Setor de construção está otimista, mas cresce preocupação com matéria-prima, diz CNI
Depois de insumos, o problema mais apontado por empresários no terceiro trimestre foi a carga tributária, indicada por 28,2% das empresas
Os empresários da construção civil no Brasil continuam confiantes na retomada do setor, mas o otimismo agora está estável, após uma sequência de altas desde o mês de maio. O patamar ainda é inferior ao observado antes da pandemia.
Entre os fatores positivos para o segmento, sondagem da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta quarta (28) aponta para a alta da utilização da capacidade instalada, o avanço no nível de atividade e o índice de evolução do emprego, que em setembro teve a maior alta em oito anos.
Do lado oposto, cresceu a importância de problemas como escassez ou alto custo de matéria-prima. No terceiro trimestre, a dificuldade com prazos e preços passou a ser o maior problema do setor para 39,2% das empresas -no trimestre anterior, a questão aparecia em 11º lugar, apontada como problema mais importante por apenas 9,5% das indústrias da construção.
Depois de insumos, o problema mais apontado por empresários no terceiro trimestre foi a carga tributária, indicada por 28,2% das empresas (no segundo trimestre, era 31,8%). Na comparação entre os dois trimestres, além das dificuldades com os insumos, cresceu o número de empresas que relatam falta ou alto custo de trabalhador qualificado: de 6%, subiu para 10,1%.
A sondagem da CNI considera que o nível de atividade e o número de empregados apontam para a manutenção do ritmo de recuperação da construção civil em setembro.
O índice de evolução do nível de atividade, por exemplo, chegou a 51,2, de uma escala que vai de zero a 100. Em agosto, estava em 51,4. Apesar da queda, a CNI considera positivo que o índice se mantenha acima de 50 -um ano antes, em setembro de 2019, o nível de atividade estava em 49,5 pontos.
O mês de setembro também foi bom para a redução da ociosidade no setor. A utilização média da capacidade instalada cresceu dois pontos ante agosto e chegou a 62%, empatando com o índice de setembro de 2019. No emprego, o índice cresceu 0,6 ponto e foi a 50,1 -o maior desde abril de 2012, quando chegou a 51 pontos. Para a CNI, o resultado confirma o bom momento do emprego no setor.
O indicador relacionado ao mercado de trabalho foi o único que não teve queda em relação às expectativas das empresas do setor para o mês de outubro -passou de 54,1 pontos para 55. Na compra de insumos e matérias-primas, caiu de 55,6 para 54,2.
Para a CNI, no entanto, as expectativas continuam otimistas, uma vez que todos os indicadores seguem acima de 50 pontos. Esse otimismo, porém, não chegou à intenção de investir na construção.
Para o mês de outubro, o indicador ficou em 40,9 pontos, uma queda de 3,5 pontos ante setembro, interrompendo quatro meses de alta. A média histórica desse indicador é 34,3 pontos.