Valor exportado pelo Ceará dobra no início do ano
O resultado foi impactado pelo início das operações da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP)
O comércio exterior do Ceará iniciou o ano exportando o dobro do comercializado em janeiro ano passado. Foram US$ 156,4 milhões em valores de exportação no mês passado ante US$ 77,6 milhões em igual mês de 2016, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Ainda assim, a balança comercial do Estado encerrou o primeiro mês de 2017 em queda, com saldo negativo de US$ 46,8 milhões.
O volume exportado foi fortemente impactado pelo início da comercialização das placas de aço da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) que, juntamente com outros produtos da categoria "semimanufaturados, de ferro ou aços, não ligados, contendo em peso menor que 0,25% de carbono, de seção transversal retangulares" movimentaram US$ 59,8 milhões somente em janeiro, o equivalente a 38,24% do total.
Superávit
A professora Mônica Luz, coordenadora do Núcleo de Práticas em Comércio Exterior (Nupex) da Universidade de Fortaleza (Unifor), avalia que a balança comercial cearense só não apresentou um resultado superavitário em 2016 porque as exportações das placas de aço foram iniciadas somente em agosto. "Com a conclusão das obras da Siderúrgica, tivemos ainda um grande investimento que veio do exterior", pontua.
Levando em conta as importações, que somaram US$ 203,2 milhões em janeiro, entre os principais itens adquiridos estão insumos para o setor produtivo, como a hulha betuminosa (tipo de carvão mineral com betume). O produto movimentou US$ 76 milhões, mais de quatro vezes o importado em igual mês do ano passado, e representou a maior participação das importações do Ceará no período, com 37,4% do total.
Para Mônica, o resultado superavitário tende a ser observado na balança comercial deste ano. "Além do carvão, também foram importados em 2016 máquinas e equipamentos que pesaram na balança comercial. Apesar de as placas terem sido o produto mais exportado, não foi um volume suficiente para equilibrar a balança, foi muito sutil perto do que é esperado. Devemos perceber volumes maiores em 2017", avalia.
Recessão
Outro destaque dos números do comércio exterior de janeiro diz respeito à redução tanto do número de países destinos das exportações cearenses, quanto das origens das importações. Em comparação a janeiro de 2016, o Estado deixou de exportar para 62 países, caindo de 152 destinações para 90 em um ano; e de importar de 24, recuando de 91 países para 67 em igual intervalo de tempo.
De acordo com a coordenadora do Nupex, essa redução está baseada na instabilidade política e econômica vivida no País. "Não exportamos a muitos países porque, com essa recessão, as empresas exportadoras também tiveram que se adequar. Outras também se utilizam de matéria prima importada e, com a alta do dólar, tiveram que reduzir as importações. Uma situação complicada tanto para a importação como para a exportação", explica.
Destaques
Também se destacaram nas exportações de janeiro a comercialização de gás natural liquefeito (US$ 21,1 milhões, 13,54% do total); calçados de borracha ou plástico, com parte superior em tiras ou correias (US$ 11,4 milhões, 7,29%); castanha de caju, fresca ou seca, sem casca (US$ 8,6 milhões, 5,50%); e outros calçados de borracha ou plástico (US$ 6,9 milhões, 4,42%).
Entre os mais importados pelo Ceará no mês, estão outros trigos e misturas de trigo com centeio, exceto para semeadura (US$ 17,6 milhões, 8,66% do total); outros óleos de dendê, mesmo refinados, mas não quimicamente modificados (US$ 6,972.832, 3,42); milho, exceto para semeadura (US$ 6,03 milhões, 2,97%) e inseticidas (US$ 4,7 milhões, 2,31%).
Tendência
O resultado de janeiro segue uma tendência que vem sendo registrada ao longo dos últimos oito anos no Estado. A última vez em que a balança comercial cearense apresentou superávit para o mês foi em 2009, quando registrou um saldo positivo de US$ 2,4 milhões, resultado de US$ 83,9 milhões exportados e US$ 81,5 milhões importados, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em relação a janeiro de 2016, o déficit também dobrou, passando de R$ 22,7 milhões para R$ 46,8 milhões.