brasileiro, mas também se uniu a vozes de todo o mundo que clamam pela defesa dos direitos humanos, pela paz, pela entrega de ajuda humanitária e pelo imediato cessar-fogo na Faixa de Gaza, levando solidariedade ao povo palestino”, frisou o requerimento.
O texto também buscou parabenizar os demais membros da flotilha — em especial os 12 brasileiros que embarcaram em direção ao território palestino — e saudar “pronta reação das instituições brasileiras, como a Câmara dos Deputados e o Ministério das Relações Exteriores, que se mobilizaram para garantir a segurança e a libertação dos 13 cidadãos brasileiros detidos ilegalmente em águas internacionais”.
Uma proposição semelhante havia sido colocada em votação na terça-feira (14) para demonstrar solidariedade com a política, mas acabou retirada pela autora, Mari Lacerda, para o texto ser alterado. A vice-líder da oposição, Priscila Costa (PL), chegou a acusar a colega de colocar um trecho sem relação com o objetivo do requerimento — um “jabuti”, como são conhecidas manobras do tipo no jargão político — por condenar as forças militares israelenses.
Divergências na apreciação do requerimento
Nesta quarta, mais uma vez, Costa voltou a criticar a matéria. “Queria chamar a atenção dos meus colegas vereadores apenas para como é inadequado e inoportuno nós registrarmos um voto favorável à moção de congratulação da maneira como está”, pontuou a política, indicando um suposto risco na redação e sugerindo a abstenção ou não apreciação pelos colegas de plenário.
O vereador Soldado Noélio (União) reforçou o tom crítico e acusou a petista de cometer uma “hipocrisia”. “Parabéns para a Luizianne, porque o que ela queria, ela atingiu. Ela está disputando um punhado de votos dentro da extrema-esquerda. Só isso que ela queria”, apontou o parlamentar.
Outros opositores, como Bella Carmello (PL) e Julierme Sena (PL), também fizeram falas contrárias ao requerimento — tanto antes da votação quanto depois dela.
Mari Lacerda, por sua vez, saiu em defesa da sua proposta. “Estamos falando aqui de uma deputada federal, que tem uma história nessa cidade, que foi vereadora desta Casa. Qualquer um de vocês, quando chegarem lá no futuro, daqui a 20 ou 30 anos, e tiverem um ato de bravura e coragem, é importante que a Casa reconheça”, argumentou, mencionando atos de reconhecimento endereçado a Luizianne por autoridades e instituições.
Na tribuna da Câmara Municipal, Adriana Almeida leu a redação do que estava sendo votado e indagou aos que faziam oposição: “onde é que vocês estão fazendo essa discussão tão espalhafatosa sobre uma moção de congratulações a uma companheira que participou, inclusive, representando a Câmara Federal para prestar apoio humanitário a um povo?”.
Os vereadores Wander Alencar (Agir), Gabriel Aguiar, Adail Júnior (PDT), Aguiar Toba (PRD) e Bruno Mesquita (PSD) se pronunciaram favoravelmente ao requerimento.
Prisão de Luizianne e retorno ao Brasil
Luzianne foi detida por forças militares israelenses no dia 1º de outubro, quando estava a bordo do Grande Blu, embarcação da frota que tentava furar o bloqueio de Israel ao território palestino transportando alimentação, fórmulas infantis e medicamentos ao povo palestino.
Na ocasião, ao ter sido interceptada em águas internacionais com mais 12 brasileiros, a parlamentar cearense chegou a afirmar, em um vídeo disparado nas redes sociais, que foi “sequestrada” pelos militares. Ela ficou detida por sete dias na prisão de Ketziot, no deserto de Negev.
A parlamentar retornou à Fortaleza no último sábado (11). Ela estava no Brasil desde quinta-feira (9), quando desembarcou em São Paulo, após sair da Jordânia.
De volta ao Ceará, a petista foi recepcionada por centenas de militantes petistas, membros da torcida organizada do Ceará Sporting Club, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e figuras políticas.
Ao desembarcar no Aeroporto Pinto Martins, Luizianne se afirmou como uma “militante radical dos direitos humanos”. “Onde houver injustiça contra qualquer ser humano nessa vida e eu for convocada, eu vou”, afirmou a política à imprensa.