Rebanho de ovinos no Ceará aumenta em 77 mil cabeças e é um dos cinco maiores do País
Estado é o terceiro maior criador na região Nordeste.
O Ceará é o quarto estado do Brasil na produção de ovinos (carneiros, ovelhas e cordeiros), com mais de 6,2 milhões de cabeças. A cidade destaque dessa produção é Tauá, com 212.758 animais, majoritariamente utilizados para corte (produção de carne).
Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2024. Se compararmos com o rebanho de ovinos apontado pelo mesmo estudo em 2023, o Estado aumentou cerca de 77 mil cabeças.
No Nordeste, o Ceará está em terceiro lugar, ficando atrás da Bahia e de Pernambuco, respectivamente. No ranking brasileiro, a região Nordeste é a maior produtora desses animais para abate. Ao todo são mais de 16 milhões de cabeças. A segunda região é a Sul, com pouco mais de 3,8 milhões.
Quando olhamos para o ranking dos 10 maiores produtores do Brasil, seis são do Nordeste, tendo a Bahia como o grande produtor de ovinos, com mais de 5 milhões de cabeças.
Os 10 estados com maior rebanho no Brasil
- Bahia: 5.140.794
- Pernambuco: 3.940.562
- Rio Grande do Sul: 2.975.221
- Ceará: 2.620.403
- Piauí: 1.848.381
- Paraíba: 842.035
- Rio Grande do Norte: 792.256
- Paraná: 497.026
- Mato Grosso: 360.838
- Santa Catarina: 349.499
Fonte: IBGE/SIDRA/PPM
Elaboração: SDE/SecexAGRO
Ranking da região Nordeste
- Bahia: 5.140.794
- Pernambuco: 3.940.562
- Ceará: 2.620.403
- Piauí: 1.848.381
- Paraíba: 842.035
- Rio Grande do Norte: 792.256
- Maranhão: 347.511
- Alagoas: 327.558
- Sergipe: 214.227
Fonte: IBGE/SIDRA/PPM
Elaboração: SDE/SecexAGRO
Potencial do estado está no Sertão
Para o secretário Executivo do Agronegócio da SDE, Sílvio Carlos Ribeiro, a atividade de ovinocultura, juntamente com a de caprinocultura (cabras), tem enorme potencial para se desenvolver no Ceará, especialmente no Sertão. Ele cita como principais produtos da cadeia de produção, além da carne, o leite e derivados, além do couro e pele.
Porém, apesar do potencial, Ribeiro afirma que o setor "carece de desenvolvimento tecnológico com foco na melhoria dos produtos ofertados e na organização da produção, visando um crescimento sustentável".
O executivo aponta como exemplos de ações a implementação de ações como capacitação de técnicos e produtores, uso de forrageiras adaptadas ao semiárido e melhoria genética dos animais.
"Assim, consequentemente teremos melhoria das práticas de produção, regularização de unidades de produção de carne e leite, melhorando a competitividade e fortalecendo a economia do Estado", comenta.
Veja também
Mercado muçulmano é oportunidade de aumento de produção
Além do mercado demandante de carnes de qualidade no Ceará e no País, o Estado está construindo uma oportunidade de mercado para exportação de carnes de ovinos e caprinos para o mundo árabe.
Para isso, Governo do Estado está realizando estudo de viabilidade técnico-financeiro para a implantação de um moderno frigorífico especializado. A ação é uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) e o Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec).
Naquela região, conforme Ribeiro, há mais de 2 bilhões de pessoas que consomem cerca de US$ 1,3 bilhão em alimentos anualmente, com o selo Halal - que certifica uma produção realizada dentro do que é permitido pela religião muçulmana.
Veja a lista dos 10 municípios com maior rebanho do Ceará
- Tauá: 212.758
- Independência: 131.686
- Morada Nova: 84.273
- Aiuaba: 79.367
- Crateús: 77.064
- Jaguaretama: 62.028
- Jaguaribe: 61.888
- Parambu: 58.834
- Quixeramobim: 55.481
- Quixadá: 51.425
Fonte: IBGE/SIDRA/PPM
Elaboração: SDE/SecexAGRO
Ranking por região do CE
- Vale do Jaguaribe: 432.781
- Sertão do Inhamuns: 427.682
- Sertão dos Crateús: 419.693
- Sertão Central: 344.819
- Cariri: 209.629
- Centro Sul: 169.036
- Sertão de Canindé: 125.110
- Litoral Oeste/Vale do Curu: 105.547
- Sertão de Sobral: 104.047
- Litoral Leste: 97.087
- Total geral do estado: 2.620.403
Fonte: IBGE/SIDRA/PPM
Elaboração: SDE/SecexAGRO
Estado importa carne de ovino para consumo
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, explica que, mesmo sendo um dos cinco estados que mais produz ovinos para abate, o Ceará ainda precisa importar carne para o seu consumo interno.
"E isso é muito ruim. O Ceará tem uma tradição enorme de ovinocaprinocultura, inclusive as raças predominantes de ovinos nasceram no Ceará. Então, para a nossa economia, a atividade é de extrema importância, mas o nosso problema é que a cadeia produtiva não é organizada", reflete.
Ele pondera que a produção estadual necessita de confinadores e de frigoríficos que comprem os animais. "Porque, se não for o pequeno frigorífico, ou na cidade a gente ir ao supermercado comprar um pouco de carne, nós não temos uma cadeia produtiva organizada", completa.
Amílcar reforça que a região do Sertão de Inhamuns é hostil em relação ao clima para diversas produções, mas que ovinos e caprinos são adaptados a essas condições. "As pessoas começaram a ter esses animais como uma alternativa de alimento e produção. Por isso, acredito que lá possa ser ampliada essa cultura", diz.