Reoneração do diesel deve ser retomada em 2024? Veja o que dizem especialistas

Caso os impostos deixem de ser desonerados, preços do transporte de passageiros e de cargas seria duramente afetado. Mais pobres seriam mais impactados

Escrito por Redação ,
Legenda: Economista pontua que uma reoneração de PIS e Cofins sobre o diesel “impactaria em cheio o consumo das famílias”
Foto: José Leomar

O governo federal anunciou na última semana a reoneração de impostos sobre a gasolina e o etanol, porém manteve a desoneração de tributos sobre o diesel até 31 de dezembro deste ano. Apesar de ter vigência só até o fim de 2023, especialistas acreditam que uma nova incidência sobre o combustível não deve ocorrer em 2024, visto o impacto de uma provável elevação no preço do diesel em basicamente todos os produtos consumidos no País.

Isso porque o transporte rodoviário é responsável pela distribuição de cerca de 65% das cargas brasileiras, de acordo com boletim o Observatório Nacional de Transporte e Logística, sendo o diesel o combustível que viabiliza essa movimentação.

Assim, quando há uma alta nos preços do diesel, aumenta o custo de frete, que é repassado para o consumidor final no preço do produto que ele está comprando.

Para exemplificar essa situação, basta lembrar da greve dos caminhoneiros, em 2018, quando esses profissionais fizeram uma paralisação que resultou em desabastecimento de alimentos e outros produtos de primeira necessidade, fazendo os preços dispararem em função da lei da oferta e da procura e gerando uma corrida aos supermercados.

A causa principal da greve, que teve duração de 10 dias, foi justamente a disparada do preço do diesel na esteira da política de paridade de importação da Petrobras. Para o consultor na área de Petróleo e Gás Bruno Iughetti, é difícil que essa reoneração ocorra em 2024, justamente por causa dos efeitos devastadores que essa majoração teria na economia.

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“É evidente que haverá sempre uma grande vantagem em se manter a desoneração porque o diesel é o alimentador de toda a cadeia de logística que existe, move por meio de transporte o agronegócio, então seria muito temerário qualquer tentativa de reonerar”, avalia Bruno Iughetti.

Ele reforça que toda a cadeia produtiva depende do diesel para se movimentar. “Se a partir de primeiro de janeiro de 2024 não houver a renovação da desoneração, as consequências no índice de inflação brasileiro serão marcantes, porque afetaria todos os segmentos industriais”, diz o consultor.

Em junho de 2018, sofrendo os efeitos das paralisações de caminhoneiros, a inflação do País chegou a 1,26% - a maior para um mês de junho desde 1995, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) havia registrado índice de 2,26%.

Mais pobres são os mais afetados

Bruno Iughetti lembra que as classes B e C são mais duramente impactadas com a elevação no preço do diesel, sobretudo considerando que os alimentos o peso desses produtos na inflação para os mais pobres, que é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Acredito que o governo saberá administrar essa questão (da desoneração do diesel) de uma maneira muito responsável porque, como mencionamos, caso o diesel seja reonerado, as consequências para a população em geral serão fortemente sentidas e com isso os índices de inflação tendem a disparar"
Bruno Iughetti
Consultor na área de Petróleo e Gás

O economista e coordenador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, também pontua que uma reoneração de PIS e Cofins sobre o diesel “impactaria em cheio o consumo das famílias”. “Porque as mercadorias rodam em cima de caminhões, basicamente, e eles se utilizam de óleo diesel. O rebatimento seria muito grande. A gente costuma dizer que o diesel é um produto estratégico, porque ele entra em várias cadeias”.

“A cesta básica é transportada por caminhões que usam diesel, então uma mexida nesse produto teria impacto importante sobre esses alimentos”, afirma o economista.

 

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