Vereadores aprovam título de cidadão de Fortaleza para herdeiro da família imperial do Brasil
Dom Bertrand esteve pela última vez em Fortaleza em 2018
Com voto contrário do Psol, vereadores de Fortaleza concederam o título de cidadania ao monarquista Dom Bertrand de Orleans e Bragança, "herdeiro" dos antigos imperadores do Brasil. A proposta foi apresentada pelo líder da oposição na Casa, Jorge Pinheiro (PSDB), e apreciada nesta quarta-feira (15), no Plenário.
Ao propor o decreto legislativo, o parlamentar defendeu que Dom Bertrand tem “préstimos dispensados ao Município e ao povo de Fortaleza”, além de “exemplar atuação na vida pública e privada”.
Nascido em 2 de fevereiro de 1941, em Mandelieu, no sul da França, durante o exílio da família imperial, o "herdeiro" é bisneto da princesa lsabel e trineto de Dom Pedro ll, último imperador do Brasil.
Bertrand chegou ao Brasil junto com seus pais e irmãos em 1945, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. A família fixou-se inicialmente no Rio de Janeiro, até que, em 1951, instalou-se na Fazenda São José, no norte do Paraná.
Segundo Jorge Pinheiro, Bertrand “tem contribuindo para a formação do debate público nacional atuando como conferencista”. “É conhecido por defender os princípios da propriedade privada, da livre iniciativa e da subsidiariedade, que delimitam a atuação do Estado, preservando os direitos e as capacidades dos indivíduos”, completou o parlamentar.
Última visita a Fortaleza foi em 2018
Conforme citou Jorge Pinheiro na redação da proposta, Bertrand de Orleans e Bragança esteve diversas vezes em Fortaleza para cumprir agendas de trabalho.
Em 1989, realizou conferências em defesa do movimento monárquico. Dois anos depois, esteve em Fortaleza em duas ocasiões para participar de palestras e para reinaugurar a Praça Dom Pedro ll.
Em 1996, voltou à Capital para mais uma série de eventos e palestras. Ele também participou de compromissos em Fortaleza em 2012, 2013, 2014 e 2015
Em 2018, ele fez sua última visita ao Ceará, quando encontrou autoridades civis e religiosas, além de defensores do regime monárquico, na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). À época, ele também foi agraciado com a Medalha Benfeitor Humanitário da Cruz Vermelha.
“Em todos esses anos, Dom Bertrand nunca deixou de manter intensa correspondência com autoridades, instituições, associações ou grupos de estudo de Fortaleza. A começar pelo Círculo Monárquico do Ceará, uma organização cultural apartidária, que, além de promover a divulgação da causa monárquica, atua na promoção de ações sociais e acadêmicas no Município”, concluiu Jorge Pinheiro.
Na votação desta quarta-feira, os vereadores Gabriel Aguiar (Psol) e Adriana Gerônimo (Psol) votaram contra a matéria, contudo, a proposta foi aprovada pela ampla maioria da Casa.
Vereadores homenageiam padre Júlio Lancellotti
Além do "herdeiro" da antiga família imperial brasileira, os parlamentares também recomendaram a condecoração do padre Júlio Lancellotti com a medalha Dom Helder Câmara. A homenagem, proposta pelo vereador Aglaylson (PT), encontrou mais resistência na Casa e recebeu votos contrários de Jorge Pinheiro, Bella Carmelo (PL), Soldado Noelio (União), Julierme Sena (União), Priscila Costa (PL) e Marcelo Mendes (PL).
O petista argumentou que Lancellotti é um “sacerdote católico, pedagogo e ativista social, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados em defesa dos direitos humanos, da dignidade da pessoa humana e da inclusão social, especialmente junto às populações mais vulneráveis”.
O religioso é coordenador da Pastoral do Povo de Rua e exerce, historicamente, um trabalho de inclusão social, com acolhimento de pessoas em situação de rua, dependentes químicos, idosos abandonados e migrantes. Ele também tem atuação junto à população carcerária.
“Padre Júlio se destaca pela firme defesa de políticas públicas mais humanas, pelo combate ao preconceito e pela promoção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Com sua postura ética e profética, tomou-se exemplo vivo do Evangelho e inspiração para movimentos sociais, lideranças comunitárias, entidades religiosas e cidadãos em todo o Brasil — inclusive em Fortaleza, onde seu trabalho serve de guia e incentivo a iniciativas locais de acolhimento e promoção dos direitos humanos”, concluiu o vereador.